(2015) Baby: Muito Barulho Por Nada

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Sou grandinha, não é como se ainda pudesse ficar de castigo.

Sou maior de idade, não é como se tivesse de dar satisfação, né?

Sou dona do meu nariz, sou adulta, sou...

Ai, caralho!

O dinheiro e as joias da minha mãe foram divididos entre mim, Josh e Dave. Eu só vou poder encostar na minha parte quando fizer vinte e um anos e, apesar de continuar pedindo uma máquina de aceleração do tempo pro Papai Noel todo natal, isso só vai acontecer ano que vem. Não faço ideia do que o Dave fez com a parte dele e, pra falar a verdade, estou pouco me fodendo. O Josh comprou um apartamento bem legalzinho e que deve ter custado os olhos da cara em Chelsea, mesmo com os protestos do papai. O papai acha que o Josh gasta demais. Cara, nós três gastamos, e o papai reclama tanto que entra por um ouvido e sai pelo outro. Isso tudo para dizer que matei umas duas aulas e fui até o apartamento do Josh, e não adiantou nada, pois ele não estava. Fiquei sentada na portaria, esperando-o chegar.

Cara, que merda.

Não queria que o Josh ficasse chateado comigo. Nem entendia por que ele ficaria, aliás, já que ele era um cretino filho da puta que não valia um centavo. Mas a Alex disse que ele estava puto, e aquilo estava me matando.

Pior, e se ele contasse pro papai?

O papai me mataria e, se não, eu mesma me jogaria no rio com uma pedra amarrada no pescoço. Cara, que saco! Que bando de homem dramático! Foi só um beijinho, e muito do besta! Teve nem língua!

Passei uma meia hora sentada e de repente vi um carro super legal encostando. Não entendo nada de carros, só se eles custam pouco ou muito dinheiro. Aquele custava muito. A porta do motorista abriu e, dela, saiu meu querido irmãozinho.

-Tá podendo, hein, Josh? – Dei um assobio e falei.

Ele olhou ao redor, me viu e trancou a cara.

-Não tô falando com você.

-Me leva pra dar uma volta – Ignorei.

-Porra, Anna, você é surda?

Uia. Josh só me chamava pelo nome quando eu estava metida em encrenca. Todos, aliás, faziam isso. Menos o Dave. Quando via o Dave, mais ou menos uma vez a cada milhão de anos, ele sempre me chamava de Anna porque nossa relação já era uma encrenca por si só.

Josh passou por mim e usou sua chave para abrir a portaria. Fui atrás dele, que ficava me ignorando como se eu fosse, sei lá, a sua sombra. Ou um tijolo na parede. Ou... Bom, ele estava me ignorando. Foi assim enquanto subíamos as escadas, quando ele abriu a porta do apartamento, e acho que, se não tivesse me enfiado rápido, ele a teria fechado na minha cara.

-Fala comigo – Pedi.

Ele sentou em silêncio no sofá, colocou os pés sobre a mesinha de centro e ligou a TV.

-Fala comigo, Josh!

Nada.

Sentei no colo dele, de frente para ele, e fiz minha cara de chimpanzé.

-Caralho, sua retardada – Ele deu uma gargalhada.

-Fala comigo – Pedi, com cara de chimpanzé.

-Baby, você é muito idiota.

-Eu sei.

-Você tem noção do que você fez? Eu devia te matar!

-Cara, foi só um beijo! Nem beijo, foi praticamente um selinho! – Sério, qual era o motivo de tanto escândalo? – Tudo bem ficar puto se você fosse a Julia, mas você não é a Julia! Você é o Josh, e aliás você não estava comendo aquela mulher casada?

-Olha a situação, Baby! Raciocina! O Victor é um dos meus melhores amigos, eu fui padrinho do casamento deles, aí recebo um telefonema dele dizendo que a minha irmãzinha lhe deu um beijo na frente da mulher! Você bebeu?

-Você pode comer uma mulher casada, eu não posso dar um selinho num cara casado? Nem foi selinho, vai. Foi mais um beijo na bochecha que deu errado.

-Você tem é que ficar longe do Victor. Beije, dê pra quem quiser. Pro Victor, não!

-Por que não?

-Porque não. Meu amigo? Padrinho de casamento? Além de burra você está mesmo surda?

Que injustiça. Minha vida inteira é uma enorme injustiça. Nunca tive chance de brigar pelo Victor porque era a irmãzinha pirralha dos amigos dele. Agora não sou mais pirralha, mas não posso lutar porque ele arrumou uma mulher antes disso? Dei um beijinho de nada, mal encostei, e virou um escândalo! Nem foi como se tivesse valido a pena. Pra ter valido, tinha de ter sido um beijo de verdade. E agora todo mundo me condenava como se eu tivesse corrompido o Victor, o forçado a praticar adultério.

-Eu gosto do Victor, Josh – Falei, o que me deixou puta, porque ele devia estar careca de saber disso.

-Gosta nada, você cismou que gosta só porque não pode – Ele falou e eu fiquei muito magoada.

-Não é verdade! Você que diz que eu não gosto só para não ter problemas com seu melhor amigo incrível porque foi padrinho do casamento dele. E não sei se não posso. Casamento não é pra sempre.

-A gente não pode ter tudo o que quer, lesada.

-Muito engraçado! É você que diz que a gente pode ter tudo o que quer, sim, é só ter a manha.

-Ok – Ele falou, derrotado. – Mas a manha não é agarrar o cara na frente da mulher dele!

-E qual é? – Perguntei, interessada.

-Nem vem. O Victor não é pro seu bico e esse assunto acabou.

Quem decidia isso? O Josh? Ele era Deus? Era dono do Victor? Ah, que droga.

-Ele comentou com alguém? Além de você? – Perguntei.

-Não, por quê? – Josh me olhou de lado, desconfiado.

-Porque não queria que o papai soubesse.

Josh deu um sorriso e me puxou em um abraço. Amo meu irmão.

-Não comentou com ninguém e não vou contar pro papai. Mas se comporte, Baby.

Fiz que sim com a cabeça, pelo menos pra acabar com a guerra. Impressionante, eu estou sempre me metendo em confusão ou aliviada por ter acabado de sair de uma.

O Lado Escuro da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora