Capítulo 30

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Eu ainda tinha 12 horas de plantão dormi por 4 horas durante a madrugada quando fui chamada. – Qual o caso?

XX: Trauma 3 doutora. – fui até lá.

Eu: O que houve?

XX: Louise Ferberman, diagnostico de ELA em avanço rápido. Teve duas convulsões e desmaiou. Pressão estava alta quando foi resgatada em casa, mas estabilizou agora.

Eu: Ela ainda fala?

XX: Sim doutora.

Eu: Louise... Pode me ouvir? – ela me olhou. – A gente vai cuidar de você tudo bem. – ela pegou no meu braço e apertou de leve. A levaram para os exames, eu a mediquei, o caso dela não era cirúrgico. Eu testei uma medicação nova nela, seria melhor do que o que ela estava tomando. Ela se sentiria melhor em breve.

XXX: Com licença...

Eu: Pois não?

XXX: Mariene Luther, assistente social. Eu estou cuidando das filhas da senhora Ferberman. Ela já acordou?

Eu: Não. Ela está cansada, a mediquei agora. Ela deve dormir algumas horas.

XXX: Ok. As meninas vão para um abrigo comigo, elas ficarão bem.

Eu: Elas não tem um familiar para cuidarem delas?

XXX: Sim e não. – suspirou – Elas só tem a mãe e estão perdendo-a aos poucos. Elas tem uma tia que é um horror que nem dá para chamar de ser humano. Eu cuido do caso delas a cerca de 1 ano. – saímos do quarto e nos sentamos no corredor. – O marido faleceu num acidente junto com o filho deles, deixou uma herança maravilhosa pra ela e as filhas. Ele não tinha familiar algum, e ela tem uma irmã que é um monstro nunca quis saber dela e das meninas e uma única vez que ela ficou com as meninas, foi parar na delegacia porque bateu na mais novinha de arrancar sangue – meu corpo todo arrepiou – Estamos em busca já de uma família para elas. A mãe tem ELA e não viverá por muito tempo, a gente já sabe disso e ela e as filhas também. O maior medo dela é morrer na frente das meninas, é não ter quem cuide bem delas.

Eu: Qual a idade delas?

XXX: A mais nova se chama Ivy tem 1 ano e meio e a mais velha se chama Claire tem 14 anos. Ela tinha um menino, mas ele morreu junto com o marido num acidente de carro, ele tinha 9 anos.

Eu: Você trata de adoções também?

XXX: Sim...

Eu: Pode me dar seu cartão? Minha esposa e eu estamos cogitando essa possibilidade.

XXX: Claro – ela me deu o cartão dela e saiu. Eu sai em seguida falei com uma enfermeira e fui até a creche do hospital, a assistente social falava com uma das cuidadoras e logo saiu uma menina linda, com a pequena no colo. Ela parecia triste e revoltada também. Elas eram lindas, meu coração disparou. Depois de algumas horas voltei para ver a Louise e ela dormia ainda. Ela era tão bonita e jovem. Perdeu o marido e o filho e agora está morrendo aos poucos com uma doença degenerativa, com duas crianças para cuidar. Eu entrei no arquivo medico dela e era triste ver como uma mulher tão jovem estava se acabando tão rápido. A doença dela era genética, tinha um marcador genético bem forte, o que indicava que as filhas poderiam ter também. Ela degenerou muito rápido em pouco mais de um ano. Pelos dados, ela descobriu quando a filha mais nova nasceu. Eu fui até o quarto dela e me sentei lá.

Eu: Você é tão nova, tão bonita... Queria poder fazer algo pra te ajudar... – suspirei. Fiquei ali a encarando um tempo e pensando nas meninas também, como seria a vida delas sem a mãe. Acabei dormindo e acordei com ela me chamando.

Louise: Dorme nos plantões assim doutora? – falou baixo e tossiu.

Eu: Oi... Que bom que acordou... Eu dormi e nem notei. Como se sente?

Louise: Morrendo... Mais rápido do que eu esperava. – suspirou.

Eu: Você está degenerando muito rápido.

Louise: Sim. 4 vezes mais rápido que o normal. Eu tenho a forma mais agressiva de ELA. As minhas filhas, onde elas estão?

Eu: Elas foram com a assistente social, estão seguras não se preocupe.

Louise: Eu queria arrumar bons pais para elas. Elas são tão boas meninas. – deixou cair uma lágrima. - Elas merecem tanto ser felizes, uma boa mãe, amor e muito carinho.

Eu: Como a mais velha lida com isso, porque pra ela é mais real tudo isso, já a pequena é bem abstrato.

Louise: A Claire é uma menina boa, mas ela está numa fase muito complicada. Adolescente, a perda do pai e do irmão, e agora em breve eu também e ela e a irmã serão separadas porque ninguém vai querer adotar uma menina de 14 anos e uma bebê de 1 ano e meio – suspirou.

Eu: A gente não sabe explicar porque as coisas acontecem – suspirei. – Mas algum proposito tem. E eu não acredito que as meninas fiquem com pessoas ruins quando você partir. Conheci a assistente social que está cuidando do caso e ela está empenhada em buscar uma família boa e amorosa.

Louise: Mariene... Ela tem sido incrível. Se não fosse ela, eu já teria perdido minhas filhas. Ela me ajudou a provar minhas condições financeiras de pagar cuidadoras, empregadas, motorista, para me ajudar com as crianças e mantê-las comigo.

Eu: Ela está fazendo de tudo.

Louise: É mãe doutora?

Eu: Eu sou... – suspirei – Eu fui... Meus filhos morreram... Lucca e Leo.

Louise: É a mãe daqueles meninos do crime no Brooklyn?

Eu: Sim. Sou...

Louise: Sinto muito pela sua perda.

Eu: Obrigada. Minha esposa e eu estamos bem, estamos tentando ficar bem.

Louise: Justiça será feita.

Eu: Espero que sim. – eu a examinei e logo sai. Eu subi até o andar de queimados. Eu evitava aquele lugar desde que eu comecei a trabalhar no hospital. Quando cheguei, vi a pessoa que eu não via a muito tempo... Andie... Ela tinha sido transferida pra lá. Eu entrei no quarto a encarei por muito tempo e sai antes que ela me visse.

Endrew: Sabe que não pode chegar perto dela né?

Eu: Poderia bater na porta. – falei um pouco nervosa com o susto que levei.

Endrew: Priscilla, você não pode chegar perto daquela mulher.

Eu: Eu não fiz nada, eu apenas olhei pra ela e sai. Eu não fiquei nem 1 minuto naquele quarto.

Endrew: Não entre naquele quarto mais, não suba no andar de queimados. Se precisarem de um neurologista, esse hospital tem vários, mas não suba lá enquanto ela não for transferida para o hospital penitenciário. Não coloque o julgamento a perder, não seja você o alvo. Ela é uma criminosa junto com aquele homem.

Eu: Eu sei. Eu não vou voltar lá. Eu nem sei porque eu fui lá. – suspirei.

Endrew: Vai pra casa, toma um banho, descansa. Seu plantão já está no fim. Vai embora.

Eu: Vou passar visita e depois eu vou. Obrigada. Como a Eveline está?

Endrew: Ela tá bem, pressão está boa, os reflexos também.

Eu:Que bom, isso é ótimo. – conversamos um pouco e fui embora.


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Será que a Louise vai afetar  a vida das duas de alguma forma? 

PARTES DE NÓSOnde histórias criam vida. Descubra agora