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Any Francoz
Faz três dias, cinco horas, vinte e cinco minutos e trinta segundos que não o vejo. Uma vez li que “quando se ama, até as maiores distancias se tornam pequenas”, posso afirmar tranquilamente que faz. Sem sinal de chuva nesses dias que se passaram e nos próximos que ainda virão – me pergunto se ainda será sem ele. Arrumo o cachecol ao redor do meu pescoço com certa intensidade, quase querendo que cole na minha pele marcando cada pequena célula que está presente dentro de mim.

Chuto a neve desejando estar em qualquer lugar, menos ali. Talvez assim seja mais fácil. Manter essa distancia fazendo com que ele tenha a plena certeza do que quer pra si, sem nenhuma interferência da minha parte, logo estou fazendo o certo – o mais certo possível. Talvez isso seja o melhor. Talvez.

As inscrições pra faculdade terminam amanhã e ainda não escrevi a minha maldita carta. Grande Maldita Carta. O meu pai tocou no assunto no final de semana, mas mudei o rumo da conversa fazendo os dois terem certeza que tem algo muito errado comigo, com a faculdade e o mais importante: com o Josh.

O meu irmão parece tão certo, mesmo depois da separação da Sabina. Talvez isso aconteça comigo também em algum momento. Talvez eu esqueça o Josh, me case com um jogador de basquete que nunca leu King, mas que tem um rostinho bonito, cabelo comprido, além de olhos escuros. O gorro começa a escorregar do meu cabelo me fazendo ter que parar para ajeitar a coisa toda sem vontade nenhuma.

- Any? – escuto a voz, mas não acredito. Não acredito que ele realmente está aqui depois de todos esses dias, horas e segundos, mas ele está. Me viro devagar encontrando o dono do meu coração parado no meio de toda aquela neve com os olhos azuis incessantes. Concentro a minha capacidade de me manter calma, piscando como uma tonta, enquanto ele coloca as mãos no bolso da calça.

- Ah, oi! – “ah, oi!”? Meu Deus! Tem como ser pior do que isso? – Não esperava te ver por aqui hoje – eu talvez não quisesse te ver sem estar preparada. Mesmo que eu saiba que o certo é torcer para que ele vá e aceite a vaga, parte de mim ainda não consegue aceitar que talvez ele vá embora.

- Nem eu – ele sorri como uma criança e eu acabo sorrindo também. De repente tudo está normal outra vez. De repente sinto que ele vai vim na minha direção, enlaçando os seus braços ao meu redor com um sorriso imenso no rosto – Preciso falar com você, Any – o meu coração acelera – Eu tomei uma decisão.

Josh Beauchamp
Passo a mão pelo meu cabelo. A tela do computador está ligada, lançando aquela luz no meu rosto deixando claro que tem alguma coisa ali ligada na minha direção esperando alguma coisa importante da minha parte. Ele tem razão sobre esperar. Toda a razão em achar que preciso tomar alguma decisão importante. Eu tenho uma foto minha e da Any na mesinha que me encontro – o que acaba fazendo com que eu tenha que encarar o sorriso gigante, misturado com os cachos. Os seus braços estão ao meu redor, me aproximando ainda mais dela, quase me colando. Sorrio ao lembrar que quem tirou foi a Kim.

Quando eu tinha treze anos descobri que o meu pai havia nos deixado para se casar com outra pessoa. Outra mulher. Outra família. Lembro que a minha mãe ficou mal por dias, bebendo uma taça de vinho atrás da outra, além de sempre ficar alterada com a Kim – que era tão pequena na época. Por isso fui embora de casa. Por isso me esforcei tanto para conseguir uma vaga na faculdade com 16 anos. Por isso aceitei estagiar com o Senhor Franco no colégio da filha dele para logo depois me tornar professor de lá.

A Any foi a única decisão que não teve a ver com ele. A Any foi a única opção que tive sem parar para analisar os fatos. Eu a amo. Amo e amo, porque existem coisas que não podemos fugir e uma dessas coisas é o meu amor por essa garota. A amo como única amei ninguém e eu amo. Por isso, sinto uma dor em ter que aceitar.

Em ter que deixa-la.

Bom diaaa
Senti saudades de vcs!!!!!
Lara

My Teacher - beauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora