OS RISTRETTOS

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Steve Moretti

Depois de tomar um café delicioso preparado pela Samantha, aguardo pacientemente Megan chegar com minhas roupas, ela insistiu que hoje cuidaria de mim, pois estou, nas palavras dela, adoecido e de aparência ruim. Aquela ruiva sabe ser manipuladora e mandona, roubou a Samantha e agora quer roubar meu livre arbítrio.

— Cheguei cunhado! — Fala eufórica com uma bagagem de mão, aproximando-se da poltrona em que estou sentado.

Noto que ela me observa atentamente, seus olhos castanhos estão apertados e ela sorri de canto de uma forma sugestiva.

— O que foi? — Pergunto, indignado com o olhar avaliativo que estou recebendo.

— Você está horrível. — Exclama sentando ao meu lado. Sua expressão é uma mistura de preocupação genuína e uma pitada de provocação. — A culpada disso é minha melhor amiga? — Pergunta, fingindo desinteresse e coloca as mãos no colo.

— Talvez... — Murmuro, desviando o olhar, pois sinto um leve rubor em minhas bochechas por causa de sua observação mordaz.

— Vamos lá, cunhado, sou sua família e conheço Jane, posso ajudá-lo. — Fala, carinhosamente e dá duas batidinhas em meu ombro. 

Seu toque é suave e reconfortante, algo que eu não esperava dela.

Encaro Megan que parece confiante, ela tem razão, conhece Jane muito bem e pode me ajudar a entender toda esta situação. Faz quatro dias que ela embarcou para a China, e nem mesmo me enviou uma mensagem sobre sua chegada, não me ligou ou atendeu minhas ligações. Parece estar se escondendo de mim ou me evitando a todo custo. Me sinto solitário e cansado, e todo esse sofrimento está afetando minha saúde física.

— Eu misturei analgésico e bebida alcoólica para poder dormir, por isso a tontura... Megan, eu vou embarcar hoje para a China, vou encurralar a Jane e descobrir porque vem me ignorando. — Conto em meio a minha angústia e vejo os olhos da ruiva se arregalarem.

— Não pode fazer isso. — Exclama exasperada, parecendo aflita.

— Por quê? — Questiono confuso a encarando.

— Por quê... Ela iria se zangar. Pense comigo, e se ela estiver apenas ocupada e você chegar lá antes do combinado, ela pode se sentir pressionada e terminar com você. — Fala em um tom aflito e levanta-se depressa. — Vá se arrumar, precisamos garantir que melhore e amanhã pode ir até ela, conforme combinaram. Combinado? — Ordena irredutível, então me levanto e sigo suas ordens, ela conhece a Jane, certamente deve ter razão.

Subo as escadas até o quarto de hóspedes ao qual fiquei instalado, tiro minhas roupas e adentro o chuveiro para tomar um banho, deixando a água correr por meu corpo e aliviar toda tensão que estou sentindo. 

Pego o sabonete líquido e espalho por toda a extensão de meu corpo, lembrando dos lugares tocados por Jane na última vez que estivemos juntos, e sinto uma ereção crescendo abaixo de minha virilha, mas me nego a começar uma masturbação no quarto de hóspedes da casa do meu irmão; que pervertido eu seria.

A água morna do chuveiro traz um certo alívio para a minha mente atribulada. Enquanto me ensaboava, pensava nas palavras de Megan. Ela estava certa, não posso ser impulsivo e agir de forma precipitada. Preciso dar a Jane o espaço que ela aparentemente precisa e tentar resolver as coisas de maneira mais tranquila e sensata.

Sempre fui um homem ativo sexualmente, não passei um dia sequer desde que comecei a transar sem me tocar ou sair com alguma mulher. Entretanto, desde que me assumi com Jane, venho me resguardando. Provar o corpo dela foi viciante, é algo que não posso viver sem.