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Any Franco
Um silencio ensurdecedor surge depois que a última palavra sai da minha boca. Continuo segurando firme a base do telefone que continua tocando, mas sem ter a atenção de ninguém depois disso. Fiz alguma coisa errada? É melhor descobrirem pela minha boca do que pela boca da diretoria. A minha mãe foi a primeira a ter alguma reação condizente, já que sorriu pegando no meu braço com carinho para logo depois puxar o celular do gancho o desligando.

- Bem, eu já imaginava algo do tipo – ela revela me fazendo abrir a boca chocada – Ele te olhava de uma forma tão carinhosa que era fácil de perceber que tinha alguma coisa no coração dele que girava ao seu redor, querida – explica calmamente me puxando um pouco para o lado a fim de que pudéssemos sentar no sofá.

- Por que não falou nada? – pergunto confusa dando uma conferida na reação do meu pai que continuava nos encarando sem nenhuma emoção aparente no rosto – Ele ainda era o meu professor na época, lembra? – não sei porque quero fazer com que ela lembre de todos os motivos que me fizeram esconder deles por tanto tempo (3 anos para ser mais exata).

- Conheço o Josh desde que ele ainda usava aqueles óculos de um lado para o outro assim que entrou na faculdade e sempre tive certeza do seu amor pela literatura, então... – ela passa a mão pelo vestido dela – Sabia que ele não teria coragem de tocar em você, enquanto ainda fosse o seu professor, sabe? – faço que sim sentindo uma onda de alívio, mas logo fazendo com que ela sumisse ao olhar para o meu pai.

- Foi por isso que mudou de turma? – pergunta parecendo constatar alguma coisa.

- Não – digo sendo sincera – Ficamos juntos depois disso, muito depois disso – conto mexendo no meu cabelo sem parar diante do meu nervosismo – Não contei antes exatamente porque fiquei em pânico, por causa dele, mas... – aperto a mão da minha mãe como se ela pudesse me salvar – Ele nunca fez nada de errado. No final de tudo, eu fui a insistente de toda a história – mesmo com o clima tenso não consigo deixar de sorrir ao me lembrar das mensagens.

O meu pai me olha para depois voltar o olhar para a minha mãe que se mantém ao meu lado como uma melhor amiga que nunca pensei que ela pudesse ser. Ele se ajoelha ficando na minha frente com a testa franzida – mostrando que estava pensando em algo sério. Depois olha pra mim como um velho amigo dizendo tranquilo: - Só o traga para jantar amanhã à noite e tudo ficará bem.

Depois, só me lembro de abraça-los chorando aliviada.

...

A casa do Bailey era enorme. Típica mansão de empresário que não tem nada pra fazer, além de tirar dinheiro de outras pessoas como se não fossem nada. Percorro o jardim de dentro, já que o porteiro me deixou entrar (o meu nome continua na lista das pessoas que não precisam de permissão pra entrar). Sei exatamente a onde o May deve estar – no lugar que parece ser quase um templo familiar.

Vou até a quadra de tênis dando de cara com vários funcionários que parecem me reconhecer das longas idas até esse mesmo lugar há alguns anos atrás. Há uma aglomeração próxima e por isso não fico surpresa ao encontra-lo com o Bryen jogando uma partida animada de tênis, enquanto são servidos por uma quantidade imensa de bebidas. Paro bem próxima da mesa que não tem mais espaço por causa dos copos espalhados esperando que ele pare de inflar o próprio ego para olhar em volta.

- Any? – ele parece meio tonto – Que surpresa encontra-la aqui... – acaba andando na minha direção. Bryen acena pra mim e acabo o cumprimentando, porque sempre foi legal comigo na época em que eu namorava o melhor amigo dele – Quer jogar tênis? – pergunta pegando outra garrafa para coloca-la na boca.

- Preciso falar com você – digo puxando a garrafa dele – Preciso mesmo, Bailey. Será que dá pra você me dá um pouquinho do seu tempo? – peço perdendo a paciência. Odeio esse cheiro de bebida, ou a forma dele bebendo demais. Isso sempre me lembra de como eu ficava assustada quando percebia que as coisas estavam saindo do controle.

- O meu tempo é todo seu, queridinha – diz fazendo um sinal para o amigo que apenas dá de ombros deixando claro que não se importa em ficar sozinho. Começamos a andar para dentro da casa, um ao lado do outro, ansiosos em poder conversar logo – O que foi? – pergunta cruzando os braços ao redor do corpo.

- Foi você que fez a denúncia sobre o Josh? – pergunto sendo direta. Não existem mais motivos para esconder os fatos – Foi você, não foi? – Bailey senta no balcão chique da casa dele cruzando as pernas, enquanto brincava com o líquido vermelho que estava por perto.

- E o que eu teria como denúncia, cara Watson? – pergunta cheirando o conteúdo parecendo bem preocupado em beber algo estragado, mas acaba bebendo por fim – Que vocês estavam juntos? Pelo amor de Deus! Se eu quisesse realmente fazer isso, já teria feito, mas pode ter certeza que não fiz – as palavras saem tortas.

Reviro os olhos me aproximando dele calmamente.

- Por que eu acreditaria em você?
- Porque você namorou esse merda há dois, esqueceu? Sabe que eu nunca tentaria acabar com alguém de um jeito tão sórdido – diz com o que parece ser repulsa – Tentei realmente tira-lo de lá quando o provoquei, mas fora isso... – ele revira os olhos demonstrando não gostar da conversa.

- Como você sabe? Andou me seguindo por acaso? – pergunto colocando a mão contra a tábua fria – Não me surpreenderia em nada, acredite. Já sei que fez coisa muito pior para chegar perto de mim – falo o fazendo soltar uma risada incrédula.

- Eu não andei seguindo você, Gaby – o apelido que ele sempre usou comigo me causa arrepios, no mal sentido da palavra – Além disso, odeio quando você me acusa de algo sem fundamento – abro a boca para retrucar, mas ele não deixa – Mesmo que tenha motivos para desconfiar - Me afasto sabendo que aquela conversa não me levaria a nada.

- Não confio em você, Bailey.

Vcs confiam no Bailey?
Estamos entrando na reta final :)
Lara.

My Teacher - beauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora