Capítulo 28

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Pri: Amor?

Eu: Oi?

Pri: O que acha de sermos mães sociais?

Eu: Como assim?

Pri: Receber crianças e adolescentes na nossa casa, tipo lar de transição, lugar seguro, como vamos fazer na nossa casa no Brooklyn só que de maneira mais intima, mais acolhedora, como o Rodrigo faz com o Alex marido dele, de receber crianças quando ficam sozinhas e precisam esperar por algum familiar, ou estão em perigo e precisam de um lugar seguro para ficar.

Eu: Tem mesmo vontade de fazer isso? – fiquei surpresa, porque já propus isso a ela uma vez e ela não agradou da novidade.

Pri: É, eu andei pensando nisso... Falei com o Rodrigo hoje e ele recebeu ontem três irmãos entre 16 e 7 anos. Os pais foram para uma clinica de reabilitação, e estão tentando entrar em contato com os familiares que possam receber essas crianças. A gente conversou bastante sobre isso.

Eu: Você sabe que elas vem e vão né amor? Que não ficaremos com elas, que essas crianças e adolescentes vão pra casa de um familiar, ou vão para pais adotivos depois.

Pri: Sim eu sei.

Eu: Pensa em adotar? Tem vontade de adotar?

Pri: Sim, penso... Depois que a gente engravidar de novo, se der certo ou não, eu penso sim. A gente nunca pensou que seria mãe pelas vias de fato, e a gente foi abençoada de conseguir. Mas sempre tive vontade de adotar também, tem tanta criança precisando de amor e de carinho.

Eu: Você é linda sabia? – dei um beijo nela. A gente sentou para jantar e conversamos muito sobre isso. Ela disse que a Andie queria falar com a gente, e ela negou o pedido e eu também. Eu não sei o que eu faria se ficasse diante dela agora. Provavelmente eu a mataria. Na manhã seguinte, me surpreendi com o meu celular tocando super cedo. Quando vi, era Jullie. – Jullie você sabe que horas são? – eram cinco da manhã.

Jullie: Eu preciso de ajuda. – falava nervosa.

Eu: O que aconteceu?

Jullie: A família do Khalil está em Nova York.

Eu: E?

Jullie: Eles querem a minha filha.

Eu: Eles não podem tomar a filha de vocês. Isso é ridículo.

Jullie: Eles são doentes Natalie. Eu não quero essa família podre do Khalil perto da Mackenzie. – falava nervosa e chorando.

Eu: E o que você quer que eu faça? Como que eu posso ajudar?

Jullie: Fica com Mackenzie pra mim alguns dias? Ela está num acampamento com os amigos do colégio chega amanhã antes do almoço.

Eu: Claro, fico sim.

Jullie: Precisa pegá-la na porta da escola as 14:30.

Eu: Tudo bem, estarei lá.

Jullie: Obrigada. Eu estou fazendo uma mala pra ela, e vou deixar ai hoje. Desculpa ligar agora, é que eles ligaram agora para o Khalil e eu desesperei.

Eu: Tudo bem, e fica calma que vai dar tudo certo. – logo desligamos e eu deitei de novo. Fiquei pensando naquilo tudo e não dormi mais. A Pri acordou e eu estava deitada ainda.

Pri: Bom dia...

Eu: Bom dia...

Pri: Com quem você estava falando tão cedo?

Eu: Com a Jullie. Ela estava desesperada. A família maluca do Khalil está em Nova York e ela pediu pra gente cuidar da Mackenzie uns dias...

Pri: Nossa... O que eles fazem aqui? – eu expliquei a ela. – Você acha que eles tirariam a Mackenzie deles?

Eu: Não duvido Pri. Eles são horríveis. Lembra dos filhos do Tarek? Irmão do Khalil? Eles foram para a Florida e pegaram as crianças porque a mãe é americana. As enfiaram num jatinho particular e sumiram com elas. Ele e a esposa demoraram 1 ano para recuperarem os filhos. Aqueles velhos são loucos.

Pri: A Mackenzie é de nossa responsabilidade. Legalmente, ela é nossa caso aconteça algo com o Khalil e a Jullie, eles não são nem loucos de chegarem perto dela.

Eu: Por isso ela está mandando-a pra cá. Aqui eles não vão poder pegá-la e não vão poder invadir o prédio.

Pri: Que gente maluca. – suspirei. A gente tomou banho juntas, nos arrumamos pra ir trabalhar e descemos para tomar café. A Pri estava calada. Até que ela resolveu se pronunciar. – Amor, eu acho que tive uma ideia.

Eu: O que?

Pri: Vamos pedir a guarda da Mackenzie em caráter emergencial.

Eu: Mas Pri, isso não é possível assim.

Pri: Sim. Aqui é sim. Quando a criança corre riscos e ela tem um responsável legal fora da família, ou até mesmo quando os pais vão viajar e a criança precisa ficar, os pais passam temporariamente a guarda em caráter emergencial para os tutores, assim os tutores ficam 100% responsáveis por elas e ninguém pode se aproximar sem a permissão dos mesmos. Vamos fazer isso. Porque se a família do Khalil encostar na Mackenzie, vai caracterizar...

Eu: Como sequestro...

Pri: Sim. Eles conseguiram levar os filhos do Tarek e não deu nada pra eles, porque são avós então o juizado não levou como sequestro. Mas a Mackenzie como nossa filha, eles não podem fazer o que quiser.

Eu: Vamos falar disso com a Jullie. Vou ligar pra ela.

Jenny: Dona Natalie a dona Jullie está subindo...

Eu: Ótimo... – logo ela chegou com cara de assustada.

Jullie: Obrigada por ficarem com ela. Aqui as coisas dela. Aqueles monstros devem ficar no país por alguns dias. Tarek já foi avisado e vai sair do país com a família hoje, não quer ser encontrado por eles.

Eu: A Pri teve uma ideia... – explicamos pra ela. Era só ir até a promotoria e fazer o pedido, não precisaria nem de advogado. Fomos até lá, esperamos por mais de uma hora e fomos atendidas. Explicamos a situação ao promotor e ele entendeu. Por 30 dias, a Mackenzie seria nossa legalmente, por segurança. Qualquer pessoa que tentasse leva-la do país seria considerado crime de sequestro. Assinamos uns 30 papéis e fomos embora. Jullie estava apavorada e Khalil estava tenso, mudo, sem reação. Eu fui para a empresa ia trabalhar direto até a hora de busca-la e a Pri foi para o hospital. Sai da empresa as 14:15 e fui para a porta do colégio. Já tinha alguns pais ali. Me deu um aperto no peito, uma saudade dos meus filhos que eu não consegui evitar as lágrimas. Eles eram loucos para terem idade para irem a acampamentos, para entrarem para os jogos da escola. Lembrar disso tudo tinha uma dor sem tamanho pra mim. Logo o ônibus chegou cada criança encontrou seu pai e logo Mackenzie desceu.

Kenzie: Oi tia Nat.

Eu: Oi amor – a abracei. – Como foi o acampamento?

Kenzie: Foi ótimo tia. Fiz novas amizades, do outro colégio foi bem legal.

Eu: Sua mãe falou com você?

Kenzie: Sim. A gente pegou os celulares hoje de manhã e tinha um áudio dela explicando tudo. Ai no caminho eu liguei pra ela e ela me explicou que vou ficar com você e a tia Pri.

Eu: Então vamos pra casa. – A Mackenzie ficou com a gente por mais de duas semanas, e a vida da Jullie e do Khalil foi uma loucura por causa dos pais dele. Quando eles foram embora, finalmente, ela pode voltar pra casa dela. Jullie e Khalil estão cogitando mudar de bairro, para que os pais não os encontrem novamente e com possibilidades até de mudarem de estado. A família dele era horrível, eu tinha medo deles. Cheguei a conhece-los uma vez. São pessoas más, horríveis, preconceituosas, principalmente pelo fato da Jullie ser católica e não ter se convertido e a mesma coisa era a mãe dela. Mackenzie tinha pavor deles. 

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