Capítulo 11

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Quando acordei, já era o dia seguinte e a Jullie estava no quarto.

Jullie: Oi dorminhoca.

Eu: O que está fazendo aqui?

Jullie: A Nathalia me ligou. Ela disse que não queria que chamasse a Natalie. Você está anêmica, e muito anêmica, desidratada também e não dorme mais que 3 horas por noite e está pegando plantão. Você não pode entrar numa sala de cirurgia dessa maneira Priscilla.

Eu: Vai julgar minhas habilidades médicas também Jullie? Eu estou bem eu já falei me sentei na cama super nervosa.

Jullie: Não estou julgando sua habilidade, mas a sua capacidade psicológica de abrir um paciente nesse estado. Se você mata alguém, você não vai se perdoar e você não vai poder salvar o mundo em um só dia Priscilla. Você perdeu seus filhos, seus dois filhos e está sofrendo. Você deixou sua casa, e está prestes a se mudar daquela casa que você e sua mulher que sempre amou. Eu: Chega Jullie – já chorava.

Jullie: Você não está bem Priscilla e precisa reconhecer que precisa de ajuda. – ela se aproximou e sentou na cama e pegou na minha mão moderando o tom de voz – Eu vou com você na terapeuta, eu e o Khalil vamos ajudar você e a Natalie em tudo que você precisar. A gente ama vocês, e precisam se cuidar. Você está negligenciando sua saúde Priscilla, e você não vai aguentar dessa maneira. Deixa a gente ajudar? ela me abraçou e eu chorei copiosamente. Ela me levou pra casa, eu já tinha pedido na farmácia do hospital os remédios que a Diorio tinha me passado. Quando cheguei em casa a Natalie assustou.

Nat: Oi amor... Jullie? Está tudo bem?

Jullie: Oi Nat... Ela estava internada, não se sentiu bem numa cirurgia, está anêmica, estava desidratada, cansada, dormindo pouquíssimo. Ela já foi medicada, tratada, vai tomar alguns remédios para tratar a anemia, a insônia e o rebaixamento de humor. Ela vai ficar fora das cirurgias até se adaptar aos remédios e amanhã tem terapia. Eu marquei com uma amiga minha, doutora Silvie Carter, ela é incrível, muito sensível, especialista em luto materno e vocês duas podem ir juntas se quiserem. É amanhã as 10 da manhã.

Nat: Amor... me abraçou – Porque não me ligou? Eu achei que você estava de plantão, porque ninguém me ligou?

Eu: Eu não quis preocupar você. Já tem muita coisa acontecendo e eu estou bem. Jullie obrigada por tudo – a abracei – Eu vou amanhã na terapeuta.

Nat: Eu vou junto. A gente precisa disso. Obrigada Jullie.

Jullie: Qualquer coisa me liguem.

Nat: Obrigada. ela foi embora.

Eu: Eu vou subir, preciso de um banho.

Nat: Vou fazer alguma coisa pra comer.

Eu: Eu já comi no hospital obrigada. subi tomei um banho tomei meus remédios e deitei. Eu chorei copiosamente.
Nat: Fiz um chá e tem um pedaço de bolo de laranja...

Eu: Obrigada.

Nat: Devia ter me ligado Priscilla.

Eu: Natalie por favor, eu não quero brigar, eu não quero falar disso e eu tenho certeza que a Nathalia me drogou. Eu estou um caco eu preciso descansar.

Nat: Amanhã vou na terapeuta com você.

Eu: Não precisa amor.

Nat: Precisa... A gente não está bem Priscilla, a gente precisa de ajuda, não estamos dando conta.

Eu: Tá bom... Eu preciso dormir... eu dormi rapidamente. Nem tomei o chá que ela levou pra mim. Acordei de manhã com dor de cabeça e com tontura, tomei um banho tomei café me troquei. Natalie fez o mesmo e fomos para a terapeuta. 

Silvie: Sentem-se... Fiquem a vontade. Temos uma hora e meia... Eu já tenho um pouco da historia de vocês e quero dizer que eu sinto muito pela tragédia que acometeu a vida de vocês. É uma dor inimaginável sem dúvidas. Me digam com toda sinceridade do mundo, como vocês se sentem agora?

Eu: Destroçada.

Nat: Como se meu ar tivesse acabado. Nunca passa. Eu fico esperando os dois aparecerem a qualquer momento pulando na nossa cama querendo que a gente se levante pra fazer waffles, pra fazer panqueca, leite com chocolate. Querendo discutir sobre beisebol, sobre as frutas, as arvores, sobre os animais. E não tem mais isso.

Eu: Não tem mais os pedidos para comprar um dinossauro novo e um robô que eu nunca ouvi falar e horas falando sobre eles e a gente sem entender nada, mas os olhinhos brilhando de tamanha empolgação.

Nat: Quando os levamos ao museu da NASA, no parque dos dinossauros, no parque dos robôs, eles enlouqueceram de alegria.

Eu: Fico feliz de saber que a gente proporcionou isso a eles – solucei – Antes de serem tirados de nós.

Silvie: Como vocês tem dormido?

Nat: Eu tenho esgotado meu dia, minha mente e assim eu consigo desligar e dormir. Mas eu já tomava antes um remédio para dormir. Bem fraco, só para ajudar mesmo, mas tem sido suficiente.

Eu: Eu agora tomo um controlador de humor e um remédio pra dormir. Eu tenho passado mal, estou anêmica também, e vou me afastar das cirurgias até me adaptar aos remédios e voltar.

Silvie: A dor de vocês é muito grande. Não tem como dimensionar essa perda que tiveram, mas não podem negligenciar vocês duas. É difícil pensar dessa forma, mas a vida continua. Vocês duas são um casal que se amam, que tem empregos de grande responsabilidade. Você Priscilla é uma grande neurocirurgiã, chefe de departamento. Tem vidas nas suas mãos todos os dias. E você Natalie é CEO numa empresa aérea uma das maiores do mundo e milhares de vidas passam pelos aviões da empresa todos os anos. A dor nos incapacita muitas vezes, mas quando ela nos paralisa, ela pode nos fazer errar se não tivermos foco. Isso a longo prazo vai afetar a relação de vocês como casal. – foi uma conversa muito boa, cheia de sentimentos, cheia de verdades.

Eu: Vamos tomar um café no Starbucks aqui perto?

Nat: Vamos sorriu de leve. Fomos até lá fizemos o pedido e sentamos em uma mesa.

Eu: A gente não vem aqui faz tempo né?

Nat: É. Deve ter uns 4 meses. Seus plantões, a transição na empresa, a gente ficou sem tempo.

Eu: É verdade. Precisamos ter mais tempo pra gente.

Nat: Sim... – tomamos nosso café falando do apartamento e da mudança. Estávamos tentando voltar nossa vida ao normal, mas não estávamos conseguindo. Nossa vida nunca mais vai voltar ao normal. 

PARTES DE NÓSOnde histórias criam vida. Descubra agora