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Megan Willians

Ajoelhada no chão do meu apartamento, as lágrimas não cessam, sua trilha salgada marcando meu rosto em um rastro de dor e impotência. Sinto-me devastada, sem forças para reagir diante do que presenciei. Ao longo dos anos, testemunhei inúmeras mortes no departamento, mas nunca pensei que o destino cruel alcançaria alguém tão próximo de mim, de forma tão brutal.

 Collin, apesar de seus erros, não merecia um fim tão trágico. Ele traiu a Amélia, entregando-a aos sequestradores, mas eu o conhecia, convivia com ele. Essa proximidade torna sua partida ainda mais dolorosa, um turbilhão de emoções que me consome por completo.

Perdida em meu mundo de tristeza, sou despertada pelos sons vindos da porta, quebrando o silêncio sufocante que preenchia o apartamento.

— Ah, meu amor, o que aconteceu? — Anastácia questiona com preocupação, suas mãos delicadas acariciando minhas costas numa tentativa de conforto. 

Mas as palavras não encontram voz em meio ao pranto, e continuo a chorar, incapaz de me explicar.

Jane, se une a nós, trazendo um copo de água como um gesto de solidariedade e apoio.

— Estamos preocupadas, Meg. — Ela expressa sua inquietação, seus olhos refletindo a angústia compartilhada. 

Aquelas palavras ecoam em minha mente, incentivando-me a reunir forças para dividir todos os fatos com elas. Receio que possam me julgar por me envolver com alguém como Donato, ou até mesmo desejar se afastar de mim por acreditar que perdi meus princípios ao cair nas mãos de um assassino. No entanto, essa necessidade de abrir meu coração se torna imperativa, pois caso contrário, a pressão interna ameaça me fazer explodir, fragmentando meu ser numa infinidade de pedaços insustentáveis.

— Hoje, antes de irmos à festa dos Moretti, recebi uma ligação que abalou minhas estruturas. Era Collin, implorando minha ajuda para enviar um e-mail sem deixar rastros. Pensando que poderia confiar nele, eu disse que deixaria a chave no capacho e que ele poderia vir até aqui usar meu computador e os programas necessários. — Minha voz treme enquanto as palavras escapam dos meus lábios, consciente de que estou prestes a revelar um segredo obscuro.

 Ajoelhadas no chão da nossa sala de apartamento, Jane e Anastácia me encaram com olhos cheios de expectativa e preocupação.

— Mas na mansão, eu estava ajudando Steve a descobrir quem havia traído eles, entregando informações para a Tríade. Descobri que era Collin, nosso amigo, um agente duplo corrupto da CIA que vinha traindo o FBI há anos. Ele entregou uma amiga de Steve a Tríade.  — Confesso, aterrorizada com as implicações sombrias dessas revelações.

Minhas amigas parecem estar atordoadas, Anastácia deixa escapar lágrimas silenciosas, e Jane mantém os olhos fixos em mim, uma expressão de horror congelada em seu rosto.

— Essa amiga era Amélia. — Confesso, com um nó no estômago ao imaginar o que ela deve ter passado nas mãos daqueles sádicos. — Ela foi sequestrada e usada como moeda de troca nesse jogo sujo.

Um arrepio percorre o ambiente, o silêncio é pesado e as sombras se intensificam ao nosso redor.

— A urgência de compartilhar essa revelação com vocês e entender o que estava acontecendo me fez correr, mas fui interrompida por Donato. — A lembrança de seu rosto em nosso encontro na garagem e olhar sádico envia calafrios pela minha espinha.

— Por favor, não me odeiem, mas eu fui uma idiota e acabei beijando o Don. Foi um momento intenso, uma conexão que me envolveu completamente. Mas eu precisava agir rápido e seguir o plano: pegar o Collin e entregá-lo aos Ristrettos. Tentei seduzi-lo para levá-lo até a mansão, e, surpreendentemente, funcionou. Só que, num golpe de azar maldito, o Don nos pegou no flagra, interpretando tudo de forma errada. Mesmo assim, segui em frente com o plano e o levei até a garagem. Ainda pretendia entregá-lo... — As palavras saem pesadas, carregadas de remorso, enquanto lágrimas rolam pelo meu rosto, enxugando a dor profunda que me consome.

OS RISTRETTOSOnde histórias criam vida. Descubra agora