OS RISTRETTOS

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Donato Moretti

Estou em meu escritório, rodeado por pilhas de trabalho que preciso enfrentar. Como sempre, hoje é a maldita festa organizada pelo Nathaniel. Nenhuma parte de mim está animada com essa situação. Será apenas um bando de pessoas curiosas me questionando sobre o meu desaparecimento e eu terei que ver Megan ao lado de Apolo.

Sinto-me exausto, cansado de me esconder da Megan. Não consigo encará-la sem sentir uma enxurrada de emoções: saudades, tristeza. 

Desde que ela fez aquele pedido, tenho me mantido afastado. Por esse motivo, sinto falta das nossas conversas. Já criei mil desculpas em minha mente para vê-la, mas sempre que reúno coragem, aquele maldito Apolo está lá, grudado nela.

Investiguei essa repentina aproximação e, de acordo com Steve, a tecnologia que eles possuem é exatamente o que Megan precisa para executar o projeto de segurança das nossas empresas. Por isso, ela fechou um contrato com os Brown e agora eles trabalham juntos. 

Aquele cafajeste vive agarrado a ela, e sinto repulsa toda vez que vejo aquele sorriso malicioso no rosto dele. Tenho vontade de enlouquecer e cortar as bolas dele, socar o rosto dele até virar gelatina. Seria tão satisfatório ver aquele semblante de conquistador desmoronar.

— Você está sorrindo como um psicopata. Devo chamar os médicos de volta? — Nathaniel zomba, adentrando minha sala sem ser convidado.

— E meus preciosos minutos de sossego se esvaíram! — Resmungo aborrecido, revirando os olhos.

— Eu sou seu melhor amigo, Donato, você deveria me tratar melhor! — Ele reclama, aparentemente chateado.

— Você, com certeza, não é meu melhor amigo! — Provoco, esboçando um sorriso irônico.

— Então você está dizendo que eu não sou seu melhor amigo? Por quê? Porque eu não sei nada sobre você? Porque nunca te faço perguntas ou demonstro interesse em você? Porque não dou valor a você? Se for esse o caso, você é muito insignificante! — Ele vocifera, insinuando que, na verdade, sou um ingrato de marca maior. 

E devo admitir, meu primo tem razão. Nunca valorizei o suficiente o que ele faz pela nossa família.

Encara-me com raiva e sai da minha sala, batendo a porta com força. 

Suponho que o tenha deixado realmente irritado. Droga, agora vou ter que correr atrás dele e pedir desculpas. Provavelmente ele vai fazer um drama e eu acabarei cedendo e fazendo algo que detesto apenas para agradá-lo. 

Apressei-me em alcançá-lo e segurei seu braço, fazendo-o parar. Estamos no meio de um corredor movimentado, cheio de pessoas, mas isso não vai impedir que ele faça uma cena.

— Desculpe pelo que eu disse, mas às vezes você é insuportável, e eu estava extremamente irritado há alguns minutos! — Confesso num sussurro, tentando ser discreto.

Ele permanece em silêncio, olhando-me ofendido. 

Percebo que Steve, Anastácia e Jane se aproximam, provavelmente impressionados e preocupados com o nosso confronto em frente aos elevadores. Às vezes eles se esquecem do verdadeiro talento dramático que Nathaniel Moretti possui.

— Se há algo errado comigo que eu não esteja ciente, você, como meu "melhor amigo", tem a obrigação de me contar! — Ele murmura escandalizado.

— Então, vamos lá! Você é narcisista, sociopata e até mesmo um psicopata! — Falo com sinceridade.

— Também é paranoico! — Steve intervém, com um sorriso sugestivo.

— Sexista, dramático, exagerado! — Anastácia acrescenta timidamente.