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Steve Moretti

Há exatos três longos dias desde que Jane embarcou para a China, e confesso que sua ausência já se faz sentir. No entanto, faço questão de disfarçar a saudade, pois não desejo parecer vulnerável. Além disso, as persistentes dores nas costas tampouco contribuem para melhorar meu humor.

Após enfrentar um trânsito infernal, finalmente chego a um de meus cassinos, onde Seife me aguarda para realizarmos o balanço de caixa mensal. Observo a fachada imponente do estabelecimento, com paredes revestidas em tons dourados e brancos, e um letreiro em neon chamativo que brilha durante noite. 

No carro, tomo um analgésico na esperança de aliviar a dor, e em seguida, caminho com passos apressados até a entrada do cassino, onde os seguranças permanecem vigilantes. 

Cumprimento o funcionário encarregado da segurança, Marcus Reis, um veterano de confiança que não aparenta ter mais de 40 anos. Ele veio do México para Las Vegas em busca de oportunidades, e assim que ofereci a ele uma chance, agarrou-a com unhas e dentes.

Apesar da dor latejante, faço um esforço hercúleo para me mostrar imponente diante dele, mantendo minha postura firme e decidida.

— Bom dia, senhor Moretti. Que prazer revê-lo. — O segurança me cumprimenta com simpatia, seus olhos perscrutando meu semblante.

— Bom dia. — Respondo educadamente, esboçando um sorriso tenso enquanto tento disfarçar a dor que me incomoda. 

Solto um gemido involuntário de dor quando dou um passo na escada, e o segurança nota imediatamente, correndo ao meu encontro com uma expressão preocupada.

— Aconteceu algo, senhor? — Ele pergunta, sua voz carregada de prestatividade e empatia.

— Estou com um pouco de dor, na verdade. Nada grave, apenas uma lesão nas costas. — Respondo casualmente, evitando detalhar demais para não revelar minha fragilidade diante de um funcionário.

— Sinto muito em ouvir isso, senhor... Mas acho que posso ajudar, minha esposa tem uma casa de massagem terapêutica; tenho certeza de que com duas sessões, o senhor ficará bem. Tome, aqui está o cartão dela. — Ele entrega-me um cartão com informações sobre o estabelecimento.

— Agradeço pela recomendação. Vou ligar para marcar um horário, com certeza. — Expresso com sinceridade ao segurança e, com o cartão em mãos, sigo em direção ao escritório. 

Enquanto caminho, minha mente vagueia um pouco, pensando em Jane e em como a distância está mexendo comigo. Sinto um buraco em meu peito; é como se fosse difícil respirar.

Já em minha mesa, aguardo Seife trazer os livros para realizarmos o balanço. Decido, então, aproveitar o tempo ocioso e ligar para o número informado no cartão. 

— Acrux, como posso ajudar? — A voz do outro lado da linha é suave e profissional.

— Boa tarde, Marcus Reis me indicou... Gostaria de marcar um horário, por favor. — Respondo de forma direta, focado apenas na dor que me incomoda. — Me chamo Steve Moretti. 

— Sim, temos disponibilidade amanhã às 19h. Fica confortável para você? — A pessoa pergunta de maneira atenciosa.

— Claro, amanhã estarei aí. Por gentileza, me envie a localização da casa de massagens. — Peço educadamente, concentrado apenas em resolver meu desconforto físico. 

Enquanto falo ao telefone, percebo que Seife adentra o escritório e arqueia as sobrancelhas, captando a conversa pela metade e tirando suas próprias conclusões. Ela parece irritada e joga os livros em minha mesa, interrompendo momentaneamente minha ligação.

OS RISTRETTOSOnde histórias criam vida. Descubra agora