OS RISTRETTOS

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Jane Petter

Ajoelhada naquela cama, manchada com o sangue de Steve, choro desesperadamente ao lado de seu corpo gélido e pálido. Uma escuridão avassaladora toma conta de mim, enquanto agarro seu corpo e entro em completo choque, perdendo a noção de tudo ao meu redor. Deito-me em seu peito nu e sinto a falta da respiração, dos batimentos cardíacos e da vida que antes pulsava ali.

— Acorde, Steve! Por favor, acorde... — Grito desesperada, tocando seu rosto frio com meus lábios trêmulos.

Percebo uma movimentação no ambiente, seguida de braços fortes me puxando para longe de Steve. Logan surge ao meu lado, protegendo-me com seu corpo, mas minha angústia é insuperável. Mesmo assim, consigo me desvencilhar de seu abraço protetor, meu olhar fixado em meu irmão e Donato, que carregam Steve em seus braços.

Eles agem com uma urgência frenética, movendo-se tão rapidamente que mal consigo acompanhá-los. Corro atrás deles, com lágrimas borrando minha visão, mas os vejo desaparecer em alta velocidade pela rua. Caio de joelhos no chão, entregue à dor avassaladora, enquanto gentilmente Logan me ajuda a levantar e me abraça com carinho, permitindo-me chorar em seu peito reconfortante.

— Ele está morto, Logan... — Exclamo com a voz trêmula, meus soluços ecoando pela tristeza que me consome.

— Calma... Respire! — Aconselha, acariciando suavemente minhas costas, tentando me transmitir algum conforto. — Estou aqui por você e ficarei com você, meu amor. — Sua voz é suave, sua expressão repleta de compaixão enquanto deixa um beijo terno em minha testa.

Logan me conduz calmamente até o banco do carona de seu carro, me ajudando a sentar. Quando estou acomodada, ele me entrega um comprimido e uma garrafa de água, buscando aliviar a tensão e a angústia que me consomem.

— Tome isso, vai te ajudar a se acalmar. — Diz com ternura, levando ele mesmo um comprimido à boca e tomando um gole da água.

Sigo seu exemplo.

Deixo minha cabeça pender no encosto do banco, fechando os olhos e permitindo que as lembranças dos momentos felizes que compartilhei com Logan preencham minha mente.

Recordo as noites agradáveis, repletas de pipoca e refrigerante, enquanto assistíamos a romances bregas juntos. Lembro-me dos instantes de prazer e intimidade em seu apartamento, e dos planos que construímos para o futuro.

— Por que você me traiu? — Minhas palavras carregam indignação e dor, e observo Logan caminhar em direção ao banco do motorista, segurando o volante sem expressão.

— Ambição. Eu queria ser poderoso no escritório, e Donna prometeu me ajudar. — Responde, com um misto de indiferença e desconforto, enquanto suas mãos apertam o volante, evidenciando sua agitação interior.

Sinto a raiva e a decepção pulsarem dentro de mim, enquanto fecho a porta do carro com firmeza.

— Então você trocou tudo o que tínhamos por ambição? — Questiono, com um tom de descrença e tristeza.

— Sim, mas você também destruiu minha vida, destruiu tudo. — Responde com melancolia, seus dedos agora brancos pela força que exerce ao segurar o volante.

Busco um último fio de compreensão e empatia, tocando sua mão com delicadeza, tentando acalmá-lo.

— Me desculpe, fui hipócrita. Não deveria ter agido daquela maneira. — Falo com sinceridade, enxugando as lágrimas que escorrem pelo meu rosto.

Um desespero avassalador toma conta de mim ao lembrar do homem incrível que foi Steve.

Há um breve momento de silêncio, onde apenas o som do telefone de Logan toca incessantemente, interrompendo a densa atmosfera que nos envolve.