🔴 17 🔴

359 62 36
                                    

Nathaniel Moretti

Estou olhando fixamente para Anastácia Taylor, a garota que arruinou minha vida. Ela parece não ter ideia do quanto suas ações me afetaram e me deixaram devastado. Eu me lembro do dia em que tudo mudou, o dia em que ela me traiu e quebrou meu coração. Sete anos se passaram desde então, mas as cicatrizes ainda doem.

A garota, desde que revelei ser Nathan Silveira, está sentada no chão do quarto, agarrada às suas pernas, chorando. Seus soluços são uma mistura de raiva e confusão. Após um momento, ela para de chorar, levanta os olhos e me encara com olhar nervoso. Ela se levanta do chão e caminha até a cama, sentando-se com uma expressão tensa.

— Nath, estou muito confusa agora... — ela solta um longo suspiro, parecendo rir de si mesma em um gesto autodepreciativo. — Eu preciso de respostas.

Observo-a cautelosamente, me perguntando o que ela está planejando. Parece que ela está procurando as palavras certas para falar comigo.

— Por que me escondeu isso, Nath? — ela pergunta com a voz tremula.

Eu não consigo evitar sentir raiva enquanto caminho pelo quarto, evitando encará-la. Como ela pode ser tão insensível? 

Ela me machucou profundamente e agora parece querer que eu sinta pena dela.

— Porque você mentiu, enganou e traiu um adolescente apaixonado de 16 anos. — justifico-me, deixando claro que ela não tem o direito de me cobrar nada.

Vejo que ela se aproxima de mim, me encarando enquanto acaricia meu rosto com as costas das mãos. Sinto seus olhos marejarem e ela dá um sorriso gentil, que desaparece rapidamente.

— Não... — Ela fala.

Eu me sinto confuso e dividido. 

— Eu nunca, jamais magoaria o Nathan... — Anastácia diz, me encarando com determinação. — Eu estava apaixonada, sempre fui apaixonada... — Confessa nervosa.

Por um lado, quero perdoá-la e deixar o passado para trás, mas por outro, não consigo esquecer a dor que ela me causou. Eu não sei se posso confiar nela novamente, mas ainda assim, não consigo evitar o desejo de tê-la em meus braços.

— Se realmente me conhecesse, saberia que a última pessoa capaz de ferir seus sentimentos seria eu. — Ela explica com a voz trêmula e olhos verdes marejados.

Eu a encaro, sem saber o que dizer. Ela está ali, diante de mim, após tanto tempo. Um misto de emoções invade o meu peito, e sinto como se estivesse prestes a explodir.

Ela engole em seco, seus olhos fixos nos meus, enquanto delicadamente acaricia meu rosto com as costas das mãos.

— Os nossos colegas me falaram que você orquestrou toda a pegadinha, e depois você sumiu... — Falo quase sem voz, ainda tentando entender tudo o que está acontecendo.

Anastácia continua me encarando, um brilho de tristeza em seus olhos. Ela engole em seco novamente, buscando coragem para explicar.

— Meus pais morreram naquela noite, minha irmã foi me buscar para me despedir, eu te procurei, Nath... Pedi ajuda a todos para te encontrar, mas não existia um Nathan Silveira. — Ela desabafa, os olhos cheios de lágrimas.

Uma onda de choque percorre o meu corpo. Não sabia que ela tinha passado por tanto sofrimento. Sinto meu coração se apertar de remorso e culpa. Eu a julguei e condenei sem ao menos ouvir a sua versão da história.

As palavras dela colam todos os cacos quebrados do meu coração, e um sentimento de esperança renasce em meu peito. Fui enganado sim, naquela noite, por garotos enciumados e cruéis, não pelo amor da minha vida.

OS RISTRETTOSOnde histórias criam vida. Descubra agora