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Anastácia Taylor

Abro os olhos lentamente, sentindo um mal-estar generalizado que me deixa ainda mais preocupada. A dor de cabeça, a fraqueza, a boca seca, as náuseas e a sensibilidade à luz estão amplificados, assim como os batimentos cardíacos acelerados e o cansaço. Mais uma vez, perdi a memória. Não me recordo de nada que aconteceu depois de subir ao escritório de Adam, mas pelo menos desta vez acordo em meu quarto, o que me alivia de certa forma.

Com muito esforço, tento me virar para o lado e percebo que Nath está dormindo em minha poltrona. Ele veste o terno de ontem, porém sem a gravata e com alguns botões de sua camisa abertos. Seu cabelo está bagunçado e seu olhar sério provoca uma sensação estranha em meu peito. É surpreendente como a presença dele desperta emoções em mim, misturando-se à minha preocupação. Será normal sentir uma conexão tão intensa com um amigo? 

Questiono-me brevemente, enquanto recordo que, se Nath está aqui, é porque cometi alguma idiotice novamente. Com um esforço tremendo, tento me erguer, mas meu corpo parece ter vontade própria, e acabo desabando no chão com um estrondo ensurdecedor que, sem dúvida, acorda Nath. Ele se apressa em minha direção, seus passos rápidos ecoando pelo quarto, e estende a mão para me ajudar a sentar na cama.

— Pelo visto, te dei trabalho novamente. — digo, sentindo o rubor da vergonha tomar conta de mim.

Nath me olha nervoso, seus olhos castanhos carregam um peso imenso, e suas mãos agarram as minhas com preocupação, como se estivesse buscando forças para me contar algo.

— Não lembra o que aconteceu? — Nathaniel me pergunta, sua voz cansada ecoando pelo quarto.

A intensidade de seu olhar acelera meu coração, enquanto uma mistura de excitação e curiosidade percorre meu corpo.

Tento recordar da noite anterior, mas minha mente é como uma tela em branco, desprovida de qualquer lembrança. As sombras da amnésia envolvem meus pensamentos, deixando-me inquieta e insegura.

— Lembro de não ter bebido o suficiente para ficar neste estado. — comento, a preocupação pintando meu tom de voz, enquanto minha mente mergulha na incerteza sombria.

Ele engole em seco e fixa os olhos nos meus, a tensão pairando entre nós. Se não fosse a culpa pesando sobre seus olhos, esta seria a cena que sempre sonhei, com ele e eu tão próximos. No entanto, há algo sinistro no ar que me impede de aproveitar o momento.

— Anastácia... Como bioquímica, você já deve ter ouvido falar do blackout... — Nathaniel, em sua voz calma e confiante, tenta me explicar o que aconteceu, introduzindo o suspense em suas palavras. — ou como é mais conhecido, "Boa noite, Cinderela"

Minha mente começa a clarear um pouco, lembrando de uma matéria da faculdade de bioquímica que tratava desse assunto intrigante. As lembranças fragmentadas daquelas aulas agora assumem um significado mais sombrio e perturbador.

— É quando uma pessoa perde a memória de eventos recentes, certo? — pergunto, tentando entender o que está acontecendo, enquanto minha mente procura respostas nos recônditos de meus conhecimentos.

Nathaniel balança a cabeça em concordância, mas seu olhar contém algo mais, algo que me deixa inquieta.

— Ele pode ser causado por diversas substâncias.  — Nathaniel explica, com cuidado. — E algumas pessoas podem ser mais vulneráveis do que outras.

Minhas sobrancelhas se franzem, indicando minha aflição.

— Espera... Eu fui drogada, Nath? — pergunto, assustada, meus olhos arregalados expressando o medo que começa a se apoderar de mim, enquanto imagens desconexas e ameaçadoras se formam em minha mente.

OS RISTRETTOSOnde histórias criam vida. Descubra agora