Capítulo 3

344 34 12
                                    

Na manhã seguinte a dor veio ainda mais forte, era real. Tínhamos perdido nossos filhos. A Pri saia do banheiro, estava destruída.

Pri: Oi...

Eu: Oi... – sentou do meu lado.

Pri: Seu pai e sua irmã estão cuidando de tudo para o funeral, não vamos precisar mexer com nada disso – secou a lagrima que caia. – Sua mãe ligou pra minha mãe e ela está vindo para Nova York. O funeral acontecerá em 2 dias. A Polícia quer falar com a gente, mas eu disse que agora não temos condições para isso. Vamos... Vamos enterrar nossos filhos primeiro e depois a gente conversa com a policia.

Eu: Eu não acredito que isso está acontecendo Pri. – solucei.

Pri: Nem eu... Eu acordei e pensei que era um pesadelo, mas não era e a dor foi insuportável. – chorava.

Eu: O que a gente vai fazer? Como vai ser agora?

Pri: Eu não sei amor, eu não faço ideia... Eu não consigo pensar em nada. – a porta se abriu devagar e deu visão a uma Mackenzie triste, e chorando. – Oi meu amor... Vem... – ela veio e nos abraçou chorando muito. A gente chorou também, não tínhamos o que falar. Depois de algum tempo ela falou.

Kenzie: Porque isso aconteceu tia Nat? – perguntou triste.

Eu: Eu não sei amor... Eu não sei. Eu não consigo pensar em nada.

Kenzie: A Andie estava estranha, aquele namorado dela era estranho.

Pri: Quando a gente não estava, ele ia até lá em casa? Você o viu alguma vez?

Kenzie: Sim. Quando vocês saiam a noite com meus pais e eu ia pra lá e ela ficava com a gente, ele ia lá e os dois estavam sempre discutindo.

Pri: Quando ele começou ir lá?

Kenzie: Tem uns três meses. E coincidia com as viagens dos meus pais, porque todas as vezes que eu fiquei lá eu o vi com ela na rua. Eu disse que ia contar pra vocês e ela disse que não era pra contar nada, que ela ia resolver e isso não era problema pra ninguém e sim problema dela.

Eu: Ele já entrou lá em casa?

Kenzie: Não que eu tenho visto.

Pri: A gente vai ver isso tudo com cuidado querida. – eu fui tomar um banho e logo desci para tomar café. Eu não estava com fome, mas eu precisava de forças. Olhei meu telefone e tinha mensagem da Jullie dizendo que já sabia o que tinha acontecido e chegaria no voo das 10 da manhã e iria em casa e logo iria pra casa da minha mãe nos dar uma força. Eu e a Pri decidimos ir até a nossa casa. Fomos até lá e não conseguimos entrar, fomos invadida por uma dor horrível.

Eu: Eu não consigo entrar lá.

Pri: Eu também não. – suspirou. A gente ficou sentada no carro um tempo e fomos embora. Minha sogra chegaria na manhã seguinte. Ela mora no Brasil com meu sogro e meus cunhados. A casa dos meus pais não parava de chegar visita e eu não aguentava mais aquele movimento todo, eu queria ficar sozinha, eu queria sentir a minha dor sem ficar ouvindo vozes das pessoas se lamentando. Eu sabia o quanto aquilo tudo era insuportável pra mim, pra Priscilla. Khalil e Jullie chegaram e foi uma dor horrível. Os dois estavam em choque, estavam arrasados por nós, por estarmos vivendo aquilo. Choramos muito. A Pri se isolou no quarto, não recebia ninguém e isso estava me deixando preocupada demais. Ela ficava num silêncio arrasador somente deixando as lágrimas caírem e eu tentava entender e reparar na minha mente porque tudo aquilo aconteceu com meus filhos, com duas crianças inocentes, felizes, lindas, saudáveis. A noite eu comi pouco no jantar, estava sem fome e antes de me recolher falei com meus pais.

Eu: Pai, mãe, por favor... Eu não quero mais receber ninguém. Eu não aguento mais a piedade de ninguém eu só quero ficar quieta, por favor, não recebam mais ninguém.

Mãe:Tudo bem filha. –me deu um beijo na testa. Eu fui descansar, Priscilla dormia, a Kenzie foi pracasa com os pais. Eu escovei os dentes e deitei, já tinha tomado um remédio edormi rapidamente. 

PARTES DE NÓSOnde histórias criam vida. Descubra agora