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Any Franco

...

Sabina tenta me acalmar comprando chocolates e levando refrigerante em lata - algo que ela odeia - para a cama, enquanto assistimos a algum filme estrangeiro de comédia, mas sem o Adam Sandler.

Tento dizer que está tudo bem, mas ela não me escuta. Continua levando mais e mais comida para a cama tratando de me animar todas as vezes que as lágrimas ameaçavam cair outra vez.

Eu devia estar um caco de tanto que as coisas pareceram sair do controle a toda a hora. As imagens passavam e as falas dela, no entanto nada entrava. Só conseguia pensar no olhar de decepção do Josh sobre mim.

Respiro fundo. Pego o celular que eu tinha guardado na gaveta e levanto da cama indo até o banheiro com pressa.

- Any? Ei! - Sabina chama vindo atrás. Sem pensar duas vezes abro a tampa do vaso jogando o celular ali para depois dar a descarga - Sua maluca! Por que fez isso? - ela tenta pegar de volta, mas o mesmo já tinha sumido pela água.

- Pra que eu fui aceitar fazer isso? As coisas já não estavam ótimas do jeito que estavam? - pergunto exasperada quase gritando ao mesmo tempo que chorava.

- Any, eu sei que as coisas estão péssimas agora, mas tudo aconteceu de forma tão bonita e encantadora... - faço uma careta com a fala dela.

- Encantadora? Você acha que tudo que aconteceu foram encantadoras? - passo a mão pelo meu cabelo andando de um lado para o outro - Quem te deixou mais burra? O meu irmão ou todos os outros caras que te usaram só pra meter um par de chifres na tua cabeça? - solto sabendo que falei merda.

A Sabina recua diante do tapa invisível que acertei nela. Bufo de frustração sabendo que falei merda, mas por enquanto não me importava com os sentimentos dela.

- Isso foi cruel, Any - diz com os dois braços cruzados - Sei que você não é assim e não quis falar isso...

- Quis sim! Pode contar que quis - vou até a porta do quarto a abrindo com força - No momento eu só desejo que você se ferre igual aquele maldito telefone! - falo rapidamente esperando que ela saia.

Ela pega a bolsa que estava em cima da cama indo em direção a porta com o rosto vermelho.

- Espero que você descubra que não é preciso ser terrível para não demonstrar como você pode ser sensível - avisa saindo. Fecho a porta a trancando antes de me jogar na cama outra vez.

Josh Beauchamp

...

Bato com o copo na mesa. O uísque queima no copo, enquanto a caneta passa pelas folhas do trabalho que ainda não corrigi. Me levanto andando pelo quarto com a garrafa nas mãos sentindo o gosto picante passando pela minha garganta.

Passo uma água pelo meu rosto, depois passando pelo meu cabelo tentando acalmar todas as sensações do meu estômago. Dou uma olhada pro lado de fora dando uma boa vista em tudo que está acontecendo.

- Merda... - murmuro quando deixo a garrafa caindo que acaba espirrando o líquido vermelho para todos os lados. Fico observando a forma como o vermelho se espalha.

O rosto dela vem na minha cabeça. Faço que não tentando afastar o sentimento com raiva. Não quero sentir nada. Nada, nada...

Abro a porta cambaleando até o quarto dela. Não me importo com mais nada. Preciso ter certeza. Preciso saber.

Bom dia.

My Teacher - beauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora