95

2.8K 333 94
                                    

Any Franco
O encaro ainda sem entender o que está acontecendo. Ele contou sobre nós dois? Sobre nós dois? Como assim? Será que a diretoria já ligou para os meus pais preocupados comigo? E se o meu pai fica furioso em saber desse jeito? Ah, me Deus! Que merda, merda, merda. E eu não acredito que ele tomou essa decisão desse jeito. Como se não fosse nada demais.

- Josh – recuo com a mão na boca sem acreditar – Não posso acreditar que você fez isso – digo o fazendo me olhar confuso – Combinamos que não contaríamos nada agora, se lembra? Combinamos isso, Josh! Como é que você simplesmente soltar uma coisa dessas sem nem mesmo me avisar? – nem sei se estou gritando, mas algo em mim pede muito para que isso aconteça.

- O que foi? Queria que eu continuasse mentindo, Any? Sério? Mesmo depois de todos esses meses escondendo nós dois do resto do mundo? – pergunta sentando com força na cadeira que antes era dele. Eu teria uma crise a qualquer momento e isso era certo. Senti as lágrimas despontando, no entanto, era a última coisa que realmente desejou passar pela minha cabeça no momento era chorar – Any, eu sei que eu deveria ter contado ao seu lado, mas...

- Mas o que, Josh? – ah caramba! Eu estava desesperada – Tem alguma ideia do que os meus pais vão falar quando descobrirem isso? Desse jeito? – mordo o meu lábio inferior tremendo – Josh, sabe quantas escolas vão querer te contratar depois que souberem que você estava tendo um caso com uma aluna? – pergunta querendo que ele enxergue o que acabou destruindo ao revelar toda a verdade.

- Não temos um caso, Any – corrige parecendo estar se controlando para não dizer nada de errado – Eu te pedi em namoro, lembra? Te apresentei pra minha mãe, lembra? Fiz todo o bom papel de um cara que queria algo real com você, então não venha usar a palavra “caso”, ok? – pede, mas nem escuto. Na verdade, mal escuto duas palavras que ele possa ter dito.

A única coisa que consegue passar pela minha cabeça é como tudo vai ficar uma loucura assim que a história toda fugir do controle da diretoria, ou melhor: quando eu for pra casa e acabar dando de cara com os meus pais furiosos. O meu pai nunca vai permitir que nós dois ficássemos juntos ao descobrir dessa forma.

- Tudo isso está errado, Josh – digo limpando a face da minha bochecha com a mão – Tudo isso... Ah meu Deus! Não era para isso ter acontecido – digo olhando para os lados tentando me livrar da culpa que já me consumia por inteiro. Se eu respirasse fundo, indo e voltando, daria tudo certo, não daria?

- O que não era pra ter acontecido, Any? – olho para o rosto tenso dele e a única coisa que consigo enxergar é dor – Nós dois? Isso que você quer dizer? – tento retrucar, mas ele não permite, acrescentando logo depois: - Porque quem começou toda essa merda foi você com aquelas benditas mensagens – acusa fazendo com que eu sinta algo muito parecido com raiva crescendo no meu peito.

- Não tente jogar a culpa de tudo isso pra mim! – peço me levantando – Não se esqueça que se não quisesse responder as mensagens era só me bloquear, tá? Agora, eu vou tentar resolver essa bagunça toda... – sinto uma tontura, por isso seguro com firmeza a ponta da mesa tentando me tranquilizar.

- Any – ele toca no meu braço me mantendo em pé. Quando percebo que estou bem, me afasto segurando firme a minha mochila sem nem acreditar que realmente está acontecendo tudo isso.

- Eu preciso ir – digo controlando a mágoa que cresce – Nós dois precisamos desse tempo para decidir o que é melhor para as nossas vidas – falo recuando para chegar até a porta sem ser tocada pelo mesmo.

...

Chego em casa quase correndo sem nem mesmo ter pedido permissão para sair da escola. Parte de mim está muito concentrada em chegar antes do telefone tocar, mas a outra pede para que eu volte correndo para o Josh pedindo desculpas por todas as loucuras que acabei dizendo. Abro a porta de supetão encontrando a minha mãe na pia com várias louças, enquanto o meu pai olhava a panela.

- Oi – digo quase gritando para que todos possam me escutar melhor. Assim que me enxergam acabam esboçando um sorriso deixando claro que não estão sabendo de nada – Tudo bem por aqui? – pergunto colocando a minha mochila no chão.

- Tudo, querida – a minha mãe responde levantando um prato – E com você? Parece tão pálida... – ela para a fim de me olhar melhor – Não acha, Maurice? Ela parece doente? – o meu pai concorda sem parar de mexer – As aulas foram pesadas hoje, filha? – a preocupação dela me corrói.

- É sobre isso... – paro de falar, porque o telefone toca. Paro na soleira sem acreditar. Será que são eles? Corro até a base puxando o eletrônico de lá sem pena para chegar direta com um: - Quem fala?

- Boa tarde! Eu poderia falar com o senhor Soares? – pede e a voz é tão rouca que me deixa preocupada por alguns minutos – Poderia? É da rede de educação... – solto o telefone que cai contra o vidro da pequena mesa que o apoiava. Todos me olham preocupados.

- O que foi, Any? – ela se aproxima com o avental sujo – Aconteceu alguma coisa? – quando ela vai pegar o telefone eu coloco rapidamente na base de antes tremendo. Ah meu Deus... Seria agora. Agora, apenas agora – Any! Por que fez isso? – o telefone começa a tocar outra vez – Agora, deixa que eu... – barro a passagem dela – Any! O que significa isso?

- Preciso contar uma coisa – falo rapidamente sentindo o coração disparar – Preciso contar uma coisa muito importante que não pode ser contada por esse telefone. Não desse jeito – explico fazendo com que o meu pai desligue a panela se aproximando preocupado.

- Ah meu Deus, Any! Conte logo o que aconteceu antes que eu tenha um infarto do coração – pede. Solto a mão do telefone ainda tremendo com as lágrimas embaçando a minha visão. O telefone toca outra vez e outra vez preciso desligar.

- Pai – começo sentindo uma lágrima cair – Quando eu falei que estava apaixonada por uma pessoa, eu realmente estou e... – deixo um sorriso escapar – Ele também me ama, sabe? – ele faz que sim – Mas, talvez, não seja tão bom quanto vocês imaginam... – falo neutralizando os meus sentimentos.

- Como assim?

- Ele é Josh, pai – digo de uma vez sentindo um peso de anos saindo das minhas costas – Eu sou apaixonada pelo Josh Beauchamp. O mesmo Josh que foi o seu aluno, que saiu todo molhado daqui e que já chegou a ser o meu professor de literatura... – completo – Esse é o homem que eu amo.

Qual vai ser a reação dos pais dela?
Dica, dica: não é por causa deles que os dois vão...

Lara.

essa fic vai ter 118 capítulos na 1° tem

My Teacher - beauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora