OS RISTRETTOS

🟡 51 🟡

Steve Moretti

Após dois longos anos de espera, Jane Petter finalmente permitiu-se ceder aos sentimentos que guardava por mim. Estávamos envolvidos em uma felicidade radiante, apesar de todas as tentativas de Edward, Alicia, Logan e Candice de arruinar o nosso relacionamento. 

Juntos, enfrentamos cada obstáculo que nos foi imposto para alcançarmos esse momento tão aguardado. Contudo, agora, quando finalmente temos a oportunidade de ficarmos juntos, ela decide me deixar novamente. A confusão e a desorientação tomam conta de mim, e me vejo sem saber como agir ou o que fazer em seguida.

Com a mente em turbilhão, dirijo em alta velocidade até a casa de Jane, determinado a pegar minhas coisas e retornar para Nova Iorque ainda hoje. Há questões importantes que preciso resolver, como reassumir o comando dos Ristrettos e, sobretudo, permitir que Jane esteja presente para apoiar seu irmão.

Apesar da minha compreensão em relação ao lado dela, admiro profundamente seu bom coração e sua lealdade para com aqueles que ama, não posso deixar de me sentir magoado. Eu esperava ser uma figura mais importante em sua vida, alguém com quem ela compartilharia seus dilemas e decisões antes de tomar medidas tão definitivas. Acredito que, juntos, poderíamos encontrar uma saída positiva para essa situação.

Após alguns minutos de condução tensa, finalmente alcanço a casa de Jane e me encaminho diretamente ao quarto, onde guardo minhas pertences. Enquanto preparo uma mala de mão, rapidamente envio uma mensagem ao piloto, solicitando que aguarde com o jatinho pronto, pois pretendo estar no aeroporto em cerca de 40 minutos.

Enquanto organizo minhas coisas, o telefone toca e, ao verificar o identificador de chamadas, percebo que é meu irmão, Donato.

— O que aconteceu? — Ele questiona, preocupado com o que possa ter acontecido para eu sair daquela forma do hospital.

Solto um longo suspiro, antes de responder. 

— Preciso de um tempo. — Desabafo, ansioso em resposta.

— Certo, cuide-se. — Sua voz carinhosa transparece tensão.

Desligo a chamada e, carregando comigo a tristeza dos momentos mais felizes que vivi junto de Jane, desço as escadas. Respiro fundo, contemplando o lugar que foi palco de tantas lembranças memoráveis. Em meio à desolação que me invade, vou até o carro, ciente de que estou abatido e chateado, mas decidido a enfrentar os desafios que a vida me apresenta.

Após alguns minutos de angustiante espera, finalmente chego ao aeroporto. 

Meu celular permanece insensível, sem qualquer chamada ou mensagem que possa acalmar o caos emocional em que me encontro. Ao adentrar no jatinho, sou recebido pela mesma aeromoça do voo anterior. 

Seu olhar, quase desafiador, se cruza com o meu, e uma risadinha maliciosa escapa de seus lábios.

— Seja bem-vindo novamente, senhor Moretti. — Sua voz soa gentil, mas seus olhos parecem buscar por algo além do óbvio. 

Acomodo-me em meu assento e, ainda inquieto, aperto o cinto de segurança.

Observo a paisagem pela janela, mas a mente insiste em revisitar os acontecimentos dos últimos dias. A cada lembrança, um turbilhão de sentimentos se mistura dentro de mim. Em meio a todas as incertezas, uma certeza permanece inabalável.

Jane Petter é e sempre será o amor da minha vida.

A aeromoça, aparentemente curiosa, decide romper o silêncio.

— E sua linda namorada? — Indaga com sutileza, tentando descobrir o que há por trás de meu semblante carregado. 

Sorrio com um leve tom de sarcasmo, relutante em me abrir com alguém que não faz parte de minha intimidade.