OS RISTRETTOS

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Steve Moretti

Após um banho revigorante, decido vestir apenas uma cueca e uma calça de moletom, deixando meu cabelo molhado e bagunçado. Mal posso esperar para ficar perto de Jane novamente. Ao sair do quarto, me deparo com a mesa posta por ela. 

O aroma delicioso da comida preenche o apartamento, e meu estômago ronrona em resposta. Fico feliz que ela tenha cozinhado, sabendo que ela não gosta muito disso. É um sinal de que ela está disposta a fazer tudo para nos aproximarmos ainda mais. Engulo em seco, pensando em como contar sobre Willian.

— Você está simplesmente deslumbrante... — murmuro, encarando Jane. 

Seus cabelos pretos presos em um coque frouxo, usando um avental e descalça, ela tem molho de tomate no rosto. Vou até ela e limpo com o polegar, aproveitando para chupá-lo em seguida. Ela me encara intensamente, e um arrepio percorre minha espinha.

— Vamos fazer algo parecido mais tarde... — diz Jane, sua voz carregada de desejo. — Mas, por enquanto, vou te alimentar.

Sentamos à mesa juntos. Jane sorri para mim, seus olhos castanhos brilhando com carinho e uma pitada de malícia. Eu sorrio de volta, mas não consigo ser totalmente sincero. 

— Sabe, Steve... Eu conheço você. O que aconteceu naquela delegacia? — ela pergunta preocupada, saboreando seu risoto de camarão.

Engulo em seco, decidindo abrir meu coração.

— William ameaçou me denunciar pelos rachas... Eu posso passar o resto da minha vida na prisão. — confesso com um nó na garganta. — Mas ele me ofereceu um acordo... — completo, angustiado.

Jane olha para mim com um misto de preocupação e curiosidade.

— Ele tem provas? — Ela pergunta, querendo entender a gravidade da situação.

Respiro fundo antes de responder, sabendo que devo ser honesto com ela.

— Dos rachas, das apostas, ele não pode me ligar diretamente aos Ristrettos, mas a meu crime secundário sim. — Explico, com um tom de escárnio. As palavras carregadas de preocupação escapam de meus lábios.

Jane franze a testa, processando a informação, e posso ver a preocupação se aprofundando em seus olhos.

— E o que vamos fazer agora? — Ela pergunta, buscando uma solução para a situação delicada em que nos encontramos.

— Mata-lo... — falo em tom zombateiro.

Seus olhos se arregalam de surpresa e preocupação ao mesmo tempo. Sua expressão tensa revela o susto que sentiu, e ela engasga com o jantar. 

Imediatamente, levanto-me e vou até ela, batendo em suas costas com cuidado para ajudá-la a recuperar o fôlego. Ela tosse algumas vezes, até que finalmente consegue respirar normalmente novamente.

Com as mãos apoiadas na mesa e os olhos lacrimejantes, Jane me olha com humor.

— Droga... Acho que engoli um pedaço de camarão inteiro sem mastigar direito. — diz, ainda recuperando o fôlego, e começa a rir.

Sorrio aliviado, alisando suas costas com carinho. 

— Melhor? — Pergunto, olhando intensamente em seus olhos castanhos, percebendo seus lábios entreabertos, ansiosos pelo nosso momento após o jantar.

Ela acena com a cabeça, ainda recuperando o fôlego, mas com um suave sorriso nos lábios.

— Sim... Obrigada por tudo — Ela diz, com um brilho de admiração em seu olhar.