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Josh Beauchamp
Nove horas, trinta minutos e alguns segundos rápidos. Todos parecem viajar nessa sexta feira, tanto que o meu voo está lotado. Olho para os lados procurando por nada muito exato. Ah tá! Pra quem eu estou tentando mentir? Eu estou procurando por ela. Sempre. Procurei na minha caixa de entrada, hall do meu prédio, quarto, banheiro e até mesmo nas ruas, enquanto o carro andava devagar.

Taylor estava ao meu lado falando no telefone com a tal namorada. Olhei para um cartaz que estava escrito em português – sei disso, porque andei lendo o pequeno dicionário que a Any me deu há algum tempo – tentando decifrar o que estava escrito no mesmo diante da minha plena falta de capacidade de ficar concentrado estudando a nova língua sem ir para a primeira página lendo a citação que ela deixou logo no início.

- Pronto rapaz! – a minha melhor amiga diz dando uns tapinhas no meu ombro – O seu avião sai em apenas dez minutos, então logo, logo estará em Toronto sentindo o ar gélido entrar pelas suas narinas congelantes, ok? – fala com um sorriso ainda maior fazendo com que eu fique mal em estar tão pra baixo – Ei, o que foi? Essa cara está desse jeito por que? – idaga com as duas mãos na cintura.

- Por nada – respondo meio sem graça – Não sei se quero entrar nesse avião. Nunca esperei voltar pra Toronto, sendo que eu sempre quis sair de lá – explico juntando os meus pés. Taylor sorri de um jeito único juntando as sobrancelhas em uma careta engraçada – Tá, eu sei! Isso tudo é muito louco, porque eu sou louco de estar reclamando depois de receber uma chance única dessas... – respiro fundo a medida que o meu coração se aperta. Vejo uma garota de cachos andando e isso me lembra ela, como todas as coisas ao meu redor.

Ela abre a boca para dizer algo, mas ao invés disso apenas sorri mais uma vez sinalizando o quadrado a minha frente. Era a primeira chamada para o voo. Aperto a minha mala com força. Ir ou não ir? Olho para trás mais uma vez, mas não encontro nada. Ao invés disso, dou um abraço apertado em Taylor que apenas me empurra para frente me desejando sorte.

Com os olhos cerrados, garganta seca e o coração partido passo pela barreira de segurança.

Any Franco
O carro engata a macha. Saio correndo sentindo a minha saia voando para todos os lados diante do meu pleno desespero de chegar logo no lugar de embarque. Rezo para todos os autores de clichês lunáticos, desde os personagens mais clichês como a Lou – mesmo que o final seja bem triste – e Hazel – mesmo que seja outro final triste.

Dois seguranças me encaram ao notarem que estou correndo, mas nem me importo. Nos livros de clichês também existem seguranças que não fazem nada e como na vida real também não fazem. O colar balança contra a minha pele descrevendo as batidas aceleradas do meu coração que não sabe fazer nada além de disparar contra os meus músculos.

Ah meu Deus! Solto um grito quando o vejo. Ele abraça Taylor que apenas dá de ombros o empurrando para frente com pressa. Começo a acenar como uma desesperada, mas nada. Nenhum dos dois me enxerga, então abro a boca soltando as primeiras letras do nome dele em um grito vigoroso: - Josh... – diferente dos filmes e livros clichês, eu caio por cima de outra mala que também leva uma senhora. Solto um gritinho quando o vejo virar para trás ao ouvir o seu nome, mas também por ter várias coisas jogadas contra o meu corpo.

Não! Não! Tento me levantar, mas alguém me puxa. Josh está sumindo, ele está sumindo da minha vida. Tento ir para o lado, mas nada além do nada. Ao invés disso sou jogada contra outra mala tendo que abrir a boca chocada pela ousadia dos seguranças, mesmo que quando eu olhe para cima encontre apenas a loira enorme me encarando com os braços cruzados.

- O que você está fazendo aqui? – pergunta ríspida. Direta.

- Preciso falar com o Josh, Taylor – digo quase chorando – Preciso dizer pra ele que nunca quis que ele fosse embora, porque eu... – ela me toca.

- O ama? – completa indiferente ao segurança nos chamando – Realmente o ama, porque o deixou ir, Any e isso foi a maior prova de amor que poderia dá – ela segura os meus dois braços – O que adianta dizer tudo isso pra ele se vai fazer com que o mesmo fique? O que adianta? – ela idaga com um sorriso nos lábios. Não consigo concordar, porque sou levada para o outro lado por um dos seguranças.

Sou levada para o outro lado. Não chove pelos próximos dias.

Lara.
Fim.

My Teacher - beauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora