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Nathaniel Moretti

Meu dia estava indo de vento em popa até que, para minha completa desgraça, cruzei o caminho de Anastácia Taylor. Aquela loira insuportável capaz de transformar minha tranquilidade em um verdadeiro inferno pessoal. Ela é a personificação do próprio demônio nesta Terra. Ainda estou atônito diante da audácia dela ao despejar uma garrafa de suco em meu precioso terno Alexander Amosu. Essa peça é o tesouro supremo do meu guarda-roupa, e vê-la manchada e arruinada por sua atitude impulsiva faz meu sangue ferver de raiva.

Anastácia é uma verdadeira encrenqueira insolente, e, como de costume, fico paralisado sem tomar nenhuma atitude. Não por falta de vontade. O desejo de me vingar é avassalador, mas minha irmã é muito apegada a Anastácia, e não desejo decepcioná-la. É uma situação complexa, pois a presença constante de Anastácia em minha vida é uma fonte contínua de incômodo, e sua atitude exaustiva só aumenta o meu cansaço.

No entanto, o que realmente me atormenta e consome minha mente é como meu primeiro amor se tornou ainda mais radiante com o tempo. Seu corpo é simplesmente perfeito, e observá-la movimentar os quadris de maneira sensual em meu escritório é o suficiente para despertar uma ereção instantânea. É frustrante, pois Anastácia desperta em mim uma mistura de sentimentos conflitantes, que variam desde a raiva até uma atração avassaladora. É uma batalha interna constante entre o desejo de me vingar e a atração magnética que sinto por ela.

Em meio a essa turbulência emocional, percebo que Anastácia esqueceu seu jaleco em meu escritório. Decido levá-lo até ela antes que ela retorne e cause mais problemas. Pego a peça que está sobre a poltrona e me dirijo ao elevador, programando-o para descer até o laboratório. Ao chegar lá, constato que a porta está escancarada, o que não me surpreende dada a habitual negligência de Anastácia. 

Uma placa claramente visível alerta que a porta deve ser mantida fechada para a segurança dos medicamentos, mas ela parece sempre ignorar essas regras. Já estou ficando impaciente, então fecho a porta com um pouco mais de força, determinado a repreendê-la de maneira incisiva quando a encontrar, responsabilizando-a por toda a sua falta de cuidado.

— Anastácia, você é a garota mais distraída e desatenta que já tive o desprazer de conhecer! 

Eu avancei em sua direção, aproximando-me dela com passos firmes e olhos fixos. Ela suspirou alto, parecendo cansada da situação, mas eu não estava disposto a deixá-la escapar tão facilmente. 

 Anastácia, visivelmente irritada, deu alguns passos para trás, seu rosto corado de raiva contrastando com o ambiente estéril do laboratório. As paredes brancas e os equipamentos científicos ao redor pareciam ecoar a tensão que pairava entre nós. O som distante dos aparelhos de laboratório ecoava no ar.

— Caramba, depois de tudo que aprontou em minha sala, ainda deixa a porta do laboratório aberta? — exclamei, minha voz ecoando pelo ambiente. — Você tem noção dos riscos de contaminação cruzada aqui e de como isso pode prejudicar os medicamentos?

Entretanto, sua reação é de incredulidade, como se minhas palavras fossem completamente absurdas. Em um gesto abrupto, ela corre em direção à porta do laboratório, tentando abri-la, mas sem sucesso.

— Nathaniel, você é um idiota mesmo! — Anastácia fala irritada, seus olhos faiscando de raiva. — A porta estava aberta porque eu esqueci meu cartão de acesso em sua sala, e só ele abre a porta a essa hora!

Surpreso com sua explicação, fico momentaneamente em silêncio, processando a informação.

— Não está me dizendo que estou trancado aqui com você, garota? — Pergunto em pânico, a realidade da situação começando a me atingir em cheio.

OS RISTRETTOSOnde histórias criam vida. Descubra agora