OS RISTRETTOS

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Steve Moretti

Estou diante de Jane, que se dirige ao chalé para buscar o champanhe que solicitei. É uma forma de distraí-la, enquanto me preparo para o encontro com William Burns, o diretor do FBI.

Jane está alheia à verdade, e isso é essencial para garantir sua segurança.

Meu peito aperta, as lágrimas turvam minha visão. A decisão que tomei é dolorosa, mas é a única forma de proteger minha família.

Durante o interrogatório, planejei tudo com o Burns. Ele me deu 24 horas. 

Eu me entregaria, mas primeiro organizaria minha saída com minha família. Após tudo resolvido, eu daria uma resposta definitiva a ele. 

Embora tenha pensado em fugir com Jane, sei que ela merece mais. 

Ela deve ficar com sua família.

Preciso me entregar e tornar-me um informante para derrubar os traficantes, inimigos dos Ristrettos, que ameaçaram a vida de Jane e cujos negócios ela estava desmantelando.

Além disso, ganharei a liberdade de prosseguir com meus negócios ilegais sem interferência policial, mas por um tempo serei prisioneiro do sistema e entregarei algumas peças que eles precisam para continuar seu jogo sujo.

Olho ao redor, certificando-me de que não há ninguém por perto. 

Respiro fundo, buscando controlar as emoções tumultuadas dentro de mim. Um ano de prisão à frente, mas é a única maneira de garantir a segurança da minha família.

As lágrimas rolam livremente pelo meu rosto enquanto me aproximo da estrada, onde William me aguarda. Sinto como se meu coração estivesse sendo dilacerado, mas sei que é necessário, é a única forma de proteger aqueles que amo.

Lembro-me de Jane, seu sorriso doce iluminando cada canto do meu coração, o toque suave de sua pele que sempre me acalmava e sua risada contagiante que ecoa em meus ouvidos. Ela é tudo para mim, a razão pela qual ainda estou aqui, e a ideia de deixá-la para trás é insuportável. No entanto, sei que é preciso, é a única forma de mantê-la a salvo.

Encontro William na estrada, seu carro preto imponente estacionado ao lado. Seu olhar sério reflete a importância do momento. Quando me aproximo, ele estende a mão, e eu a aperto com força, buscando qualquer resquício de coragem que possa encontrar.

— Vou fazer isso pela minha família. Vou fazer isso por Jane. — Minha voz trêmula deixa claro o peso da decisão.

— Você está fazendo a coisa certa, Steve. — Afirmou William, sua voz firme, porém compassiva.

— Espero mesmo. — Eu respondo, tentando controlar o turbilhão de emoções que me assola.

William olha ao redor, como se verificasse se estamos realmente sozinhos naquele momento. 

— Começar uma guerra com eles seria seu fim, os Ristrettos sairiam do anonimato. — Ele revela. — Os homens de colarinho branco, tem molhado a mão de muita gente, de algum lado as cordas iriam quebrar. Quando eu percebi o que queriam fazer, e que Jane seria o bode expiatório da CIA, graças a Candice. Eu vim de Nova Iorque a Las Vegas te pressionar.

Seu relato desperta uma mistura de surpresa e gratidão em mim. Afinal, ele não precisava se envolver dessa maneira. Mas sinto uma sensação de camaradagem surgir entre nós. Ele entende os riscos que enfrento, e confio nele com a segurança dos que amo.

Engulo em seco, tentando controlar a enxurrada de emoções. Olho novamente para o chalé, e um nó se forma em minha garganta. Mas não posso me permitir fraquejar agora.

Entramos no carro, o couro frio sob minha palma suada. A estrada à frente se estende como uma jornada incerta, cheia de desafios e sacrifícios. Respiro fundo, preparando-me para o que está por vir.

Durante o trajeto, o silêncio paira no ar, apenas o ruído do motor e o asfalto sob os pneus nos acompanham. Minha mente oscila entre a certeza de estar fazendo o que é necessário e a angústia de deixar Jane para trás.

William quebra o silêncio, olhando brevemente para mim com compaixão.

— Retiro o que disse... Ela não deve abrir mão de você. — Suas palavras são reconfortantes, e um pequeno raio de esperança se acende em meu coração.

— Obrigado, William. — Minha gratidão é genuína.

Mesmo competindo pela mesma garota, não posso deixar de admirar o que ele fez para protegê-la daquela russa possessiva. Candice acredita que levando Jane para a cadeia com ela, terá sucesso em conquistá-la. Maldita mulher!

— Parabéns pelo casamento. — Ele fala com uma pontada de dor na voz, e percebo que sua preocupação também está em Jane.

— Só um idiota deixaria aquela garota para trás. — Confesso com um nó na garganta, lutando contra a tristeza que ameaça me dominar.

— Você é o idiota que fez uma mulher que nunca amou, amar pela primeira vez. — William diz com melancolia, e sua observação toca meu coração profundamente. — Se orgulhe disso...

Continuamos a avançar pela estrada, e a paisagem ao redor parece desfocada, como se minha mente estivesse completamente imersa em pensamentos e emoções conflitantes. A lembrança de Jane, sua força, o carinho que compartilhamos, tudo parece ecoar em cada esquina do meu ser, tornando o momento quase insuportável. 

Mas sei que não posso voltar atrás, que esta decisão é necessária para proteger a mulher que amo.

Respiro fundo, buscando forças para seguir em frente, pois sei que o desafio que me aguarda será árduo, mas enfrentarei cada obstáculo com determinação, sabendo que é por um bem maior. 

A estrada à frente pode estar incerta, mas o amor por Jane será minha bússola. Enquanto continuo a avançar, as lembranças de tudo que vivemos passam como um filme em minha cabeça. Recordo claramente quando a encontrei no terraço, aquele homem tentando intimidá-la. Foi a primeira vez, que a encontrei indefesa, e ali, decidi forçar uma aproximação.

Lembrando-me daquele momento, compreendo que precisei deixar todo meu desejo de lado, engolir meus sentimentos por ela e escolher ser seu apoio incondicional. Foi desafiador manter meus sentimentos ocultos enquanto a apoiava, mas sabia que era o que ela precisava naquele momento.

Continua...