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Os olhos dela estão fluidos. Quase como se estivesse aliviada de ter sido sincero pela primeira vez em dias. Ando até uma das poltronas, puxando do armário que fica logo atrás uma garrafa de uísque que devia ter quase cinco anos – sendo que a única vez que tomei aquilo foi no aniversário de morte do meu pai há alguns meses. Ela me observa colocar o líquido vermelho no copo com a “prova da minha traição nas mãos”. Tomo um gole, depois outro, depois mais outro sem consegui processar nada na minha cabeça.

- Ia me contar quando? – ela resolve iniciar a conversa complicada, primeiro – Quando estivesse com as malas prontas na frente do aeroporto? – pergunta me fazendo levantar tão rápido que quase vomito toda a bebida que estava sendo ingerida pelo meu estomago. Toco nos braços dela querendo abraça-la, mas mantenho uma distancia considerável.

- Não tinha nem como ser desse jeito, Any – percebo que continua chovendo – Porque eu já tomei a minha decisão – digo a fazendo arregalar os olhos – Eu não vou – conto esperando um sorrisão da parte dela ou algo do tipo, mas ao invés disso, ela deixa o papel cair ao mesmo tempo em que todos os tipos de sentimento surgem a fazendo colocar as mãos no rosto chorando – Any?

- Por que você vai ficar? – ela se afasta com as duas mãos no peito agora, deixando a mostra o rosto vermelho diante do choro que já estava a deixando nervosa – Não tem mais nada que o prenda aqui, Josh – ela começa a dá voltas pelo quase quarto – Nada que o prenda aqui. O emprego da escola acabou se lembra? – ela pergunta quase gritando – O que faz querer dizer não para essa maldita vaga? O que, Josh? – ela está cada vez mais alterada. Tenho medo de seguir em frente dizendo que tem tudo a ver com ela.

Na verdade, tenho mais medo que ela entenda isso. Talvez uma parte de toda a questão tenha a ver com ela, mas uma parte imensa tem a ver comigo. Tem a ver comigo e tudo que Toronto trás de volta para a minha cabeça e isso é tudo tão complicado e difícil que acabo ficando sem reação diante da pergunta dela, por isso acabo permitindo que ela conclua que: a resposta é ela.

- Josh... – um, dois, três passos para trás – Não pode fazer isso! – ela diz e está chorando – O meu pai demorou anos para consegui uma vaga em uma universidade e meu Deus! Tem ideia do que conquistou? Do que isso pode significa para sua carreira? Para sua vida? – dou um, dois, três passos para frente – Tem ideia da culpa que eu já carrego diante daquela merda na escola e agora isso? – ela fala e tento toca-la, mas a mesma não permite recuando ainda mais.

- Isso não é culpa sua, ok? – respiro fundo – Existe uma vasta lista dos porquês inteiros que me prendem aqui e nem todos eles giram ao seu redor – os seus olhos se acalmam. As lágrimas continuam, mas consigo tocar na base da sua bochecha sentindo a pele molhada entre os meus dedos – Nada disso é culpa sua.

- Então por que não me contou? – e de repente tudo está errado, porque ela se afasta deixando outro espaço imenso entre nós dois quebrando o meu coração outra vez – Por que não me contou, Josh? Se não tem nada a ver comigo – pergunta consciente da minha resposta e de tudo que está passando pela minha cabeça. Fecho os olhos sentindo o peso das palavras não ditas naquele momento.

Ela sai batendo os pés. A roupa dela ainda está molhada, mas mesmo assim ela tira a minha blusa pegando a sua roupa que cola imediatamente no corpo dela. A encaro sem entender o que ela pensa que está fazendo, quando acabo me dando conta de uma coisa.

- Quem te contou? – ela para de abotoar os botões da camisa – Any, você nunca mexeria nas minha coisas se não tivesse um motivo – explico a minha teoria a fazendo relaxar as mãos. Estou tão sério no momento que nem noto a pele despida como se ela fosse apenas mais uma obra de arte.

- Emily – o nome era o último que passaria pela minha cabeça. Arregalo os olhos, abro a boca como alguém que precisa que ela repita o que acabou de dizer porque não consegue acreditar – E talvez ela esteja certa em dizer que eu apenas atrapalho a sua vida, não é? – coloco a mão no rosto sem acreditar. Não, nada disso, maluquinha.

- O que você está fazendo? – ela termina de se arrumar indo até a porta – Ficou maluca de sair assim de cabeça quente? Nesse tempo? E meu Deus que horas são? – procuro o meu celular, mas não encontro. Ela abaixa a cabeça nervosa.

- Pego um táxi – responde dando de ombros – Além disso, esqueceu que moramos em Las Vegas? Essa cidade só funciona a noite – diz saindo. Vou atrás dela correndo a parando na frente do elevador.

- Any, tudo isso é muito complicado – digo passando a mão pelo cabelo – Eu sei disso, mas preciso que você confie em mim quando eu digo que precisamos conversar sobre nós dois... – ela toca no meu peito descoberto arrepiando cada célula do meu corpo. A observo fechar os olhos para depois abri-los outra vez.

- Não existe mais nós dois, Josh – fala tão tranquilamente que nem consigo acreditar – Pelo menos por um tempo, eu quero que você pense duas vezes antes de responder aquele e-mail. Quero que pense duas vezes antes de dizer não para algo único da sua vida – fala com os olhos cansados – Quero que pense duas vezes antes de decidir ficar comigo e dependendo da sua resposta, decidiremos se devemos ficar juntos ou não.

Boa tardeee
estamos em contagem regressiva, hein? Quem quiser entrar

My Teacher - beauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora