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Jane Petter

Após alguns minutos de uma viagem tensa, finalmente chegamos em frente ao apartamento de Candice. Meu coração dispara, e posso sentir a mistura de emoções dentro de mim. Enquanto Steve parece calmo e compreensivo, eu carrego um turbilhão de amargura e raiva em meu coração, incapaz de imaginar um dia em que possa perdoar aquela mulher.

— Vamos? — Steve convida, visivelmente apreensivo.

— Quero fazer isso sozinha, Steve... Me espera no carro. — Falo confiante, depositando um beijo em sua bochecha antes de me afastar.

Ele não contesta, respiro fundo e saio do carro, tentando controlar a tensão que me consome. A cada passo em direção ao prédio, meus batimentos cardíacos aceleram ainda mais, como se o meu corpo estivesse alertando para o confronto iminente. 

Adentrando o prédio, pego o elevador até o apartamento de Candice. Ao chegar lá, percebo que as luzes estão todas apagadas. Acendo a luz da sala e vejo a ruiva pendurada com uma corda em seu pescoço, ela tentou se matar. 

Meu coração aperta diante da cena terrível, e rapidamente tomo uma decisão.

Corro em sua direção e corto a corda que a suspende. Ela cai sobre o sofá, ainda apresentando movimentos e respirando, o que me alivia. Cuidadosamente, a levanto e a coloco sentada. Em seguida, coloco um móvel alto por baixo dos seus pés. 

Percebo que ela está recuperando a consciência, e suspiro aliviada.

— Por que fez uma idiotice dessas? — Pergunto angustiada, lembrando de um tempo em que também estive no fundo do poço. 

Foram tempos difíceis, mas diferente dela, eu tive a sorte de ter um Steve Moretti ao meu lado, alguém que me salvou de mim mesma.

— Não se mete na minha vida, Jane. Você já tem o seu namorado de volta, agora some daqui. — Ela responde irritada, e seus olhos ficam marejados. 

Engulo em seco, tentando segurar meu remorso. Ver uma mulher forte como ela, destruída dessa forma me traz angústia, e não posso evitar que lembranças de um tempo doloroso venham à tona.

As palavras dela me atingem, e percebo que, mesmo diante da situação, não consigo odiá-la completamente. A raiva e a mágoa estão presentes, mas também sinto compaixão por essa mulher que se perdeu em suas escolhas e em suas ações. Sei que, no fundo, ela também é uma vítima.

— Candice, eu sei que as coisas estão difíceis para você. Mas, por favor, não desista. A vida pode ser cruel, mas também pode ser cheia de esperança e recomeços. — Minha voz sai suave, tentando transmitir algum conforto.

Ela me olha com um misto de desespero e raiva, e é como se pudesse ver suas dores refletidas nos olhos dela. Em um momento de empatia, percebo que ambas sofremos e lutamos de maneiras diferentes, mas compartilhamos o peso das nossas escolhas e consequências.

— Eu não posso mudar o que aconteceu, mas posso te oferecer ajuda, Candice. — Ofereço, mesmo que meu coração esteja em conflito.

Ela me encara surpresa, talvez não esperasse que eu fosse oferecer auxílio após tudo o que aconteceu. Neste instante, sinto que, mesmo com todas as diferenças e mágoas, a compaixão e o desejo de ajudar são maiores. 

Talvez, ao estender a mão para Candice, possamos encontrar um caminho de cura e redenção, transformando a dor em aprendizado e crescimento. Afinal, todos merecemos uma chance de recomeçar.

— Como eu posso te ajudar? — Insisto, determinada a não deixá-la sozinha nesse estado de desespero.

— Fica comigo, venha comandar ao meu lado, ajude-me a me reerguer. — Ela sugere com súplica no olhar, e sinto o peso da sua dor. 

OS RISTRETTOSOnde histórias criam vida. Descubra agora