' Cap 47 - nossos momentos.

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Nosso almoço chegou e comemos no quarto mesmo.
Ficamos a tarde toda de chameguinho na cama. Estávamos assistindo um filme e acabamos pegando no sono.

Acordo com o a vibração do meu telefone sobre o colchão.

[Número desconhecido]

Ao ver na tela do telefone a informação, passa um filme rápido na minha cabeça sobre o que aconteceu a última vez que recebemos uma mensagem de um número desconhecido.

Penso se deveria atender...

- Lu, você não vai atender? - Valentina pergunta ao despertar do sono também.

- não sei! - respondo pensativa.

- porque? - ela pergunta.

- sei lá, não tô com um bom pressentimento.

- você quer que eu atenda? - ela pergunta e estica o braço pra que eu lhe dê o telefone.

Êxito um pouco, mas entrego o telefone a ela.

Ligação

- Alô! - ela fala.

- ...

- não senhor, não é a Bernardinha!

Quando Valentina fala esse nome, meu coração dispara; eu começo a tremer.

- meu pai! - falo em tom baixo e ansioso. Minha mão começa a tremer na hora, meu coração palpita agitado.

Valentina não entende.

- que?! - ela pergunta tapando o microfone do aparelho.

- só meu pai me chama assim!

Lembro que quando eu era criança, e meus pais ainda eram pais, ele me chamava de Bernardinha por uma referência a minha avó, mãe dele que se chamava Bernarda, que também foi da onde surgiu a inspiração pro nosso sobrenome Bernardi.

- você vai falar com ele? - Valentina pergunta.

Aceno com cabeça em sinal negativo; eu não sei qual será minha reação ao ouvir a voz do meu pai novamente depois de quase oito anos, e lembrar que a última vez que ouvi foram palavras de ofensas e humilhação.

- eu não quero! Eu não quero... - falo nervosa e me tranco no closet.

Não sei o que esperar do meu pai. Não sei o que ele pode querer de mim assim do nada. Não sei se ele mudou, não sei se voltou a ser o pai que eu tive na minha infância; não sei de nada...

- boa tarde, o senhor deseja falar com quem? - ouço Valentina falar ao telefone.

- ...

- olha, a Luiza não se encontra no momento não, gostaria de deixar algum recado? - ela pergunta.

- ...

- tudo bem, vou pedir pra ela retornar. Obrigada. Boa tarde!

Ela desliga o telefone.
Logo em seguida ouço ela bater na porta do closet.

- Lu, abre aqui. - ela pede.

Demoro um pouco, mas vou e abro, e retorno pro puff onde estava sentada.
Ela entra.

- Lu, porque essa reação? - ela pergunta em tom preocupado.

- eu não quero falar disso... - respondo.

- conversa comigo, divide esse sentimento que tá te consumindo aí... - ela senta ao meu lado, com dificuldade mas senta.

- Valentina, falar sobre meus pais ataca minha ansiedade.
A última lembrança que m tenho deles foi do pior dia da minha vida, e eles como meus pais deveriam ter me apoiado, mas eles só pioraram tudo. Eu não tenho que falar com eles... no momento que eu mais precisei deles eles me jogaram no mundo e desapareceram...

Por trás das câmeras - VALUOnde histórias criam vida. Descubra agora