Any Franco
Sabina está tentando me ajudar a decidir se devo usar branco, azul ou preto para o jantar. Ela falou que mesmo que o preto fique ótimo em mim, quase significa que estamos em um funeral – o que não trás muita sorte quando se trata de participar de um jantar para com os seus pais e o seu mais novo namorado. O azul combina com os meus olhos, mas não deve ser utilizado em situações que movam os nossos sentimentos, logo, ficamos com o branco – que segundo ela, acaba trazendo muita paz e esperança em um momento tão importante quanto esse.
Os cachos são deixados livres fazendo com que assim os mesmos fiquem soltos nas minhas costas. O colar do Josh já está no meu pescoço, enquanto o presente do mesmo está no meu bolso improvisado que fica ao lado do meu vestido – que, por acaso, nunca usei, já que não costumo usar branco em nenhuma situação, mesmo que essa cor traga paz e felicidade para a nossa vida.- O Josh parece ficar muito bem de branco também – Sabina opina me fazendo concordar sem nem pensar no assunto que ela acabara de entrar – Eu acho que vocês formam uma belo casal oficial – completa com um sorriso baixo. Sei o que ela está fazendo ao começar conversar isso comigo, principalmente quando se trata de algo que deixei de contar.
- Sabi, eu... – me viro pegando uma das suas mãos com um pedido de desculpas sério nos olhos – Não te contei sobre nós dois por medo, tá? Não porque não confiava em você, porque por mais que eu confiasse a minha vida a você, não tinha como, diante de todo o medo de alguém descobrir e acaba dando ruim como realmente deu para o Josh - falo de uma só vez tentando recuperar o meu ar.
- Any, está tudo bem, ok? Eu realmente entendo o porquê que você escondeu isso de mim e admiro a sua coragem em assumir tudo isso para os seus pais - diz dando de ombros. Sorrio toda boba diante do fato dela ter me entendido que a puxo para um abraço apertado.
...
Estou sentada próxima da lareira sentindo o calor tocar na minha pele de forma reconfortante. Passo a mão pela renda do meu vestido sentindo o nervosismo tomar conta de mim a medida que o tempo passava no relógio da frente – faltava apenas dez minutos para que o horário do jantar chegasse. A Sabina, o Lamar e o Krys já estavam tinha ido embora com a desculpa que precisavam terminar um trabalho importante – Sim! Só os três.
Os meus pais tentavam parecer descontraídos diante de toda a situação, mas isso não era verdade. Dava pra enxergar só pela forma que a minha mãe enrolava o cabelo contra a palma da mão de maneira quase obsessiva, além do meu pai não consegui manter o pé quieto quando está com a adrenalina nas veias. Os encaro com um sorrisinho besta, porque mesmo que seja tudo muito complicado, todos estão se esforçando para conseguir fazer dá certo.
Duas batidas na porta me despertam.
Dou um pulo ficando de pé rapidamente tentando manter a minha calma, já que um fio de cabelo fora do lugar poderia destruir toda a minha pose. Quem andou até a porta para abrir a mesma foi a minha mãe, já que o meu pai ficou ao meu lado como um segurança que precisa me proteger de todos os tipos de perigos – inclusive os relacionados ao coração.
Josh aparece sendo seguido pela minha mãe, que tem um lindo buque de rosas em uma das mãos, além de um sorriso sincero estampado no rosto. O Josh escolheu vestir verde dessa vez – não escutando a minha indicação sobre azul – mas mesmo assim tendo ficado ainda mais bonito do que na última vez que nos vimos e isso não me deixou nada impressionada. Ele sorri sem tirar os olhos de mim e acaba sorrindo também, como se tudo aquilo fosse um gesto secreto nosso.
- Boa noite – deseja. O tom de voz mais grave me faz querer ri, mas me contenho, principalmente depois que percebo que ele percebe o quão engraçado isso tudo está pra mim – Espero não ter chegado muito atrasado – se desculpa se contendo quando quase coloca as mãos no bolso da calça. O meu pai se aproxima dele estendendo a mão na direção do antigo aluno, que estende a dele rapidamente.
- Espero que goste de peixe, Josh – Maurice fala aquilo de forma tão natural que preciso piscar duas vezes para poder ter certeza que não estou imaginando o bom comportamento que o meu pai acabou de ter ao lado do loiro que me encara sem entender nada. Dou de ombros seguindo os dois que começam a conversar sobre um assunto totalmente aleatório.
Acabo tendo que sentar na frente dele, já que o meu pai fez questão de sentar na cadeira ao lado do nosso convidado, me deixando do outro lado – sozinha -, pois a minha mãe sentou na cabeceira.
É tão engraçado imaginar que já se passaram quase quatro meses desde a última vez que ele jantou com a minha família como apenas um amigo e agora sendo apresentando como o meu namorado para os meus pais. Ele deve ter pensado o mesmo, já que inclina a cabeça levemente para o lado quando os dois responsáveis o esquecem por dois segundos.
Ah, como eu amo esse garoto.
Josh Beauchamp
Nunca pensei que eu pudesse suar de nervosismo e felicidade ao mesmo tempo. Há algumas semanas, cheguei a pensar que nunca conseguiria ter um relacionamento normal com a Any, sendo que agora, eu estava saindo da casa dela com os seus dedos entrelaçados aos meus. O jantar em si foi um sucesso só pelo fato de eu não ter sido morto e do senhor Franco ter feito questão de expressar que queria que o filho mais velho estivesse com eles para que assim eu pudesse ser apresentado a toda família.Isso é bom, não é?
- Eu nunca sei se devo sair com um guarda chuvas ou usando um casaco de pele em Las Vegas – conta olhando para o céu nublado, enquanto chutamos a neve que tenta nos prender em um mesmo lugar – A Kim vai mesmo amanhã? – pergunta fazendo círculos com as botas. Acabo fazendo que sim repetindo o mesmo gesto que ela, mas totalmente concentrado em como ela parecia radiante naquela iluminação lunar.
Olho para trás tentando ter certeza que não tem ninguém nos observando. Seguro na cintura dela, a puxando para perto, colando os nossos corpos ao mesmo tempo em que nossos lábios se tocam em uma delicadeza singela – mesmo que tenha sido de surpresa. Ela hesita por um segundo, antes de colocar os braços ao redor do meu pescoço me forçando a beija-la ainda mais.
Os seus dedos adentram nos meus fios tirando um sorrisinho meu que é sentido por todo o seu corpo. Como resposta puxo o seu lábio inferior com os dentes, arrancando um suspiro pesado dela diante de toda a cena. Por Deus! Que os pais dela estejam ocupados lavando a louça, porque eu preciso de apenas mais um minuto grudado desse jeito com ela.
- Tem certeza que não podemos escapar como se tivéssemos 16 anos? – pergunto fazendo com que ela pare para me olhar curiosa – O que foi? Eu ainda tenho 21 esqueceu? E você 17, que é quase 18... – ela me beija outra vez rapidamente como só quisesse tirar o meu ar por um instante – Ah, mas já? – pergunto rindo quando ela se afasta como uma menininha.
- Tenho uma coisa pra você – ela puxa do bolso alguma coisa embrulhada – Vamos! Abra! – ela bate palmas, dá dois pulinhos e eu pego o presente com um olhar desconfiado – Comprei já faz umas semanas, mas acabei guardando para um momento especial – conta dando de ombros. Tiro o pequeno embrulho, que é pego por ela para que não caia no chão, dando de cara com um livrinho pequeno que tem a bandeira do Brasil na capa.
- Ah, mas eu não falo português – a lembro dando uma olhada nas páginas do meio sem entender nenhuma palavra – Ah, pelo menos eu sei o que significa “oi” – digo rindo da minha própria burrice.
- Nem tudo está em português – explica fechando o livro – O começo pode estar em inglês, sabia? – sugere me fazendo abrir na primeira página encontrando:
"Você me deu uma eternidade dentro dos nossos dias numerados"
Mal ela sabia o peso que essa frase tinha pra mim.
Estamos tão perto do final...
Chega dói.
Lara.
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My Teacher - beauany
أدب المراهقين"Posso ser o que você quiser... Basta querer." Any sempre foi apaixonada pelo professor de literatura da sua escola, sendo que não existe mais nenhuma esperança no seu coração de ter alguma chance com o loiro de olhos azuis. Mas as coisas mudam no ú...