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Steve Moretti

Retorno ao quarto de Jane e escuto furtivamente sua conversa com o irmão. Um misto de curiosidade e ansiedade toma conta de mim ao descobrir que ela me ama de forma genuína, superando qualquer sentimento que já teve por Logan. 

Embora eu saiba que não é moralmente correto ficar espionando as conversas alheias atrás de uma porta, sou obrigado a admitir que ética e caráter não são exatamente minhas maiores virtudes. 

Sem hesitar, me aproximo um pouco mais da porta, tentando captar cada palavra dita. É então que ouço Nathaniel mencionar o desejo de enviá-la ao Alasca. Sinto um aperto no peito e decido que devo deixar claro ao meu primo que essa ideia é inaceitável para mim. 

Eu irei com Jane até o fim do mundo, não importa o que precise sacrificar. Mantenho-me concentrado na conversa, mas, de repente, avisto Megan se aproximando do quarto. Sem perder tempo, abro a porta e tento parecer casual, evitando que desconfiem de que eu estava ali ouvindo.

— Trouxe presentes! — Exclamo com um sorriso radiante estampado no rosto, aproximando-me de Jane e deixando um breve selinho em seus lábios. 

Percebo imediatamente que ela está mergulhada em pensamentos sombrios, completamente diferente do estado animado em que a deixei minutos atrás. 

— Como está, Anastácia? — Pergunto a Nathaniel, que encara carrancudo o celular em suas mãos.

— Bem! — Responde de forma seca, sem ao menos dirigir o olhar em minha direção.

— Podemos conversar? — Questiono, fitando-o com intensidade. 

Ele revira os olhos e deixa o quarto, pisando com firmeza no chão, como se estivesse com raiva.

— Vou tentar acalmar a fera. Possivelmente, Megan virá aqui. Vi a ruiva no corredor... — Explico a Jane, dando um breve selinho em sua testa antes de sair do quarto e seguir Nathaniel.

Encontro meu primo próximo a uma ampla janela de vidro que proporciona uma vista panorâmica do pátio. À medida que me aproximo dele, sinto meu coração acelerar, intensificando a mistura de emoções que me invade. 

Com delicadeza, coloco minha mão em seu ombro, buscando transmitir conforto e apoio. No entanto, mesmo com esse gesto afetuoso, seu semblante continua carregado, refletindo uma complexa mistura de tristeza e irritação.

A luz do entardecer banha o pátio, tingindo-o com tons dourados e alaranjados que se infiltram pelas folhas das árvores. A brisa suave dança pelos jardins, fazendo as flores balançarem graciosamente. O cenário é de uma beleza serena, contrastando com a tempestade emocional que se desenrola dentro de Nathaniel.

Seus olhos, sombreados pela melancolia, fixam-se na paisagem lá fora. Vejo a tristeza e a frustração estampadas em seu rosto, como se carregasse o peso de um fardo invisível. Linhas de preocupação marcam sua testa, evidenciando a batalha interna que ele enfrenta.

— Me xinga, me bate novamente, mas pare de me ignorar dessa forma. — Peço, encarando-o, enquanto mantenho um sorriso triste nos lábios.

— Jane é minha irmã, você ultrapassou os limites, Steve. — Fala com seriedade, fixando seu olhar em um ponto distante do pátio. 

Seu rosto exibe uma expressão melancólica, revelando a dor que carrega consigo.

— Nathaniel, eu amarei sua irmã até meu último suspiro... Ela é o amor da minha vida, e não suporto mais a ideia de ficar longe dela. — Deixo claro, revelando o anel de noivado que guardo no bolso como um símbolo do compromisso que pretendo assumir com ela. 

— Eu iniciei uma guerra com os Russos. A pergunta é... Você ficará ao meu lado para lutar ou seguirá com minha irmã rumo ao Alasca? — Indaga, com apreensão, brincando com os nós dos dedos.

— Desculpe, primo, mas não deixarei sua irmã partir sem mim. Eu irei com ela. — Confesso, com uma ponta de ressentimento em minha voz. 

No entanto, assim que minhas palavras ecoam, seu rosto se ilumina e ele me envolve em um abraço apertado.

— Se eu ainda tinha alguma dúvida sobre o seu amor por ela, agora não tenho mais. — Exclama, eufórico, exibindo um sorriso triunfante.

— Por favor, não conte a ela ainda. Quero fazer uma surpresa. — Peço, com um sorriso brincalhão nos lábios, esperando que ele concorde com meu plano.

— Vocês precisam partir logo. Fiquei sabendo que Edward andou rondando a mansão. Quando meus homens foram capturá-lo, ele conseguiu escapar. — Confessa relutante, brincando com a aliança em seu dedo, revelando a gravidade da situação em que nos encontramos.

— E Logan? — Pergunto inquieto, ansioso por qualquer informação sobre ele.

— Infelizmente, ainda não temos notícias dele. Recebi informações de que ele está planejando nos atacar o mais breve possível. No entanto, se você e Jane desaparecerem, talvez ele recue. — Nathaniel responde, com um tom de desânimo perceptível.

— Tudo bem, vou mandar prepararem o jatinho imediatamente. Já foi solicitada a organização da casa no Alasca, desde o aniversário de vocês. — Anuncio, demonstrando minha sensibilidade em relação à gravidade da situação.

— Caso não fosse com Jane, eu pediria a alguns dos meus homens mais confiáveis para acompanhá-la. — Desabafa Nathaniel, com um sorriso travesso nos lábios.

— Nem pense em fazer uma besteira dessas. — Ameaço, fechando minha expressão para deixar claro que não aceitaria tal proposta.

Enquanto rimos juntos, observando o movimento dos carros no pátio, aproveito para enviar uma mensagem à minha equipe, solicitando que preparem um jatinho particular para a nossa partida com Jane ainda hoje. Já conversei com a médica dela, que informou que Jane receberá alta durante a noite.

— Vou pedir a Anastácia para preparar uma mala com roupas para Jane, e nos encontraremos no aeroporto às 20h. — Nathaniel conta, afastando-se em direção ao corredor. 

Observo a hora no meu celular e percebo que não tenho muito tempo para passar com Jane antes de partirmos. Decido voltar rapidamente para o quarto dela.

Ao entrar no quarto, encontro Jane e Megan rindo de alguma piada interna. Me aproximo delas e dou um selinho carinhoso na testa da minha amada.

— Brega... Muito brega! — Megan exclama, afastando-se da cama, ainda sorrindo.

— Ah, mas não fui eu quem teve um pedido de casamento romântico em um terraço cheio de rosas vermelhas. — Provoco, brincalhão, piscando para a ruiva.

— Fiquei sem argumentos. — Ela caçoa, erguendo os braços em rendição.

— Vocês voltam logo para Nova York? — Curioso sobre os planos da minha cunhada, pergunto despreocupadamente.

— Voltaremos hoje à noite. Precisam de Donato na empresa, mas voltaremos no próximo mês para o chá da Anastácia. — Megan explica.

— Por que Anastácia tem um chá? — Indago, curioso, notando um sorriso discreto nos lábios de Jane.

— É um chá de fraldas. — Megan responde, revirando os olhos.

— Vocês vão tomar um chá feito de fraldas? — Pergunto, fazendo uma careta de confusão.

Elas começam a gargalhar, e Megan chega a deitar-se no chão, incapaz de conter a risada. Observo-as com um sorriso nos lábios, contagiado pelo momento de descontração. No entanto, de repente, uma sensação de inquietação toma conta de mim. Decido sair do quarto para verificar o corredor.

No momento em que saio, pego meu celular no bolso para ligar para Nathaniel, mas sou surpreendido pela visão de homens estranhos caminhando em direção ao quarto de Jane. Um arrepio percorre minha espinha e, agindo rapidamente, volto apressadamente para dentro do quarto.

— Corram agora para o banheiro! — Digo, sacando minha arma e mirando a porta. 

Meu coração acelera, minha respiração fica ofegante e minhas mãos suam pela excitação e pelo medo repentino que se apoderou de mim.


Continua...

OS RISTRETTOSOnde histórias criam vida. Descubra agora