Any Franco
Estou no hall do apartamento dele há quase duas horas, sendo que eu tenho a sensação que só se passaram dez minutos - ou até menos. Tento não ficar andando para o lado e para o outro diante da possiblidade do porteiro perceber a minha aflição, já bastava o pleno fator de que toda aquela situação tinha sido culpa minha.Fui chamada apenas para explicar o que o Bailey tinha feito. Expliquei tudo, passo por passo. Tudo desde o início e inclusive que não havia sido a primeira vez que aquele tipo de coisa acontecia. A questão em si foi que o Josh não empurrou o meu ex... Ele deve ter dado, pelo menos, uns três belos socos no rosto bonitinho do jogador.
O impressionante disso tudo foi que vários alunos o ajudaram a ir pra cima do Bailey, sendo que até o Bryan resistiu ao tirar o Josh de cima do capitão. Tentei falar com ele, mas ao invés disso, fui levada para a diretoria pela Sabina que tentava me acalmar e acalmar o outro professor de sociologia que parecia histérico.
Cruzo as minha perna ao sentar no chão a espera de algum sinal que me deixe mais tranquila. Os meus pés começam a bater no chão no ritmo de uma música de comercial que escutei um dia desses. Coloco a minha cabeça entre os joelhos diante da sensação de derrota.
- Any? - escuto a voz cansada dele soando me deixando sem ação por alguns segundos, até que me levanto quase pulando no seu pescoço ao abraça-lo. Ele também me abraça de volta com os braços firmes ao redor da minha cintura.
- Me desculpa! Só que eu não consegui esperar tanto tempo só pra te ver e... - me afastei com os meus olhos ardendo em lágrimas - Tudo o que aconteceu hoje foi culpa minha! E eu sei disso, se você...
- Any, nada disso foi culpa sua, tá? - ele tem o casaco nos ombros e usa os óculos que sempre usa quando não está com a vista tão boa - Ele que é um desgraçado, porque sinceramente eu não consigo entender como você consegiu ficar tanto tempo com ele - lamenta subindo as escadas devagar.
- O que a diretora falou? - pergunto tentando ignorar o que ele acabou de dizer sobre o Bailey - O que aconteceu depois que eu sai?
- Ela entendeu os meus motivos de ter perdido a cabeça, mas isso não justifica o que eu fiz... - ele suspira cortando o meu coração - Mas o Bailey não quis prestar queixa nenhuma ao meu respeito, então não precisei de nenhuma suspensão ou coisa do tipo - ele aperta no sinal do elevador.
- O Bailey não quis prestar queixa? - isso sim são novidades - Por que você parece tão mal? Eu pensei que toda essa situação fosse te deixar mais calmo, mas você parece tão...
- Decepcionado? - conclui balançando a pasta para o lado e para o outro - Porque se você fosse falar isso, estaria certa - diz abrindo a porta do elevador - Em poucos meses eu fiz tantas coisas que jurei não fazer quando me formei e isso é tão... Complicado na minha cabeça.
Faço que sim sentindo um peso no peito difícil de explicar. Recuo sentindo a dor do tapa invisível que ele acabou de me dá sem querer, mas nem por isso a vontade de correr diminui. Preciso sair de perto dele. Não posso ficar depois de todo o mal que provoquei ao Josh. Mesmo que doa as coisas nem sempre serão fáceis de serem resolvidas como nesse momento.
- Preciso ir – digo para ninguém específico. Não viro de costas para ir até o portão, dá meia volta e sair do prédio. Apenas continuo parada, com as duas mãos apoiadas na lateral do meu corpo, enquanto o Josh me olha como alguém que precisa decidir o que fazer.
- Any... – ele fecha os olhos acompanhado de um suspiro profundo de quem necessita ser ouvido, mas eu não consigo fazer isso. Pelo menos, não agora – Não foi culpa sua nada do que aconteceu no ginásio, tá? Nada, nada mesmo. E até se eu tivesse perdido o emprego teria valido a pena dá na cara dele – explica, mas a única coisa que ainda flui na minha cabeça é o “perder o emprego”.
- Eu realmente preciso ir pra casa. Tomar um banho e fingir que isso nunca aconteceu – explico pausadamente como se isso pudesse entrar na minha cabeça de uma vez. Ele assente devagar, no entanto, ainda sinto a sua relutância ao dizer que sim com o tom de voz sussurrado – Nos encontramos amanhã na peça da Kim, ok? – aviso.
- Ok – responde entrando no elevador – Any? – paro nas escadas – Eu amo você! – exclama quase gritando fazendo o porteiro nos olhar com uma cara de quem sabia que estava lidando com um homem apaixonado.
- Eu também amo você – falo de volta.
E exatamente por isso que preciso ficar longe. Pelo menos dessa vez. Não quero ser culpada por nada, nem por isso ou por qualquer coisa que possa acontecer em um futuro próximo.
Josh Beauchamp
Nada entra na minha cabeça. Parece que todos os textos de Romeu e Julieta estão errados ou com um vazio sem sentido que não deveria ter. Quase desejo jogar tudo para o alto, mas não permito isso, já que qualquer erro é a minha cabeça rolando pelo chão e entendo completamente.O que deu em mim? Pelo amor de Deus! O menino tem 17 anos ou até menos. Claro que se comportaria como um mimado de merda, mas isso não me dava o direito de socar a cara dele. Eu tenho 21! 21 anos! Qual é o meu problema? Por dois segundos quase chego a pensar que o meu problema tem nome e sobrenome, mas não deixo que isso continue.
Não posso culpar alguém que não tem culpa nenhuma das merdas que eu faço. Isso não me deixa mais tranquilo, já que as coisas parecem acontecer o tempo todo comigo e com ela sempre coisas que querem nos separar da pior forma possível. Talvez esse tempo seja bom. Um tempo só para nós dois.
- Pensativo? – escuto a voz da minha mãe – O que te fez ficar com essa carinha tão magoada, hein? Ou devo dizer quem? – tenta com um sorriso malicioso que me faz ri. Dou de ombros mostrando a quantidade de papéis na minha frente.
- Muito trabalho. Só isso... – respondo e ela solta um suspiro de quem não acredita em uma palavra fazendo com que eu revire os olhos diante da cara que ela faz. Me inclino sobre o balcão no mesmo instante que o meu celular vibra.
Dou uma olhada na minha lista de e-mails, da onde veio a mensagem, encontrando o remetente mais improvável possível: Universidade de Toronto. Abro com pressa, mas ainda sentindo o coração acelerado de nervoso. O conteúdo da mensagem me faz ficar com a garganta seca e algo mais profundo na cabeça.
Eu fui chamado. Depois de meses, acabei sendo chamado para ser o professor de uma das melhores faculdades de Toronto. Não Las Vegas ou Londres, mas sim Toronto.
Bom dia :)
Lara.
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My Teacher - beauany
Teen Fiction"Posso ser o que você quiser... Basta querer." Any sempre foi apaixonada pelo professor de literatura da sua escola, sendo que não existe mais nenhuma esperança no seu coração de ter alguma chance com o loiro de olhos azuis. Mas as coisas mudam no ú...