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Jane Petter

Sinto-me angustiada, afundada em uma poltrona desconfortável na elegante sala de estar da casa do meu irmão. O couro macio e impecável da poltrona acaricia minha pele, enquanto meus olhos vagam pela decoração imponente do ambiente. Minhas mãos tremem involuntariamente, enquanto minhas pernas, inquietas, buscam algum alívio para a ansiedade que me consome. 

O silêncio opressivo do ambiente é quebrado apenas pelo tiquetaquear do relógio na parede, ampliando minha agonia enquanto aguardo o retorno de Steve. Cada segundo parece uma eternidade, e o pensamento de Alicia estar com ele é como uma lâmina afiada, cortando meu peito e roubando-me o ar.

— Calma, Jane! Steve está bem e logo estará de volta — Megan tenta tranquilizar-me com sua voz nasalada, mas há uma tensão em sua expressão, uma excitação disfarçada que não consegue esconder completamente.

Ela se aproxima carinhosamente, seus dedos delicados acariciando minha mão trêmula, piscando com simpatia, como se tentasse enviar ondas de calma para meu corpo estremecido. No entanto, mesmo seu gesto afetuoso não consegue conter as ondas de apreensão que percorrem meu ser.

— Ele já enfrentou situações piores, Jane. Lembre-se disso — Donato diz enquanto caminha inquieto pela sala, seus passos leves ecoando no piso de madeira impecavelmente polido.

Seus movimentos ágeis e sua expressão preocupada revelam a agitação interna que consome seu ser. Cada móvel da sala, elegantemente posicionado, parece testemunhar sua inquietação, como se a opulência do ambiente não fosse suficiente para acalmar sua mente atribulada. Suas palavras são uma tentativa de trazer tranquilidade para nós dois, uma tentativa desesperada de encontrar esperança em meio à incerteza que nos cerca.

— Steve tem eliminado todos os seus tutores? — Nathaniel indaga com ansiedade evidente em seus olhos. 

Seu rosto pálido e tenso reflete a preocupação que o consome. As pernas inquietas, que se movem rapidamente de um lado para o outro, são um indicativo claro de sua agonia interior.

— Fui eu forneci uma lista de possíveis suspeitos.... — Megan explica, desviando o olhar para o esposo. — Segundo minhas informações, Steve está tentando redimi-los, mas todos continuam cometendo crimes. Então ele tem buscado fazer justiça com as próprias mãos...

Donato, visivelmente irritado, sobe as escadas com passos pesados, como se cada degrau fosse uma forma de liberar sua frustração reprimida. 

— Preciso ir atrás dele — diz, Megan correndo apressadamente em seu encalço, os degraus de mármore ressoando sob seus passos apressados.

— Nós conhecemos Steve... Ele não está tentando a redenção de ninguém. Ele está matando todos a sangue-frio — Nathaniel murmura com melancolia, enquanto seus dedos percorrem nervosamente a tela do celular. 

Ele desabotoa os primeiros botões da camisa preta, como se a pressão em seu peito exigisse algum alívio. Sua respiração acelerada ecoa pelo cômodo, testemunhando a tempestade emocional que o consome.

— Dê um desconto a Steve... Eu sofri demais, e descobrir que aqueles monstros não vão mais me aterrorizar traz um grande alívio — confesso sinceramente, afastando-me da poltrona desconfortável e caminhando até o bar de madeira escura para pegar uma bebida. 

O tilintar dos copos e o som do líquido se derramando no copo são como uma trégua momentânea para a agonia que me consome. 

— Deveria ter sido eu a protegê-la! — acrescenta, sua voz carregada de pesar e autorrecriminação.

Enquanto a conversa prossegue, ouço o eco da campainha reverberando pela ampla casa, ecoando como um sinal agudo que corta o ar. Meu coração dispara no peito, como um pássaro preso em uma gaiola, buscando desesperadamente a liberdade. Corro apressadamente em direção à porta, cheia de expectativa, imaginando que seja meu amado Steve quem está do lado de fora.

OS RISTRETTOSOnde histórias criam vida. Descubra agora