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Megan Willians

Acordo sobressaltada com batidas na porta, minha cabeça lateja em dor e meus olhos ardem intensamente. A ressaca parece ter tomado conta de todo o meu corpo, e demoro alguns instantes para processar o som irritante que reverbera em meus ouvidos. Quem ousa me incomodar desta forma? Lentamente, minha mente começa a clarear e a lembrança da noite anterior se insinua em minha consciência. A imagem de Donato Moretti, seu rosto sério e imponente, surge em minha mente, e minha pulsação acelera em resposta à lembrança.

— Entra! — murmuro, minha voz soando fraca e arrastada. As batidas incessantes continuam, como marteladas que ampliam ainda mais a dor que permeia minha cabeça.

A porta se abre lentamente, revelando a figura de Donato parado em seu limiar. Ele segura uma bandeja com o café da manhã, e seu semblante está envolto em um sorriso desconcertante. O contraste entre seu bom humor e minha aparência desgrenhada e abatida é quase cruel. Seu terno preto realça sua presença dominante, e meu olhar percorre involuntariamente os contornos de seu corpo, sentindo um misto de atração e ressentimento por sua impecável aparência.

Com uma expressão gentil, ele se aproxima e coloca a bandeja repleta de alimentos em meu colo. Café, bolo, sanduíche e frutas compõem a seleção, uma tentativa de trazer algum conforto para a minha condição lastimável. Meu olhar se encontra com o dele, buscando compreender o motivo de seu bom humor matinal.

— Eu me permiti trazer um comprimido para ressaca. — Donato comenta, sua voz carregada de afeto. 

Ele ajeita uma mecha solta do meu cabelo atrás da orelha, um gesto íntimo que envia um arrepio por minha espinha.

Sinto minhas bochechas queimarem, envergonhada por estar em tal estado diante dele.

— Está tão evidente assim? — murmuro, desviando o olhar para evitar o contato direto.

Donato não responde imediatamente, seu olhar fixo em mim, penetrante e intenso. Sua expressão transmite uma mistura de preocupação e algo mais profundo, algo que não consigo decifrar por completo.

— Seu joelho está machucado da queda. Eu não havia percebido antes. Posso pegar o kit de primeiros socorros e fazer um curativo? — ele pergunta, seu tom carregado de sinceridade e cuidado. 

Meus olhos se encontram novamente com os dele, e um lampejo de ternura invade meu coração.

Um sorriso se forma em meus lábios, uma resposta ao carinho que ele demonstra.

— Fique à vontade. — respondo, um brilho de humor dançando em meus olhos.

Enquanto me alimento dos alimentos saborosos que Donato trouxe, observo-o dirigir-se ao banheiro. Ele retorna com uma caixinha vermelha de primeiros socorros e se ajoelha à minha frente. A visão de suas mãos habilidosas cuidando de mim, tratando do meu machucado, provoca uma sensação agridoce dentro de mim. 

Ele limpa a ferida com soro fisiológico, delicadamente, suas mãos tocando minha pele com uma suavidade que parece contradizer sua natureza intensa. Com habilidade, ele seca a área com gaze e aplica um curativo, prendendo-o com esparadrapo. O gesto é meticuloso e carregado de atenção, e minha gratidão transborda em um sorriso apaixonado, apesar das turbulências que nos cercam.

Observo com intensidade o olhar de desejo de Donato percorrendo meu corpo, sua expressão revelando uma fome inegável. Seus lábios se umedecem involuntariamente ao fixar-se em meu decote, e a cada toque casual de seus dedos em minha pele, sinto meu peito arfar, o ar se tornando mais escasso. Em um momento de fraqueza, deixo escapar um gemido contido, e nossos olhares se encontram por um breve instante. Mordo o lábio inferior timidamente, desejando mais, querendo que ele ceda ao ardor que nos envolve.

OS RISTRETTOSOnde histórias criam vida. Descubra agora