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Any Franco

...

Com muita força de vontade consigo sentar na minha mesa para concluir o trabalho de literatura que o Josh passou há alguns dias. Fico meio nervosa em pensar na apresentação oral que terei que fazer, mas já que é necessário...

Me: Tá. Por que precisamos estudar sobre conjunções? É tão ridículo! Quer dizer, não tão ridículo, mas mesmo assim...

Ele: É sério que dps de tudo vc vem conversar comigo sobre conjunções?

Ele: Isso não é muito esquisito?

Me: Eu acho um assunto convencional até demais.

Me: O que vc tá fazendo?

Ele: Trabalhando em umas coisas.

Ele: E vc?

Me: Tentando fazer alguma coisa que preste, mas parece que quanto mais eu penso mais errado tudo sai.

Ele: Entendo.

Ele: Nos veremos mais uma vez ou só ficaremos presos nesse eterno mundo virtual pra sempre.

Me: Não sei se é uma boa nos encontramos, Joshua.

Me: Vc pode não gostar de como eu sou na vida real.

Ele: Isso é impossível.

Ele: Só se vc for uma aluna, aí sim as coisas podem ficar complicadas.

Me: Complicadas?

Ele: Não consigo parar de pensar em vc. Mesmo que eu tente, alguma coisa sempre me lembra vc e isso nem deveria acontecer.

Me: Nunca não pensei em vc

Me: Mas é bom saber que eu ocupo os pensamentos de alguém importante pra mim.

Ele: Eu sou importante pra vc?

Me: Bem pouquinho.

Me: Em uma escala de 1 a 10 eu diria três.

Ele: Isso sim é ótimo!

Ele: Fica aí com o seus 10 então.

Ele: Boa noite :(

Me: Josh!

Me: Para de drama!

Me: Josh?

Me: Boa noite então. Não conte comigo pra mais nada.

Não sei se estou com raiva ou feliz pela conversa. De alguma forma acho que nós dois nos tornamos tão íntimos e isso ainda é novidade pra mim, já que eu esperava que a reação dele fosse me bloquear no primeiro segundo da mensagem. De repente, já sei o que escrever. Fecho a cortina, respirando fundo com a caneta entre os dedos.

...

Ainda estou tremendo. Desde ontem quando apresentei o meu texto para a minha família na sala, até agora na nossa sala de frente para o cara que troco mensagens anonimamente há algumas semanas.

Josh está concentrado no aluno - que eu não sei o nome - tão concentrado que nem liga pra mais nada. Mexo no cabelo tentando parar com o embrulho no estômago de uma vez, mas isso não adianta muito.

- Uma salva de palmas para o nosso aluno! - o meu professor pede assim que o loirinho fecha a boca sinalizando já ter terminado - Senhorita Franco? - me chama indicando o pequeno palco.

Dou uma última e rápida olhada para Shivani que tem um sorrisão de boa sorte no rosto. Acabo ficando mais aliviada com isso, mas não completamente. Subo no palanque com o meu papel nas mãos tremendo diante do meu medo de falar em público.

- Bom, o nome do meu texto é Se guardar de alguém - digo com os dois olhos presos nas palavras escritas a caneta.

Guardamos quem somos por questões diversas. As vezes é por não gostar do que acreditamos e somos, outras vezes é por simplesmente não aceitar que certas coisas são feitas para serem reveladas por merdo. Então, por que não contarmos quem somos? Quais perguntas irão surgir depois disso? O que acontecerá caso, caso eu resolva abrir o meu coração e ele os seus olhos? O que acontecerá quando ele perceber que o que mais procura está na sua frente?

Paro de falar recebendo uma salva de palmas frenética e alta, mas sem consegui levantar o olhar, porque por algum motivo não consigo acreditar que eu realmente fiz esse texto falando sobre algo tão óbvio. E se ele tivesse pego o fio da meada? E se esse fosse o nosso fim?

Os nossos olhos se encontram. Me sinto esperançosa e receosa ao mesmo tempo. Quero que ele saiba? Quero mesmo? Mesmo com todos os riscos disso dá errado? Sim, eu quero.

- Parabéns Any - ele deseja somente com um sorriso hesitante no rosto. Vou para a minha mesa tendo toda a certeza que ele não sabe.

Bom dia monas :)

Já chegamos ao 150 votos!! Glórias. Agora vamos aos 200, amém. Por falar nisso, o que vcs estão achando da história?

XOXO LARA.


My Teacher - beauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora