Capítulo 15

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Eu chorei ali sozinha, eu estava angustiada, desesperada. Fiquei cerca de meia hora ali. Logo eu fui pra casa, devagar, pensando em tudo e em nada ao mesmo tempo. Cheguei no meu prédio o porteiro era o senhor Claus, ele era um senhor de uns 70 anos. Eu gostava dele, muito sábio.

Eu: Boa noite senhor Claus.

Claus: Boa noite Dona Priscilla. – sorriu. – Está tristinha. eu me sentei no sofá que tinha ali e ele sentou na poltrona.

Eu: Está difícil superar a perda dos meus filhos, problemas no trabalho, problemas com medicações. Minha vida está caótica senhor Claus – suspirei.

Claus: Olha menina... Você perdeu o seu maior tesouro a tão pouco tempo, a dor é grande e não vai se curar assim de um dia para o outro, de um mês para o outro. Sinta sua dor, chora, grita, coloca pra fora. Você tem um grande papel nesse mundo, é uma grande médica, salva tantas vidas, não pode colocar em risco a vida das pessoas. Então precisa colocar pra fora tudo que sente e depois respirar fundo e seguir. Um dia de cada vez. Vou te contar uma coisa... A Chandra não é minha primeira esposa. Eu e ela nos casamos a 10 anos. Não temos filhos juntos, mas os filhos dela são como meus filhos. A minha primeira esposa eu fui casado com ela por 25 anos e ela e meus 3 filhos morreram num acidente aéreo a 15 anos. Eu achei que eu nunca mais iria viver de novo que eu nunca mais ia voltar a respirar de novo que minha vida tinha acabado, porque metade dela se foi naquele acidente. Foi duro me refazer, mas eu aos poucos fui voltando a viver, entre choros, gritos, desesperos porque as vezes dá desespero de saber que eles nunca mais voltarão e eu sinto isso até hoje, 15 anos depois. Mas a gente sobrevive, a dor vira uma saudade menos dolorosa e assim vamos vivendo. Aqui perto tem uma igreja católica, que tem um grupo de apoio a pais enlutados, é toda quarta feira as 8 da noite, se sentir vontade de aparecer por lá. Não é obrigada a falar nada, se quiser só ouvir as histórias, está tudo bem quando senti vontade você fala. Mas me ajudou muito na época e existe até hoje e pode te ajudar também. A Igreja é aqui no final da rua.

Eu: Obrigada Senhor Claus... Obrigada por tudo isso sorri.

Claus: Por nada menina. Fique bem.

Eu: Vou tentar. – eu entrei no elevador, digitei a senha e subi. Natalie já estava dormindo ou pelo menos fingindo. Eu resolvi não acordar. Eu escovei os dentes, me troquei e deitei. Não conseguia dormir então tomei meus remédios e apaguei. Acordei por volta de 8 da manhã. Eu entrava as nove no hospital. Natalie já tinha acordado. Eu levantei tomei um banho, me troquei peguei minha bolsa, peguei dois jalecos e desci. – Bom Dia Jenny.

Jenny: Bom dia dona Priscilla.

Eu: A Natalie está no escritório dela?

Jenny: Não. Ela saiu. Foi fazer compras.

Eu: Cedo assim?

Jenny: Sim. Ela tem reunião as 10.

Eu: Ah tá. – tomei café. – Estou indo para o hospital.

Jenny: Está de plantão hoje?

Eu: Não. Hoje vou das 9 as 21. Estou indo. Até mais Jenny bom dia.

Jenny:Bom dia e bom trabalho dona Priscilla, vai com Deus. eu desci fui para ocarro e fui para o hospital. 

PARTES DE NÓSOnde histórias criam vida. Descubra agora