Profecia - MORRO

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                            𝗚𝗶𝘂𝗹𝗶𝗮 🎀

Encostei minha cabeça no banco de couro sentindo as contrações aumentarem cada vez mais, fechei meus olhos e fiquei escutando o rádio no fundo enquanto o Lucas conversava com os vapores que estavam de moto atrás do carro.

Segurei a mão da Maju quando a dor vinha, fechando os meus olhos sentindo eles lacrimejarem.

- Lucas sai dessa avenida, vai ter um transito do caralho.

- Só se eu passar por cima de geral, eu tô de carro, não de helicoptero sabia?

- Quanto amor vocês. - Falei rindo fraco até que comecei a sentir as dores novamente. - Puta merda.

- Esse porra não sai da minha frente, vou cortar pelo bairro aqui.

- Vai demorar muito pra chegar?

- Depende pô, se esse zé buceta resolver sair da minha frente. - Ele falou ligando a seta e ultrapassando o carro na nossa frente - Olha isso, um velho desses dirigindo, tá em decomposição já.

- Respeito pelos mais velhos você enfiou no cu né?

- A culpa é minha que o cara parece que tava de molho no formol? - Ele deu uma pausa olhando pra Maju indignado. - Tu implica demais comigo, só porque eu não te quis.

- Coitado de você, não me superou até hoje.

- Eu sou um cara que presta, mas você merecia seu karma, ta ligada? Sempre foi filha da puta com geral, aí eu como sou um cara de alma boa, fiz a minha propria lei do retorno.

- Cala a boca e dirige Lucas, fuma maconha estragada e fica falando merda.

- Desculpa se eu te magoei vida, mas o universo falou comigo.

- Tu viaja demais, vai começar a ler carta de tarot também? - Ela parou de falar e me olhou quanto eu soltei um grito. - Meu deus amiga, tu ta bem?

- Tô, era só pra vocês calarem a boca, falam pra porra.

- Vagabunda, não me assusta desse jeito.

Continuei sentindo as dores indo e voltando durante o caminho inteiro, até que senti o carro parar e abri meus olhos, vendo a maternidade onde agendamos pro Victor nascer.

A porta do carro foi aberta e com o apoio dos dois eu consegui sair. Eles me guiaram até a recepção e logo uma enfermeira veio andando até nós.

- Tudo bem mamãe? Acha que consegue andar? - Ela me perguntou enquanto me olhava sorrindo. - Se você for se sentir mais confortavel, pode ir de cadeira de rodas enquanto fazem sua ficha, Giulia né?

- Isso, pode ser a cadeira de rodas sim.

- Lembro de você, sua obstetra é a doutora Laís, certo?

- Ela mesma, eu vim aqui semana passada pra marcar o parto.

- Acho que seu bebê vai ser apressado e vir antes da data. - Ela me falou rindo e logo trouxeram a cadeira de rodas. Me sentei sentindo um pouco da dor ainda presente. - Vou te levar pra sala de triagem, quem vai te acompanhar?

- Eu vou com ela, Lucas vai fazendo a ficha dela.

- Passa só o seu nome e o rg ali na recepção por favor, tenho que colocar o adesivo.

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Fazem dez minutos que tô no quarto depois de medirem minha pressão e fazerem alguns exames, mediram a minha dilatação também e eu tô com três centimetros.

As dores continuam em um intervalo um pouco maior agora, e eu tô conseguindo ficar em pé, as enfermeiras trouxeram aquelas bolas pra eu fazer exercicio e ajudar na dilatação, mas eu não quero fazer nada sem o Igor aqui, eu não me sinto segura sem a presença do pai do meu filho.