**Capítulo 3**

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Quando eu cheguei em casa, joguei minha mochila no sofá, e fui pra cozinha com a Jana logo atrás. Minha mãe preparava o almoço, enquanto escutava um louvor no rádio.

Janaina: Ai tia, sabe que eu te amo né? - abraçou minha mãe por trás.

Diana: Lá vem. Fala logo o que tu quer, menina. - pediu, se virando de frente pra Jana.

Janaina: Então...você sabe que eu e Marina sempre fomos amigas...né? Que ela é meu fechamento, que sem ela eu não vivo...

Diana: Enrola mais não, Janaina, fala logo o que tu quer. - bufou, colocando o pano de preto no ombro.

Janaina: Tá. - suspirou. - Deixa a Marina ir no baile comigo sexta?

Diana: Huum...- finjiu pensar. - Não! - sorriu falsa.

Janaina: Tia, por favoor. Eu prometo que ela não vai nem chegar perto de bebida e muito menos de droga. Por favor, só esse baile.

Diana: Tem que ver com o pai dela.

Marina: Mãe, a senhora sabe como o pai é, ele não vai deixar eu ir de jeito nenhum. - suspirei, fazendo biquinho.

Diana: E eu posso fazer o que? - me olhou, com uma sombrancelha erguida.

Janaina: Deixar ela ir comigo sem o tio saber. - sorriu, batendo palminhas.

Diana: Eu já disse que não!

Janaina: Tia, por favor cara, nunca te pedi nada mulher da minha vida.

Diana. Eu vou pensar, mas não prometo nada, em.

Janaina: Tá bom, mas pensa com carinho tá? Lembra que eu te amo muito, você é a melhor tia do mundo. A melhor!. - sorriu, passando a mão nos cabelos da minha mãe. - Se eu pudesse trocava você de lugar com a minha mãe.

Diana: Vou falar isso pra ela viu.

Janaina: Já vai fazer fofoca, tia?

Diana: Que isso menina? Me respeite, eu em.

Dei risada me sentando numa cadeira.
Minha mãe era dona de casa, já meu pai trabalhava como eletricista em um shopping lá na zona sul. Minha irmã mais velha não mora mais com a gente, depois que ela casou com um empresário saiu de casa indo morar na zona sul e esqueceu de nós. Nem pergunta se a gente tá bem ou se tá precisando de alguma coisa. Isso já faz três anos.

Moro aqui no PPG, especificamente no morro do Cantagalo, desde que nasci. A casa que a gente mora hoje era da minha vó que quando morreu deixou pra gente.

A maioria dos traficantes que tem aqui no complexo, eu já brinquei quando era menor e ainda chamava de amigo, hoje em dia nem olham pra minha cara. O único que fala comigo é o Kleber, vulgo KL. Ele é praticamente o meu melhor amigo e da Janaina.

Minha mãe adora ele e por isso ele vem aqui em casa direto pra ficar nos pertubando.

Falando nele, entrou em casa sem nem bater, e já veio na nossa direção.

KL: Ae tia, vim laricar aqui hoje em. - sentou ao meu lado.

Bagunçou meus cabelos e chutou as pernas da Janaina, fazendo ela dar um gritinho.

Janaina: Você é um corno Kleber!. Vai ficar roxo esse caralho, tu já pode ir comprar as maquiagens para eu cobrir isso em, vou gastar as minhas não...

KL: Se não, não tem como tu cobrir essa feiura toda né? Tô ligado, tô ligado...

Janaina: Eu vou te dar uma voadora porra. - empurrou ele, já ficando vermelha de raiva.

KL: E eu vou te dar uma surra de....

Diana: Continua que eu quebro o cabo de vassoura em tu moleque - pegou a vassoura e o Kleber já ficou quieto na dele, encarando o chão.

Era sempre assim, por mas que os dois sejam "amigos" toda hora estão discutindo, e isso cansa demais, cara!.

Era Uma Vez...Onde histórias criam vida. Descubra agora