Capítulo 63

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NATALIE NARRANDO...

A Pri não estava bem desde que saímos da audiência. Ela pegou um plantão de 48 horas e essas 48 horas foram insanas pra ela pra mim também. Eu passei muito mal em casa. Os enjoos estavam terríveis, eu nunca me senti tão mal na vida. Eu comprei 3 testes de gravidez, eu precisava saber se a fertilização tinha dado certo. A doutora Scarlett tinha pedido pra não me iludir porque poderia não funcionar logo de cara já que eu interrompi o tratamento e depois retomei e muitas vezes quando se tenta depois de um tempo acaba não funcionando. Eu passei muito mal em casa, vomitei muito, quase desmaiei e minha sogra chamou o médico que morava ali no prédio. Ele checou minha pressão disse que eu estava desidratada e precisava me hidratar, caso eu não quisesse ir para o hospital, tomar bastante suco de frutas naturais, soro caseiro, agua de coco. Eu falei que eu poderia estar grávida, mas minha esposa ainda não sabia então ele falou pra eu fazer um exame. Logo ele foi embora e eu dormi o dia todo praticamente. Acordei bem melhor, estava me hidratando com sucos e água de coco e estava me sentindo bem melhor. A Pri apareceu pra me ver e pra jantar. Ela ficou preocupada comigo e eu estava preocupada com ela. Ela estava estranha desde a audiência. Ela voltou para o hospital e depois que todo mundo foi dormir eu fiz um teste de farmácia e eu estava gravida, eu ri e chorei ao mesmo tempo. Decidi não contar nada ainda pra Priscilla. Pri no dia seguinte no jantar bebeu uma garrafa de vinho sozinha, e aquilo me preocupou. Ela não estava bem. A notei mais estressada, mais envolvida com os pacientes do que o normal. Meu sogro falou a hipótese de passarmos o natal no Brasil e acho que vai ser uma boa ideia. Meus pais não estarão em Nova York no natal, vão para o Brasil também, e vai ser bom pra gente, rever a família, e a Claire sonha em conhecer o Rio de Janeiro então estamos querendo ir. O caso dos nossos filhos vai ser julgado no fim de janeiro então nada vai andar nesse meio tempo. Eu fui cuidar da reforma dos quartos das meninas, como agora estou grávida, ia reorganizar os quartos. Onde é o quarto das meninas hoje, vai ser o quarto do bebê. O quarto ao lado vai ser o da Claire e o quarto em frente ao que elas dormem hoje vai ser o da Ivy. Marquei com a decoradora que cuidou do meu apartamento e ela foi com uma assistente dela para tirar as medidas dos quartos, e ver o que as meninas iam querer. Eu e a Claire escolhemos a decoração do quarto da Ivy e a Claire escolheu o dela. A reforma começou, a Pri não fez perguntas de nada, ela nunca perguntava. E ela continuava bebendo todas as noites.

30 DE NOVEMBRO...

Eu: Priscilla, você não acha que está bebendo demais? – ela colocava uísque no copo pela quinta vez.

Pri: Está contando?

Eu: Sim. Você nunca foi disso, porque está bebendo assim?

Pri: Porque agora eu gosto de beber mais que antes. Eu estou em casa, as meninas estão dormindo, não estou de sobreaviso e menos ainda com o bisturi na mão. – foi arrogante.

Eu: Fala comigo? Porque você está assim? O que está acontecendo amor? Você quase não fala comigo. A gente não tem sido esposas. O único momento que você é você mesma é quando está com a Claire e a Ivy. O que está acontecendo?

Pri: Eu estou cansada Natalie é só isso. – suspirou – Eu te amo. Não duvide disso. Minha cabeça está cheia. Esse julgamento parece que está demorando uma eternidade. Eu sinto o tempo todo que eu poderia ter feito algo pra impedir tudo isso e fico repassando tudo isso na minha cabeça o tempo todo. – começou a chorar.

Eu: Amor... Eu também penso isso... O que eu poderia ter feito, o que poderia ter sido evitado. Eu tenho medo de haver uma impunidade. Mas a gente os perdeu, e isso é um fato. Muito doloroso pra nós, mas é um fato. Não posso me afundar em bebida, me enterrar no trabalho, odiar o mundo, porque eu estou ferida, por mais que eu queira as vezes ficar na cama e dormir por uma semana – sequei a lágrima que caia. – A gente tem duas filhas agora, uma adolescente e uma bebê de quase dois anos que precisam de nós. A gente escolheu assumir essa responsabilidade, então vamos ser felizes por elas, vamos dar alegrias a elas. Isso não anula a nossa dor, mas não vamos mergulhar na nossa dor e esquecer que o resto do mundo existe e que nossas filhas precisam de nós.

Pri: Tudo bem Natalie... Tudo bem... – bebeu todo o copo. – Ultimo copo. Vou dormir. – subiu e eu me sentei e chorei. Me assustei quando alguém sentou do meu lado, era a Claire.

Eu: Que susto, não vi você chegar. – sequei meu rosto – O que faz acordada? Já passa de meia noite.

Claire: Desci pra tomar água. Brigou com a tia Pri?

Eu: Não. Só estou preocupada com ela.

Claire: Ela está bebendo demais não é? – eu olhei pra ela – Eu notei. As garrafas de vinho, o uísque. E o mau humor as vezes, isso quando ela não está com os pensamentos distantes.

Eu: É... Desculpa querida.

Claire: Não tem que pedir desculpas tia Nat... Vocês são humanas. Vocês perderam, vocês sentem dor. Ela está expressando a dor dela na bebida infelizmente. Mas é a maneira que ela encontrou de se confortar.

Eu: Maneira mais que errada né. Mas vai ficar tudo bem.

Claire: Espero que sim. Vou dormir. Boa noite.

Eu:Boa noite princesa. – ela subiu. Eu subi em seguida e fui pra cama.A Pri já dormia. Passei a mão na minha barriga, fiquei pensando como elaficaria quando descobrisse a minha gravidez. 

PARTES DE NÓSOnde histórias criam vida. Descubra agora