Capítulo 19

229 29 1
                                    


Eu: Não. Mas todo mundo acha que sim. – o telefone de casa tocou. – Alô?

XX: Por favor, eu gostaria de falar com a senhora Priscilla Pugliese ou Natalie Smith Pugliese. Aqui é da delegacia de Nova York.

Eu: Eu sou a Priscilla, aconteceu alguma coisa?

XX: Um momento senhora, vou transferir para o delegado.

Eu: Ok. – logo a voz do delegado se fez presente.

Delegado: Dona Priscilla, aqui é delegado Roward, estou atrapalhando?

Eu: Não delegado, imagina. Aconteceu alguma coisa?

Nat: O que ele quer?

Eu: Eu vou colocar no viva voz, minha esposa está do meu lado – coloquei no viva voz.

Delegado: Sei que é muito tarde, mas eu não podia esperar amanhecer pra isso. A Andie, a babá dos filhos de vocês. Ela saiu do coma. – meu corpo todo deu um choque.

Eu: A hora não importa, eu estou sentada no meu escritório eu disse que poderia ligar até de madrugada. E ela está consciente? Está lúcida?

Delegado: Sim senhora. Ela acordou no inicio da noite, lembra de tudo que aconteceu, precisou ser sedada porque ficou muito agitada quando soube o que aconteceu com as crianças. Amanhã cedo estaremos no hospital para pegar o depoimento dela.

Eu: Eu quero essa mulher presa, não quero regalias pra ela, eu quero ela na cadeia.

Delegado: Vamos fazer tudo pra isso senhora. Peço que compareça junto com a sua esposa aqui amanhã a tarde.

Eu: Sim estaremos ai delegado, obrigada. – desliguei.

Nat: Não pensei que ela fosse acordar. Já tem dois meses.

Eu: Pois é. Não pensei que ela fosse ter lucidez depois de dois meses. Me deixa sozinha, preciso fazer minha carta de demissão.

Nat: Pri, você ama aquele hospital, não faz isso.

Eu: Amo o hospital, mas a confiança foi quebrada eu não quero trabalhar num hospital onde eu não confio em ninguém mais e não confiam em mim.

Nat: Amor, eles fizeram por preocupação e para te proteger, porque se a família pedisse explicações depois, como seria? Você estaria descoberta, como você explicaria? O caso dos nossos filhos foi noticia no país todo, e se a família quisesse levantar alguma duvida sobre o caso, poderiam usar isso contra você. Poderiam dizer que você não estava em plenas faculdades mentais, e como você se defenderia disso? Isso é muito grave. Não entenda isso como um ataque a você amor.

Eu: Eu nunca seria negligente. A gente aprende na faculdade de medicina a separar as coisas. Eu posso estar destruída, mas não vou colocar ninguém em risco por isso. Eu salvo vidas, não tiro. Agora me deixa sozinha.

Nat: Essa história de divorcio...

Eu: SAI DAQUI NATALIE ME DEIXA SOZINHA QUE INFERNO... ME DEIXA EM PAZ PELO MENOS UM MINUTO QUE DROGA, ME RESPEITA, E RESPEITA MEU ESPAÇO, ME DÁ SOSSEGO, PARA DE SE METER NA MINHA VIDA. – gritei, eu estava irritada.

Nat: NÃO GRITA COMIGO... Me respeita Priscilla, você está sofrendo, eu estou sofrendo, mas eu não tenho culpa do que está acontecendo. – já chorava. – Que loucura, nossa vida virou uma loucura, não é possível uma coisa dessas.

Eu: Ok Natalie... Ok... Você não me deixa trabalhar, não me deixa sozinha, eu vou pra um hotel. Assim eu fico sozinha e consigo ouvir meus próprios pensamentos, porque já não chega o inferno naquele hospital e eu não posso ficar em paz dentro da minha casa um segundo então eu vou sair daqui. – desliguei o computador e sai do escritório e subi para o meu quarto. Eu entrei no closet peguei duas malas e fui abrindo os armários.

Nat: Você não vai sair dessa casa. – me empurrou.

Eu: Está maluca? Vai me agredir agora?

Nat: Para Priscilla, você está parecendo uma maluca, para com isso. Olha pra mim... OLHA PRA MIM... – gritou. – Eu sou sua esposa, eu sou a mãe dos seus filhos, nós duas perdemos. Por favor, a gente perdeu muito. A gente perdeu os amores das nossas vidas, a gente vai se perder também? – chorava.

Eu: Me deixa sozinha... Eu preciso ficar sozinha, eu preciso pensar sozinha, eu preciso fazer a minha carta de demissão, eu estou chateada, eu estou magoada, eu estou com raiva e eu não quero brigar, só quero ficar em paz. Por favor... Me dá espaço.

Nat: Tudo bem. Eu vou te deixar sozinha, mas depois vamos conversar sobre isso.

Eu: Tudo bem. Depois... – dei um selinho nela. – Me desculpa... Eu estou muito nervosa amor, muito. Eu preciso resolver isso.

Nat: Tudo bem. – me abraçou. – Eu estou aqui pra você. Eu te amo.

Eu: Eu te amo. - desci fui para o escritório fiz minha carta de demissão bem ofensiva, mas sem usar palavras rudes, a carta soaria como um tapa. Imprimi as copias, assinei, carimbei, coloquei nos envelopes e coloquei na minha pasta. Eu subi e fui pra cama.

Nat: Fez a carta?

Eu: Fiz. – suspirei e comecei a chorar. – Eu sinto falta deles, a cada segundo do meu dia, eu não estou conseguindo existir. Achei que mudando de casa, as coisas ficariam mais fáceis, mas não ficaram.

Nat: Eu sei amor... Eu sei o que sente... Eu também sinto. Mudar pra cá, tornou um pouco mais fácil se é que isso é possível. – secou a lágrima. – Mas a gente precisa fazer justiça por eles, a gente precisa ser forte.

Eu: Amanhã a gente vai enfrentar a delegacia de novo.

Nat: Sinceramente, eu esperava que a Andie morresse.

Eu: Não seria mais fácil. A sensação de impunidade ia doer na gente pra sempre.

Nat: É... – suspirou. Ela me abraçou e a gente ficou conversando até dormir. Na manhã seguinte tomamos banho juntas e descemos para tomar café. Mostrei minha carta de demissão pra ela. – Você foi arrogante.

Eu: É... Mas eu falei tudo que eu precisava.

Nat: É... 

PARTES DE NÓSOnde histórias criam vida. Descubra agora