OS RISTRETTOS

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Donato Moretti

Depois de cuidar de Megan, volto para o apartamento onde estou hospedado. No entanto, as lembranças desta noite me atordoam mais do que o normal. Quando segurei Megan em meus braços e a vi tremendo, olhando para mim, lutei contra o desejo avassalador de beijá-la. É uma batalha constante, pois por trás da minha necessidade de confortar a mulher que amo, existem desejos obscuros e perigosos, nascidos de uma fome profunda e selvagem que me assusta até o âmago da minha alma.

Eu sei que, uma vez que eu ceda a esses desejos, uma vez que eu libere a besta rosnando dentro de mim, não haverá como voltar atrás. Fui um completo idiota ao pedir um tempo para a mulher que amo, a fim de me recuperar do luto. Que tipo de imbecil faz isso? No entanto, o que eu não esperava é que no mesmo dia ela aparecesse com um novo namorado.

Sinto-me culpado, mas também tranquilo com a minha decisão. Fiz o impossível e me mantive afastado, permitindo que ela seguisse seu próprio caminho, pelo menos em parte. Não vou ser hipócrita e dizer que não mantive um olho nela a distância. Passei horas e horas observando-a e até mesmo investigando o cretino que a enganava, cheio de segundas intenções. No entanto, minha obsessão e nossos breves encontros só aumentaram meu tormento interior.

Nunca me considerei um masoquista, mas talvez eu seja. Porque abracei de bom grado a tortura requintada de tê-la tão perto, mas me recusando a possuí-la. Até que chegou o momento fatídico em que perdi o controle e quase matei aquele maldito Apolo. Descobri que aquele canalha planejava usá-la para saquear a Moretti Corporation. Ele pretendia nos roubar e fazer Megan assumir a culpa. Caso contrário, ele divulgaria um vídeo íntimo dela para toda a mídia.

Fui um completo idiota, deixando a raiva me dominar e perdendo Megan para sempre. No entanto, parece que esta noite é o teste final do meu autocontrole. Finalmente, pude perceber o desejo e a paixão em seus olhos, mesmo que o momento não seja o mais apropriado.

Devo confessar que uma parte de mim esperava que ela sentisse minha falta, que viesse até a China porque ela me desejava com o mesmo desespero que eu a queria. Porque ela estava pronta para ser minha, com tudo o que isso implica. Mas infelizmente, isso ficou só em meus desejos mais oprimidos. Deixei Megan naquela casa decidido a abrir mão dela.

Depois de uma viagem longa de carro, entro no apartamento com a cabeça estourando. Ver aquela ruiva seminua e com aquele semblante excitado acabou comigo. Eu sei que ela me desejou e sente atração por meu corpo, mas é só isso, e me sinto um imbecil por pensar assim, mas não é o suficiente. Adentro o quarto e retiro minhas roupas, em seguida tomo um longo banho, deixando a tensão desta noite escorrer pelo ralo. Depois de vários minutos debaixo do chuveiro, saio do banheiro, visto uma roupa confortável e preparo um café.

Concentrado em meus afazeres, escuto a campainha do apartamento ecoar. Por este motivo, saio às pressas para abrir a porta, na esperança de ser a Megan com um pedido de desculpas, mas para minha total indignação, é o cretino do Apolo.

— Antes que quebre novamente minha cara, eu só vim conversar — fala assustado, erguendo os braços em rendição.

O encaro, deixando transparecer a raiva que sinto, e não disfarço o desgosto em meu rosto. Respiro fundo e cerro meus punhos antes de partir para cima do imbecil novamente. Seguro a gola de sua camisa e o prenso contra a parede do corredor.

— Você enlouqueceu, saia daqui agora, Apolo! — Vocifero em um grunhido, segurando-me com todas as minhas forças para não matá-lo agora mesmo.

— Eu cometi um erro! — Fala com a voz embargada, parece desesperado, seu rosto inchado e cheio de hematomas da surra que levou.