Eu: Oi...
Pri: Eu pedi para não ligarem para você.
Eu: E eu sou sua mulher. – falei brava.
Pri: Eu estou bem, foi só um mal estar.
Eu: Mal estar Priscilla, você desmaiou, você apagou. Seu cérebro desligou por alguns minutos por estresse e por tanta medicação que você está entupindo seu corpo. Qual é o seu problema? Qual o problema em sentir a dor que a gente tá realmente sentindo? A gente perdeu nossos filhos e dói, e dói muito. Porque a gente vai fugir disso me explica? A gente está prestes a receber duas meninas... Duas meninas que estão sozinhas no mundo, que a mãe está morrendo em um quarto desse hospital. A gente perdeu nossos filhos por causa de dois monstros e isso vai doer pra sempre. Isso me mata um pouco todos os dias, mas se afundar em droga não vai resolver, porque você está se drogando com tanta medicação. Priscilla eu vou te falar só dessa vez... Você vai fazer terapia, a gente vai voltar pra terapia familiar, você vai fazer individual, vai tomar os remédios novos que a psiquiatra te passou hoje e você vai conversar comigo quando não estiver bem, porque você não está bem e nem eu. Mas a gente está viva e temos que viver... Se você não fizer isso, você vai embora da minha vida e eu vou mesmo sofrendo muito, viver sem você. Eu estou indo ver a mãe das meninas, o doutor Endrew autorizou minha entrada na UTI para falar com ela sobre as meninas e quando sua medicação acabar a gente vai pra casa. – eu sai sem esperar a resposta dela. Fui até a UTI, o chefe do hospital me deixou ver a mãe das meninas. Ela estava com oxigênio, estavam fazendo tudo para não intubá-la.
XX: Louise, acho que tem visitinha – a enfermeira sorriu pra ela. Ela estava trocando o soro dela e ela me olhou e sorriu.
Louise: Que moça bonita. Oi... – sorriu.
Eu: Oi – sorri de volta. – Como está se sentindo?
Louise: Melhor que ontem com certeza. E você?
Eu: Eu estou bem. Eu sou a Natalie, esposa da doutora Priscilla.
Louise: Oh... Então é você a mulher da vida da minha doutora predileta – riu.
Eu: Sim... – sorri de volta.
Louise: Eu sinto muito pelos seus filhos.
Eu: Obrigada. É difícil, mas a gente vai vencendo aos poucos. A Pri já falou com você sobre as meninas?
Louise: Sim... Ela falou por alto, mas assistente social e a psicóloga estiveram aqui mais cedo e conversou comigo. – os olhos dela marejaram – Obrigada por isso. Isso me conforta tanto...
Eu: Eu senti que precisava fazer isso. Se autorizarem o lar temporário, elas serão muito bem cuidadas por nós tá?
Louise: Obrigada. – apertou minha mão – Sei que veio saber mais sobre elas não foi?
Eu: Sim – sorri. – Quero saber mais sobre elas, sobre o que elas gostam ou não gostam. Quero que elas fiquem a vontade na minha casa.
Louise: A dona Lucy cuida delas pra mim, ela me ajuda muito e tem a Talita também, ela normalmente fica durante o dia e a dona Lucy a noite. Elas tem babás 24 horas por eu não poder fazer muito. E nos finais de semana fica a Liene somente durante o dia e a noite a Claire cuida da pequena. A pequena aprendeu a andar a dois meses e agora ela sobe em tudo. Ela ama brincar com blocos, com coisas coloridas, ama rabiscar também então dê a ela papel e giz de cera para que ela não rabisque suas paredes. – rimos. – Ela é muito carinhosa, ama um colinho, ela toma mamadeira e gosta de dormir em cima da gente e fazendo carinho nas costas dela. Ela as vezes acorda de madrugada chorando, só dar um pouco de agua e meia mamadeira que ela embala até as 8 da manhã ou mais. Ela ainda usa fralda, tem os horários dela com a assistente social. A Claire é uma boa menina. Tem o gênio bem difícil as vezes quando acorda atacada, mas ela é uma boa menina. Ela carrega muitas dores. Ela estava no carro quando o pai e o irmão morreram, ela tem muitos traumas. Tem dia que ela está respondona, mas isso é o excesso de responsabilidade que infelizmente recaiu sobre ela. Minha filha está sofrendo demais Natalie. Ela super protege a irmã e ela as vezes é mais adulta que muita gente. Ela tem crises de ansiedade também. As vezes de choro. Ela faz terapia, mas acho que ela não está adaptando e eu não posso fazer muito. Até liguei para a terapeuta pra ver uma nova abordagem e ela vai falar com ela essa semana.
Eu: Vamos cuidar disso da melhor maneira. Eu vou trabalhar de casa meio período, vou falar com as babás que elas tem costume.
Louise: A dona Raquel é governanta, ela está cuidando da casa. Eu queria que as meninas ficassem com ela enquanto estou aqui, mas não deixaram. A Ivy ama ovo de todas as maneiras, batata, arroz e feijão. Não é habitual para nós americanos, mas a minha cozinheira é brasileira e ela um dia fez um dia típico de brasileiro e desde então na minha casa não fica um dia sem um arroz com feijão e eu amo isso. – rimos – Ela não come tomate de jeito nenhum e as frutas preferidas dela são morango e banana. Ela não come açúcar, só quando tem bolo de aniversário que ela come um pequeno pedaço, ou em bolos comuns e no suco quando é natural a gente adoça com açúcar mascavo. Ela não toma refrigerante e nem come chocolate, ela é muito pequena pra isso. Ela é alérgica a nozes. A Claire come de tudo, ela ama experimentar comidas diferentes, ela ama cozinhar também, é uma coisa que a relaxa bastante. Ela quer fazer um curso de culinária, e eu ia matriculá-la essa semana. Ela estuda na Trinity School. Ela é alérgica a amendoim e é asmática grave e também faz uso de bombinha direto. Ela gosta muito de falar quando está triste, então não precisa dizer nada, só escutar. – suspirou – Eu moro em Lenoxx Hill numa cobertura. A dona Raquel vai arrumar as coisas delas, pegar os brinquedos preferidos da Ivy. – deixou cair uma lágrima. – Eu não quero morrer, eu não quero deixar minhas filhas. – soluçou.
Eu: Louise, eu sei que dói. Sei que se sente impotente, eu me senti assim quando perdi meus filhos. Eu me pego pensando as vezes o que eu poderia ter feito de diferente aquele dia. Se eu deveria ter ficado em casa trabalhando. Foi doloroso e é doloroso. – deixei cair uma lágrima – Por mais difícil que seja – a voz embargou – Saiba que se a gente não puder ficar com essas meninas, a gente vai fazer tudo, pra ninguém separá-las, e para que uma família maravilhosa as ame incondicionalmente. Não vamos descansar enquanto isso não acontecer.
Louise:Obrigada... Muito obrigada. Eu pedi o meu advogado pra vir pra cá e refazer meutestamento, preciso refazer e mudar algumas coisas. –fiquei quase uma hora ali com ela. Ela é uma mulher sensacional e tinha dor nosolhos dela, muito além da física, mas a dor de não poder ter as filhas com ela.
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Coitada da Louise, é muito triste a situação dela.
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PARTES DE NÓS
FanfictionMeu nome é Natalie Kate Smith Pugliese, tenho 35 anos sou empresária, CEO da United em Nova York. Hoje moro num tríplex no Upper East Side em Manhattan, acabei de me mudar com a minha esposa. Sou casada a 12 anos com Priscilla Álvares Pugliese, ela...