Nathaniel Moretti
Meus olhos se abrem lentamente, e a primeira coisa que sinto é uma dor aguda percorrendo minhas costas, como facadas que reverberam em cada movimento. Agora, encontro-me despertando em um quarto de hospital, cercado pelo odor característico de desinfetante.
Uma enfermeira de origem asiática se aproxima, sua expressão serena e compassiva transparecendo em seu olhar. Ela gentilmente coloca a mão em meu ombro, transmitindo um conforto silencioso enquanto busca acalmar minha inquietação.
— Inglês? — questiona ela, procurando identificar qual idioma falamos.
— Sim. — respondo, compreendendo que ela está tentando determinar a forma mais efetiva de se comunicar.
— Senhor, você precisa descansar e se manter tranquilo. Sua recuperação é de extrema importância. — diz ela, em um tom suave, buscando me manter imóvel na cama.
No entanto, minha mente é envolvida por um pequeno lapso de memória, um vácuo que me impede de compreender o que me trouxe até aqui.
— Mas o que aconteceu comigo? Como vim parar aqui? — questiono, ansiando por respostas.
— Você levou três tiros na coluna vertebral. — A enfermeira, com carinho e paciência, explica a situação delicada em que me encontro. — Por uma sorte inestimável, não houve danos irreparáveis, mas existe o risco de perda dos movimentos das pernas. — sua voz é carregada de compaixão, tentando transmitir calma e apoio em meio à adversidade. — Você precisa se recuperar e seguir as orientações médicas à risca.
Enquanto a enfermeira e eu conversamos, minha mente começa a vagar, levando-me de volta ao momento em que tudo aconteceu. O som ensurdecedor dos tiros ressoa em minha mente, acompanhado pelos gritos de desespero de Jane que ecoam pelo ambiente.
A sensação de pânico e impotência toma conta de mim. E então, a imagem de Anastácia surge em minha mente, trazendo uma onda de emoções que fazem-me sentir mais vivo do que nunca, ela me perdoou.
Minha agitação momentânea acaba me fazendo mover, e a enfermeira, sempre atenta, me faz sentar mais uma vez, zelando pelo meu bem-estar.
— Por favor, senhor, mantenha-se deitado. — ela ordena, sua voz suave carregada de preocupação. — Vou verificar seus sinais vitais e trazer os medicamentos prescritos.
Após receber todas as orientações necessárias, acomodo-me na cama do hospital, permitindo que meu olhar se perca ora na agulha intravenosa que se destaca em meu braço, ora na televisão próxima, que exibe uma novela mexicana em silêncio, seus personagens movendo-se em uma narrativa distante.
As horas arrastam-se vagarosamente, e, finalmente, o médico responsável por minha recuperação adentra o quarto. Sua presença é marcada pela serenidade de seus traços asiáticos e uma postura formal.
— Bom dia, senhor Moretti. — cumprimenta o médico, adentrando o quarto com uma expressão cuidadosa. — Sou o doutor Peter Li. Como está se sentindo? — pergunta, demonstrando cautela.
— Ainda um pouco confuso, doutor. Mas estou ansioso para saber quando poderei sair daqui. — comento, tentando manter um tom leve e bem-humorado.
— Entendo sua ansiedade, mas é crucial que você se recupere plenamente antes de receber alta. Faremos todos os exames necessários e acompanharemos sua evolução de perto. — enfatiza o médico, transmitindo segurança e confiança através de seu olhar sereno e voz firme.
Sinto minha cabeça latejar enquanto tento processar as palavras do médico. Uma onda de preocupação e medo percorre meu corpo, deixando-me ainda mais tenso.
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OS RISTRETTOS
RomanceEm "Os Ristrettos", Anastácia Taylor, Jane Petter e Megan Willians são amigas inseparáveis com um sonho em comum. Se tornarem agentes da CIA. Mas suas vidas sofrem uma reviravolta surpreendente quando elas se deparam com a sinistra máfia que governa...