CAPITULO BÔNUS

759 134 55
                                    

Steve Moretti

Deparo-me com meu pior pesadelo: meu irmão está morrendo. Donato, meu querido irmão, foi diagnosticado com câncer há dois longos anos, e todos os dias acordo com o coração apertado pelo medo de perdê-lo. Entretanto, jamais imaginei que chegaríamos a este ponto. O temido dia finalmente chegou, o dia em que meu irmão, além de sua batalha contra a doença, foi atingido em combate e está prestes a partir.

Observo, atordoado, a cena diante de mim. Megan, a mulher que por um breve momento trouxe alegria à vida de Donato, agora está destroçada, mergulhada em uma dor inimaginável.

— Ordem de não ressuscitar? Que maldição é essa? Por quê? — Sua voz trêmula reflete a incredulidade e a revolta que inundam seu ser.

— Ele tem câncer, Megan. Ele tem os dias contados. — Nathaniel responde com a voz entrecortada.

A voz de Nathaniel está carregada de tristeza e resignação. Meus olhos continuam fixos em Donato, meu coração está destroçado. De repente, Nathaniel aperta meu ombro com força, trazendo-me de volta à realidade.

— Steve, não é hora de respeitar a vontade dele. Vamos para o hospital agora mesmo. — Nathaniel fala exasperado, segurando Donato com firmeza em seus braços.

Sem pensar duas vezes, levanto-me e faço o mesmo.

Corremos em desespero para o carro e eu dirijo em alta velocidade em direção ao hospital mais próximo. Cada segundo parece uma eternidade, a ansiedade toma conta de mim. Após alguns minutos de agonia, finalmente chegamos e, ao chegar à recepção, sou reconhecido. Sinto um misto de orgulho e gratidão ao saber que sou um dos maiores doadores do hospital. Somente neste mês, doei cerca de 3 milhões de reais para a reforma da ala infantil. Graças a isso, a recepcionista agiliza o atendimento e os enfermeiros prontamente colocam meu irmão em uma maca, levando-o à sala de cirurgia para iniciar os procedimentos.

Meu coração dispara, misturando alívio por termos chegado ao hospital a tempo e uma angústia profunda pela situação crítica de Donato. A incerteza paira no ar, e a sala de cirurgia se transforma em um portal para um mundo desconhecido, onde o destino de meu irmão será decidido. Estou determinado a fazer tudo o que estiver ao meu alcance para salvá-lo, mesmo que o tempo seja implacável e a esperança pareça escassa.

Sorrio ao perceber que Megan foi astuta o suficiente para arrancar a pulseira de identificação da Ordem de Não Ressuscitar (ONR) de Donato. Como o médico dele é de outro hospital, eles não terão conhecimento do pedido antes de iniciar o atendimento.

Aguardo ansioso na sala de espera, enquanto observo Nathaniel coberto de sangue, com os olhos vermelhos de aflição. Ele movimenta as pernas incessantemente e já discutiu com pelo menos três enfermeiros em busca de informações. Desvio o olhar dele e fixo meus olhos no corredor. Engulo em seco ao ver as mulheres da boate se aproximando rapidamente em nossa direção. No mesmo instante, uma médica surge, interrompendo meus devaneios. Consigo perceber a preocupação em seu semblante pálido e seus lábios trêmulos. Algo me diz que há informações que ela não está compartilhando.

— Olá, meu nome é Margarete Paes. Estou cuidando do rapaz que trouxeram baleado. Preciso de mais informações para agilizar seu atendimento. — Ela pergunta, fazendo anotações em seu bloquinho. Identifico uma certa tensão em seu rosto, e um leve tremor em suas mãos. 

— Este rapaz é meu irmão. Ele foi vítima de um assalto e levou um tiro. Por favor, salve a vida dele! Nós temos o mesmo tipo sanguíneo, O negativo, um dos mais raros. — Imploro, aproximando-me dela em meio ao desespero.

— Senhor Moretti, você ingeriu alguma bebida? — Questiona ela, evitando contato visual.

— Na verdade, sim. — Exclamo aflito. Meu corpo parece falhar e minha visão começa a ficar turva.

OS RISTRETTOSOnde histórias criam vida. Descubra agora