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Any Franco
Estou na rua de casa chutando a neve que se acumula nas minhas botas. Mesmo que eu quisesse muito a companhia do Josh na viagem de volta, achei melhor não arriscar nenhuma reação da parte dos meus pais, deixando para que as conversas viessem apenas no jantar – que está deixando o loiro com uma dor de cabeça esquisita. O ar gélido da quase noite congela parte dos meus nervos na parte de trás da minha nuca me deixando ansiosa para chegar logo no ambiente quente da minha casa.

O que me surpreende é encontrar os três mosqueteiros – Sabina, Krys e Lamar – parados com as pernas cruzadas na minha varanda como se fossem uma visita bem comum para um fim de tarde. Os encaro com dos dois braços cruzados e uma sensação de confusão invadindo o meu estomago fazendo com que eu tenha que cerrar bem os olhos para ter certeza que não estou tendo nenhuma ilusão disparada.

- Hã? Oi pra vocês também –
cumprimento limpando os meus sapatos nos primeiros degraus da varanda. Lamar pula da cadeira onde estava para me abraçar de forma alegre que acaba me fazendo agradecer por tê-los ali comigo.

- Moany! – tomo o susto com o apelido de infância que o moreno havia escolhido para mim, já que nunca mais tinha sido usado ao conversar comigo – Resolvemos fazer uma mini surpresa para a senhorita ao som de uma banda famosa da Inglaterra, além de tomarmos uma café com borda de chocolate quente contando as últimas notícias maravilhosas que precisamos te contar – explica o que iremos fazer me deixando animada com todo o planejamento.

- Bem, isso vai ser legal – digo dando de ombros meio cansada. O limite das inscrições para a faculdade de Londres termina em apenas alguns dias e ainda não faço a menor ideia de como escrever o meu texto da forma correta – Que tal fazermos biscoitinhos de maisena? – sugiro abrindo a porta após lançar um olhar carinhoso para a Sabina que apenas jogar um beijo no ar como resposta.

- Acha que dará tempo de fazermos tudo isso? Não se esqueça do seu grande jantar especial hoje – a minha melhor amiga fala e consigo decifrar a compreensão em seus olhar sagaz. Abro a boca sem saber o que dizer, já que parte de mim se sente culpada em não ter contado sobre o Josh para a Sabina, que querendo ou não foi uma das principais motivadoras do nosso “romance” – Não se preocupe com isso. Conversaremos mais tarde, porque agora iremos tomar café com cauda de chocolate – diz animada me fazendo sorri.

- Cauda, não! – Krys retruca colocando o braço ao redor do meu pescoço – Espuma de chocolate, queridinha – Sabina revira os olhos quase mostrando a língua para um dos nossos amigos mais próximos – Além disso, espero que tenha uma belíssima secadora no seu quarto, porque o meu cabelo aqui está precisando de um cuidado urgente – fala, enquanto entramos ainda mais para dentro da minha sala.

...

Estamos todos sentados na frente de uma lareira improvisada, enquanto Lamar fazia massagem nos meus pés e Sabina com o Krys contavam as melhores histórias sobre as festas noturnas que costumavam frequentar com o Pepe. Sorrio diante das piadas, tocando – quase por querer – no celularzinho de ouro que brilhava ainda mais com a chama do fogo.

- O Pepe odiava quando perdia uma aposta – Krys lembra no meio da conversa – E odiávamos quando ele perdia, porque isso significava que teríamos que doar pelo menos parte do nosso dinheiro para que ele conseguisse quitar a dívida – fala rindo na última parte – Se lembra, Lamar? Ele adorava apostar quando éramos pequenos – diz deixando com que um vislumbre de saudades passe pelos seus olhos.

Assinto sem reação. Pepe, mesmo sendo mais velho, vivia me chamando para brincar com ele e com os meninos. A ideia que o meu irmão estava tão distante – agora em Nova York – partiu o meu coração, outra vez. Duas batidas na porta me despertam fazendo com que eu saia de perto do Lamar avisando que precisava atender, já que ninguém mais se importou com a porta.

Daqui a meia hora daria o horário para o jantar. Meu Deus! Precisava trocar de roupa rápido. Abro a porta preparada para a onda de frio que entraria em choque com o meu corpo quente, no entanto, acabo nem percebendo isso quando encontro os dois olhos verdes do outro lado com um sorriso nervoso.
- Noah? – dou um passo para trás querendo dá espaço para que ele entre – Quer tomar chocolate com a gente? – o meu “amigo” dá uma olhada para o lado de dentro recuando logo depois – O que foi? – pergunta meio confusa com a distancia dele.

- Posso falar a sós com você? – pergunta agora completamente distante da porta me fazendo dizer um sim confusa pegando o casaco que estava no cabideiro para ir até ele. Coloco a minha proteção dando uma olhada na roupa pesada que ele parece estar vestindo, quase como se tivesse se preparado para algo importante – Desculpa ter te tirado de lá – pede, mas dou de ombros.

- Tudo bem, sabe? Eu realmente estava começando a suar na frente daquela lareira – falo como motivo de piada ficando bem aliviada quando ele começa a ri – Mas e aí? O que o senhor olhos de gato quer falar comigo? – entro no assunto sentindo o meu corpo congelar, por causa do vento que estava entrando pelas pequenas aberturas que tinha na minha roupa.

- Vim me despedir – fala de repente parando, enquanto eu freava os meus passos – Vou pra Los Angeles amanhã, que na verdade é meia noite, já que o meu voo resolveu atrasar um pouco, mas... – ele suspira – Quis me despedir de você.

Abro a boca várias vezes sem saber o que dizer, já parte de mim não em nada que ele acabara de dizer. Sem dizer nada, o aperto contra o meu corpo com lágrimas teimosas presas nos meus olhos, enquanto ele apoia a cabeça no meu ombro também sentindo a mesma dor que estava se crescendo dentro de mim. Mesmo com a nossa distancia atual, doeu imaginar ficar sem ele. O Noah significava muito na minha vida.

- Eu também vou sentir a sua falta, moranguinho – ele fala e a voz está embargada – Any, eu... – nos separamos – Eu sinto muito pelas idiotices que fiz no passado, mas quero que saiba que sempre poderá contar comigo, ok? – revela me fazendo assentir devagar – Tome. Por favor, sem críticas, ok? – ele me entrega um papelzinho que tem o endereço de algum lugar – Te vejo por aí?

- Te vejo por aí – respondo de volta com o rosto vermelho. Noah sobe na moto indo embora. Mal eu sabia que não demoraria tanto tempo para nos encontrarmos outra vez.

Boa tarde :)
Lara.

My Teacher - beauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora