(2001) Alex: Adoraria te contar, só não posso

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Se você ainda não chegou a dezembro de 2001, este POV pode conter spoilers.

Combinei de encontrar o Omar no Lowe's porque ele disse que ia pagar. Eu pensei que fosse fazer a entrevista, ser contratada e receber meu primeiro salário, mas parece que não funciona assim, eu preciso trabalhar primeiro, e ainda assim em período de experiência, mas dizem que ao menos pela experiência eu recebo, embora não no primeiro dia. É que estou há um tempão no seguro desemprego, e seguro desemprego eu recebo pra não trabalhar, logo perdi as contas e fiquei confusa e não sei quanto tempo eu não trabalhei pra receber.

Enfim, encontrei o Omar no Lowe's. Ele estava todo animado e cheio de faniquitos querendo saber como era a casa da Malu Lewknor e o marido lindo.

-Não posso dizer.

-Como assim, não pode dizer?

-Falei para a Malu Lewknor que sou uma pessoa muito discreta, então não posso dizer.

-Discreta, o caralho! – Ele respondeu, revoltado. – Você tem problema de ser mentirosa compulsiva, eu sei disso porque sou seu psiquiatra falso!

-Estou em tratamento e agora sou honestíssima.

-Pô, logo agora você resolveu ser honesta?

-Logo agora. Honestidade vem em um clique. Cliquei, tô honesta.

-Me dá alguma coisa, qualquer coisa, pra eu ficar feliz, vai. Como presente de despedida – Omar piscou os olhinhos. Droga, tenho esse problema de não resistir a piscadas de olhinhos. Foi assim que meu ex-namorado Brandon me convenceu a raspar o cabelo moicano uma vez. Tá que ele não piscou olhinhos pra isso, ele só disse que seria uma boa ideia enquanto tinha um cisco no olho dele.

-Não vou ser indiscreta se disser que ela tem uma puta cara de santa, né?

-Duh, isso eu sei de olhar pra ela nas revistas. Quero saber do marido. Você viu o marido?

Caralho, eu vi! Vi o marido! Quer dizer, não vi, porque tenho esse problema de queimação na retina quando vejo um homem lindo demais e aí olhei pro chão antes de ficar cega. Mas vi de relance, só que marido é vida pessoal e agora eu sou honesta e prometi pra Malu Lewknor que era discreta.

-Não posso falar a respeito.

-Porra, Alex, me dá uma esmola, vai? Você falou com ele?

-Falei! Falei, sim! Falei! – Disse, empolgada, antes de me dar conta. Cara, eu sou uma besta. Não é à toa que vivo desempregada.

-O que vocês falaram? Me conta!

-Não posso.

(Diálogo com marido lindo:

-Boa tarde.

-Boa tarde.

-Alex, esse é o Tom, meu marido. Tom, essa é a Alex, minha nova assistente.

-Muito prazer.

-Muito prazer.)

E o que é melhor é que nem precisei feder perto dele, pois não travamos contato visual e por isso minha sensualidade avassaladora não entrou em ação. Queria muito contar essas coisas pro Omar porque ele é meu único amigo depois que seduzi todos os homens e todas as mulheres me deram na cara, mas não posso perder o emprego. Eu nunca fico dois meses no mesmo trabalho e prometi pra minha avó que nunca mais passaríamos fome outra vez, e é verdade que nunca passamos fome, mas sábado passou E O Vento Levou na TV e foi muito lindo e dramático quando a Scarlet O'Hara disse isso, e estou em uma fase de ser linda e dramática. Mas não tem sido fácil, ainda que o marido lindo apareça bem pouco e não me force a olhar pro chão, mas a outra assistente é meio assustadora e não me deixa jogar Paciência, e as pessoas ficam entrando e saindo da casa, o que me distrai, e eu tenho esse problema de me distrair com facilidade, e a Malu parece um coelho e é cheia de filhos que ficam chamando a minha atenção porque eu tenho esse problema de alma infantil, e um cachorro que me faz brincar com ele porque também tenho problema de alma canina.

Ah, merda. Dou um mês pra ser mandada embora.

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Esse POV faz parte da Semana da Alex, que acontece de 2 a 7 de novembro no grupo Realidades Paralelas da Mari

O Lado Escuro da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora