' Cap 39 - to contigo.

4.5K 266 83
                                    

Após eu alimentar essa criança aqui, ficamos mais algumas horas conversando coisas aleatórias.
Relembrando alguns dos nossos não tantos, mas intensos momentos.

O clima tá leve, tá gostoso entre nós. 
Foi um dia bom, tranquilo, divertido, rimos, brincamos, conversamos; trocamos informações sobre nós mesmos que ainda não conhecíamos uma da outra.

- pode entrar! - ouça Valentina dizer ao ouvir batidas na porta, sem eu ouvir, já estava quase dormindo nos braços dela.

- boa tarde filha! - sr. Pedro entra no quarto.

Me assusto e me afasto dela.

- calma Lu, é meu pai. - ela diz gargalhando.

- eu sei. - respondo recuperando o fôlego.

- você deve ser a Luiza né? - sr. Pedro se aproxima e me estende a mão- prazer, Pedro.

- O... Oi... sou eu sim! Prazer! - retribuo o cumprimento mesmo gaguejando.

Confesso que fiquei nervosa ao conhecê-lo, não foi assim com dna. Loudes, talvez por saber que ele era completamente encantado com o Rodrigo, tenha me causado esse nervosismo.

- não precisa ficar nervosa, eu já sei de tudo entre vocês.  - ele diz e vai dá um beijo na testa de Valentina.

- pai, ela não é mais linda ainda pessoalmente, fala aí!

Valentina diz me deixando mais sem graça ainda.

- sim filha, ela é. Eu falei pra sua mãe que você puxou o bom gosto dela, porque modéstia parte, olha aqui! - ele diz levantando as mãos e dando uma voltinha com o corpo.

Sorrio com a cena de pai e filha. E entendo que Valentina puxou a teimosia da mãe e o "convencimento" do pai. Gosto de saber que ela tem essa base familiar, ela merece.

- então Luiza, me fala um pouco de você... - sr. Pedro pede.

Antes que eu comece a falar Valentina me corta.

- pai, hospital não é lugar pra isso né?!

- é, tem razão. Mas já que vocês estão juntas, vamos marcar um churrasco em família né, nós aqui, você e seus pais... você tem irmãos? - sr. Pedro ativa um gatilho meu.

- pai, por favor! - Valentina repreende o assunto.

- sim, claro! - respondo sem graça.

Como que eu vou dizer pro meu sogro que meus pais me odeiam? Ele é pai também, óbvio que vai ficar do lado dos pais e vai achar que a errada da história sou eu.

Valentina percebe meu mal estar.
E me olha como quem me pede desculpa pelo assunto abordado pelo pai dela; mas na real ninguém tem culpa de nada, a não ser eu.

- eu vou lá fora fazer uma ligação de urgência tá bom, já volto! - falo apressada ja saindo do quarto.

Eu precisava respirar um pouco; eu fico com meu coração aquecido, grato e imensamente feliz por Valentina não precisar passar com os pais dela o que eu passei com os meus quando me assumi, ainda mais quando a primeira relação dela com uma mulher é comigo. Eu sempre quis que ela me assumisse, mas tinha um pouco de receio da reação dos pais dela, não queria vê-la sofrer o que eu sofri, graças a Deus deu tudo certo.
Mas ver a relação dela com os pais deu uma "dorzinha" no meu coração não por ela, mas por mim, porque tudo que eu sempre quis era esse acolhimento e parceiria dos meus pais, mas tudo aconteceu ao contrário, hoje eu não sei nem o paradeiro deles. Nem sei se ainda lembram de mim; eu aprendi a ser sozinha, mas ainda sinto a falta do que eles foram na minha infância.

Por trás das câmeras - VALUOnde histórias criam vida. Descubra agora