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Donato Moretti

Acordo com os primeiros raios de sol em meu rosto, iluminando suavemente o quarto que me é tão familiar. Sinto o aroma inconfundível de Megan Willians impregnado no ar, uma mistura sedutora de doçura e mistério. Sou um tolo, um completo idiota por ter agido de maneira tão insensata com ela, com meu próprio irmão e até com Nathaniel. É hora de consertar tudo isso. Embora eu não tenha mudado de opinião, pois acredito que só trarei mais dor à vida de Megan, decido conceder-lhe o espaço que ela tanto precisa.

Com esforço, ergo-me da cama e dirijo-me ao banheiro para realizar minha rotina de higiene matinal. Visto um terno cinza impecável, acompanhado de uma camisa branca perfeitamente passada. Há tanto tempo não me sentia tão à vontade em casa, cercado por minhas próprias coisas. A sensação de familiaridade é reconfortante, e eu sequer imaginava o quanto estava sentindo falta disso. Desço as escadas, mas percebo que ainda não há sinal de vida por aqui. Dirijo-me à cozinha, onde um café da manhã já está disposto à minha espera. É nesse momento que avisto Nathaniel adentrando o cômodo. No entanto, ele me ignora por completo, e sua expressão facial denota profunda decepção.

Observo meu primo por um instante, refletindo sobre como posso consertar a relação abalada entre nós. Então, uma ideia surge em minha mente.

— Fui um completo idiota, e peço desculpas por isso! Como forma de compensar minha ignorância, concedo a você o direito a um pedido, que eu terei a obrigação de cumprir. Se você me pedir para ser seu escravo por um dia, sem dúvida alguma, serei. Se ordenar que eu me vista de galinha, farei isso com prazer. Apenas me desculpe por ter agido como um imbecil, meu amigo. — Exclamo, esboçando meu melhor sorriso, enquanto me aproximo de Nathaniel, que responde com um sorriso irônico nos lábios. 

Suspiro aliviado, embora, ao mesmo tempo, esteja apreensivo com o pedido que ele está prestes a fazer.

— Melhor amigo, para constar! — Ele exclama, envolvendo-me em um abraço caloroso.

— Estou perdoado? — Pergunto, buscando confirmação.

— Apenas se você me permitir fazer uma festa de "Boas-vindas". — Sugere ele, com um sorriso malicioso brincando em seus lábios.

— O que você quiser, Nath! — Exclamo, erguendo meus braços em rendição.

Após fazer as pazes com Nathaniel, decido seguir em direção a Megan. Pego uma bandeja e coloco café, sanduíche, frutas e um pedaço de bolo de chocolate, na esperança de amenizar a situação. 

— Aonde vai com isso? — Nathaniel me observa com um sorriso debochado e questiona.

— Tentar parecer menos cafajeste. — Exclamo, subindo as escadas determinado. 

Preciso me desculpar com Megan, explicar minha atitude grosseira de ontem.

— Ela vai jogar essa bandeja na sua cabeça. — Nathaniel grita, divertindo-se com a situação.

Ignoro meu primo e subo as escadas calmamente. Se Megan decidir jogar café fumegante no meu rosto, não ficarei chateado, pois concordo que eu mereço. Chego em frente ao quarto dela, respiro fundo buscando coragem e bato suavemente na porta.

— Entre! — Megan autoriza com a voz rouca, evidenciando que ela acabou de acordar.

Abro a porta lentamente e percebo que ela ainda está deitada. Assim que me vê, ela se senta na cama e me encara furiosa. Seus olhos transbordam raiva e desconfiança, seu corpo tenso reflete o ressentimento que guarda por mim. Suas olheiras denunciam uma noite difícil, e a forma como aperta os lábios revela sua impaciência.

OS RISTRETTOSOnde histórias criam vida. Descubra agora