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Any Franco
Ainda estou parada na frente da porta do escritório com a mão na maçaneta e o coração batendo firme contra o meu peito. Devo ou não devo? Passei o dia inteiro pensando nisso sobre contar ou não contar para o meu pai sobre o meu relacionamento que talvez não fosse o que ele esperava de mim? Respiro fundo batendo na porta.

- Pode entrar – o escuto falar de dentro do cômodo. Quando a abro a barreira que estava entre nós dois, o vejo com a cara grudada em um caderno gigante com várias canetas em volta – Filha? Que bom em te ver por aqui – ele se levanta pegando a caneca de café que estava sobre a mesa.

- Ah, fico feliz com isso – respondo sentando no sofá do canto com as duas mãos cruzadas sobre o meu colo sem coragem de continuar em frente – Eu tenho uma coisa importante para falar com o senhor – digo só de uma vez como se fosse apenas uma palavra, mas ele entende, porque a experiência sobre esse tipo de coisa é de quase vinte anos.

- E sobre o que seria? Algo na escola? Dentro de casa? – tenta sem prestar muito atenção no que está falando, mas eu presto. Sei que ele já imagina qual assunto será tocado ali – O que foi? – o tom inocente me faz ri.

- Eu estou namorando, pai – falo calmamente. Pausadamente, respirando fundo ao término de cada palavra – E talvez essa pessoa não seja alguém muito mais fácil de aceitar... – mordo o lábio inferior com força. O sinto tocar na minha mão com carinho me fazendo relaxar.

- É um ladrão? – arregalo os olhos assustada fazendo que não – Feio? – digo que não rindo – Mau caráter? – repito o meu não, sorrindo – Ele te faz bem, querida? – pergunta com os dois olhos brilhando na minha direção.

- Ele me faz muito feliz, pai. Muito feliz mesmo, pai e eu... – o encaro sem medo de dizer o que eu sinto – Eu o amo mais do que já amei qualquer pessoa – revelo o fazendo soltar um suspiro de quem parece estar com uma missão cumprida.

- Então o que você está esperando? – conclui fazendo com que eu levante com um pulo pronto para dá um beijo rápido na sua cabeça. Logo depois disso, corro para o meu quarto escolhendo o meu vestido da noite.

Eu tenho uma peça para ir.

Josh Beauchamp.
Já faz quase 20 minutos que estou na frente do teatro esperando por ela. Arrumo a minha gravata mais uma vez com medo de não ter sido colocado direito pela minha mãe que sempre odiou ter que arrumar as gravatas do meu pai. O meu cabelo parece bagunçado demais, mesmo que não tenha como penteá-lo de jeito nenhum.

A peça vai começar em apenas dez minutos e isso faz com que o meu peito fique apertado com a simples ideia de que talvez ela possa não comparecer.
Algumas buzinas altas anunciam que alguma coisa está acontecendo. Me viro curioso e acabo encontrando um táxi amarelo no meio da rua com a porta entreaberta tendo apenas uma perna para o lado de fora. Tento ver quem está do lado de dentro com as esperanças no máximo outra vez.

- Me desculpa! – ela pede para um dos motoristas, que acabam aceitando com um sorriso diante da figura na frente deles – Oi – ela me cumprimenta assim que sobe a calçada, puxando o vestido preto para cima – Demorei demais? – pergunta preocupada.

Faço que não sem saber o que falar diante dela. O vestido é meio aberto na frente, além do tamanho que vai até o seu tornozelo com o cabelo enrolado que cresceu uns quatro centímetros desde a última vez que nos vimos – deve ser por causa do penteado de antes.

- Não – respondo gaguejando – Posso? – ofereço o braço que ela acaba aceitando de boa vontade. Acaba que cansamos de andar como um casal de velhos, então pego a mão quente dela, entrelaçado os nossos dedos. O cheiro dela me invade fazendo com que eu perceba a falta que ela me fazia.

- A kim já entrou? – pergunta dando uma olhada ao redor.

- Deve estar se arrumando – respondo dando de ombros olhando para um carrinho de comida – Quer alguma coisa? – aponto na direção dos doces. Ela parece indecisa em aceitar, por isso a empurro, levemente, para o lado como forma de provocação – O que foi? É só aceitar – digo para escuta-la sorri.

- É que... – ela morde os lábios mostrando o nervosismo – Eu tenho medo de morrer de falta de ar, por causa desse vestido – explica me fazendo sorri. Quero dizer que ela é a coisa mais bonita da noite e que sem dúvidas nenhuma ninguém ligaria caso...

- Kyle! – escuto a voz da minha irmã e quando me viro é realmente ela correndo na nossa direção com o vestido verde balançando para o lado e para o outro – Preciso de ajuda – avisa me fazendo agachar para ficar do tamanho dela.

- O que aconteceu? – sinto a mão da Any sobre o meu ombro.

- O maldito cantor e o pianista sumiram – ela não me dá nem a oportunidade de retrucar o “maldito” quando logo se adianta – A Taylor disse que os dois foram fazer bebes em algum lugar – abaixo a cabeça diante da frase da minha melhor amiga. Any vira de costas para esconder a risada.

- Sinto muito, Kimberly – digo me levantando – Mas não sei como posso ajudar.

- Eu sei! – diz com as duas mãos no rosto – Josh, você fez várias aulas de piano, lembra? – recorda com um sorriso ainda maior do que antes – E já escutei a Any cantando baixinho em casa.

- Kimberly... – tento, mas ela não deixa.

- Subam no palco para mim?

Será que eles vão aceitar?
O próximo capítulo é muito importante e extremamente esperado, hein!
Lara.

My Teacher - beauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora