Jane Petter
Adentramos no quarto, meu desejo por Steve consumindo meus pensamentos. Sua presença exerce um poderoso magnetismo sobre mim. Seu jeito sedutor, sua figura esculpida com perfeição, seu sorriso enigmático que dança nos cantos dos lábios e, acima de tudo, aquele olhar intenso que é capaz de tirar meu fôlego.
No entanto, ao invés de se aproximar, vejo Steve apoiar-se nos braços no parapeito da janela, encarando o celular com uma expressão preocupada. Um desconforto começa a se insinuar dentro de mim.
Percebo que Steve fica tenso, abaixa a cabeça e, em seguida, guarda o celular no bolso, soltando um suspiro cansado. Ele permanece em silêncio, observando a escuridão lá fora, seus braços pendendo ao longo do corpo.
Decido me aproximar, abraçando-o por trás. Sinto-o soltar um suspiro de alívio e, aos poucos, ele gira o corpo, ficando de frente para mim. Seus olhos estão brilhantes, mas também percebo uma sombra de mágoa ao me encarar. Com delicadeza, ele segura meu rosto entre as mãos, como se tentasse encontrar uma resposta para algo que o incomoda profundamente.
— Meu amor... — Ele fala com a voz embargada, um tom melancólico permeando suas palavras. — Jane, eu te amo. Quero cuidar de você e te proteger até o fim dos meus dias. — Sua insegurança é evidente, e um aperto se forma em meu peito.
— Mas? Sempre tem um "mas"... — Questiono, sentindo meu estômago se contorcer de ansiedade.
Percebo que ele tenta sorrir, como que para amenizar a tensão que paira entre nós.
No entanto, sua postura está diferente, seu corpo tenso e uma sombra de apreensão refletida em seu rosto. Um arrepio percorre meu corpo, e um medo começa a se insinuar dentro de mim.
— Não posso ir para o Japão com você... — Steve fala com angústia, acariciando meu rosto com uma expressão dolorida. — Mas gostaria que você tirasse um tempo para pensar em nós e aproveitar a companhia de seu irmão e suas amigas! Viva intensamente cada momento, e se por algum instante pensar em mim, me mande uma mensagem. — Suas palavras são relutantes, carregadas de incerteza. — Eu deixarei tudo e irei ficar com você, e daremos continuidade ao que começamos hoje na sala de estar.
Observo, enquanto ele se afasta, começando a organizar suas coisas na mala, mantendo uma postura apreensiva.
— Aonde você vai? — Pergunto, preocupada com sua repentina partida.
— Preciso ir, Edward me chamou. — Ele responde de forma seca, demonstrando que não deseja falar mais sobre o assunto.
Após fechar a mala, ele lança um último olhar em minha direção e deixa o quarto.
Observo-o enquanto entra em seu carro e desaparece na escuridão da floresta. Deito-me na cama e fecho os olhos, tentando encontrar o sono, mas ele teima em se afastar de mim. Uma sensação estranha toma conta do meu ser, como se algo estivesse faltando.
Decido pegar o celular, coloco meus fones de ouvido e começo a ouvir música, deitada na escuridão, esperando que o sono me alcance.
No entanto, minha mente não consegue se desvencilhar da imagem do último olhar de Steve. É difícil admitir, mas a saudade começa a tomar conta de mim.
Por isso, opto por levantar-me, ligo as luzes do quarto, tiro minhas roupas e pego meu celular. Decido enviar uma foto para Steve, vestindo apenas uma lingerie, na esperança de que isso o perturbe tanto quanto eu estou perturbada.
Eu sei que ele me deseja, e essa foto será uma forma de mexer com ele.
Passam-se apenas cinco segundos e, em seguida, recebo uma mensagem de áudio.
Apenas um homem confiante como Steve seria capaz disso. Decido esperar alguns minutos antes de escutá-lo, para não demonstrar ansiedade. Após cinco minutos, deslizo o dedo para desbloquear a tela e clico no áudio.
— Quase sofri um acidente agora... Já estou com saudades. (00:15)
Steve parece ofegante no áudio, e saber que ele está com saudades me faz ficar com um sorriso enorme no rosto. Minhas bochechas doem de tanto sorrir, mas então me irrito e bato o rosto no travesseiro. O cheiro dele impregnado no tecido só me deixa mais frustrada, e acabo jogando o travesseiro na parede.
Fecho meus olhos, tentando afastar o meu chefe da minha mente, mas fracasso completamente. Decido levantar para pegar o travesseiro, e o pego de forma raivosa. Volto para a cama, fecho os olhos e me concentro em tentar dormir. Infelizmente, não tenho sucesso. Desbloqueio meu celular e envio outra mensagem para Steve.
Tem algum sonífero nesta cabana? Não consigo dormir. (01:02)
Observo a tela, percebo que ele visualiza a mensagem, mas não responde. Cerro os dentes, me xingando mentalmente por ter enviado a mensagem, quando meu telefone toca.
Olho para a tela e vejo que é Steve.
Meu coração acelera, meu corpo se agita, então respiro profundamente e atendo a chamada.
— Alô! — Steve fala com a voz rouca e suave, e consigo ouvir o som do carro, provavelmente ele está dirigindo.
— Aconteceu alguma coisa? — Questiono, tentando disfarçar meu nervosismo.
— Eu só queria ouvir sua voz. — Ele responde com sinceridade, sua voz transmitindo uma sensação reconfortante.
— Steve...
— Jane, deite na cama. — Ele interrompe com autoridade, e estranhamente eu o obedeço.
Isso nunca aconteceu antes, mas ao mesmo tempo, algo em mim gosta desse comportamento. Sinto uma pontada de excitação percorrer meu corpo.
— É uma ligação de sexo pelo telefone, Steve? — Indago com uma risadinha.
Ouço ele rir do outro lado da linha e imagino seu rosto com aquela expressão de felicidade. Todo o meu corpo aquece com isso.
— Deitou? — Ele pergunta, tirando-me dos devaneios.
— Sim. — Respondo timidamente, mordendo o lábio inferior e sentindo minhas bochechas esquentarem.
— Você está mordendo o lábio, não está? — Ele pergunta, sua voz carregada de desejo.
— Sim. — Sussurro, engolindo em seco.
— Quando estou sem sono, eu penso na minha pessoa favorita. — Ele fala com a voz arrastada, e eu coro. — Penso nos olhos dela, nas suas bochechas fofinhas, no seu queixo arrebitado, nos seus lábios carnudos e no seu cabelo longo e preto. — Ele continua, e eu me aconchego embaixo do cobertor. — Tente lembrar de alguém que te faça se sentir bem e pense em cada detalhe dessa pessoa. — A cada palavra que Steve descreve, sinto que ele está se referindo a mim. — Eu ficarei aqui até você dormir.
Meu coração acelera e, mais uma vez, sinto uma vontade intensa de tê-lo em meus braços.
— Tá bom. — Respondo, sentindo uma mistura de emoções.
Em seguida, fecho meus olhos e começo a pensar em cada traço perfeito de Steve. Seu sorriso fácil, o jeito como ele arregala os olhos quando falo algo provocativo, o jeitinho fofo que ele me abraça quando estou triste.
Após alguns segundos, o sono começa a me envolver, então fecho meus olhos cansados, ouvindo apenas a sua respiração do outro lado da linha.
Continua...
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OS RISTRETTOS
Roman d'amourEm "Os Ristrettos", Anastácia Taylor, Jane Petter e Megan Willians são amigas inseparáveis com um sonho em comum. Se tornarem agentes da CIA. Mas suas vidas sofrem uma reviravolta surpreendente quando elas se deparam com a sinistra máfia que governa...