OS RISTRETTOS

🔴 32 🔴

Nathaniel Moretti

Há vinte dias, estou preso nesta cama de hospital, e a monotonia tem sido minha companheira constante, como um parente indesejado. Tudo o que mais desejo é escapar desse cheiro de desinfetante e voltar para minha cama confortável, meu banheiro e, é claro, minha amada liberdade.

Mas sabe o que tem tornado essa estadia suportável?

A incrível enfermeira Quon, a única pessoa que tem o privilégio de me tocar sem receber um olhar ameaçador de minha irmã. A verdade é que Jane tem me vigiado incansavelmente, tornando tudo muito desconfortável.

Todos os dias sinto falta de Anastácia. Ela tem sido minha companhia sempre que pode. No entanto, nossa relação tem sido tensa. Existe uma forte atração entre nós, mas, devido ao meu estado de saúde, precisamos manter uma certa distância. 

Não quero que ela se preocupe ainda mais comigo e acabe negligenciando sua vida pessoal e profissional. Além disso, ela já retirou o gesso e voltou ao trabalho, então nossas oportunidades de nos encontrarmos estão cada vez mais escassas.

No geral, estou passando por um momento difícil, mas a presença de Quon e os cuidados dos meus amigos têm sido fundamentais para manter meu otimismo e esperança. Mal posso esperar para voltar para casa, mas, enquanto isso, sou grato por ter essas pessoas incríveis ao meu lado.

Estou sentado na cama do meu quarto de hospital, assistindo à minha novela mexicana favorita e saboreando uma deliciosa gelatina quando o Dr. Peter Li entra no quarto. Olho para ele com um pouco de desânimo, pois estou cansado de suas prescrições de remédios e exercícios.

No entanto, desta vez, o Dr. Li entra no quarto com um sorriso contagiante em seu rosto e carregando uma pasta com um emblema peculiar. Ao perceber que se trata de uma radiografia, lembro-me dos exames que fiz no dia anterior com a enfermeira Quon.

— Bom dia, senhor Moretti. Sua família ainda não chegou? — o médico pergunta com gentileza.

— Pedi a eles que continuassem suas vidas sem se preocupar comigo. Agora, sou parte integrante deste hospital. — respondo, tentando amenizar a situação com um toque de humor.

— Não seja tão dramático, senhor Moretti! — repreende-me a enfermeira Quon, com um sorriso afetuoso.

— Como se sente hoje? — o médico questiona, demonstrando interesse genuíno.

— Fisicamente estou bem, mas psicologicamente bastante entediado. — respondo, disfarçando minha ansiedade com um leve sorriso.

— Recebi seus exames esta manhã e acabei de avaliá-los. Tenho que confessar que sua recuperação está muito melhor do que o esperado. — o médico explica, transmitindo uma nota de otimismo. — Vou lhe dar alta, mas é importante que você espere pelo menos vinte dias antes de retomar suas atividades normais.

— Ah, sério? — pergunto, animado e surpreso com a notícia positiva.

— Sim, senhor Moretti. No entanto, é fundamental que você siga todas as orientações que iremos fornecer. Nada de levantar peso, praticar atividades físicas intensas ou caminhar sem a cinta ortopédica lombar. — a enfermeira Quon ressalta, enfatizando a importância das restrições.

— Compreendi perfeitamente. Vou seguir todas as orientações à risca. — concordo, sentindo um misto de alívio e gratidão por finalmente poder deixar o hospital.

— Ótimo. Vou assinar sua alta e, em questão de minutos, você estará pronto para voltar ao aconchego do seu lar. A enfermeira Quon irá auxiliá-lo na arrumação. — conclui o médico, deixando o quarto com um sorriso de satisfação estampado no rosto.