OS RISTRETTOS

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Nathaniel Moretti

Eu não consigo acreditar no que testemunhei. 

A execução brutal de Anastácia está gravada em minha mente como uma ferida aberta, causando uma dor insuportável que consome minha alma. Cada imagem e detalhe daquela cena hedionda me traz uma angústia profunda, como se estivesse sendo dilacerado por dentro.

A dor que sinto é avassaladora, uma tormenta que me consome dia após dia. É uma dor que transcende o físico, mergulhando nas profundezas da minha existência, como se minha própria essência estivesse diluída em um oceano de sofrimento.

Adam Harris, o cretino responsável por tirar a vida de Anastácia, irá pagar por sua crueldade. 

Eu juro!

A raiva e a amargura inundam meu ser, alimentando meu desejo de vingança. 

Prometi a mim mesmo que farei justiça, não importa o quão sombrio seja o caminho que devo percorrer.

A dor se transformou em uma força poderosa dentro de mim. Ela me impulsiona a seguir adiante, mesmo quando me sinto fraco e desesperado. Não posso permitir que a morte de Anastácia seja em vão, que sua memória desapareça.

As lembranças do pesadelo do dia do sequestro assombram minha mente, invadindo-a como lâminas afiadas de dor.  Naquele dia, eu não consegui alcançar Jane, por isso retornei à sala de Anastácia, mas tudo o que encontrei foi o bilhete deixado por ela, um cruel lembrete da minha falha.

Desesperadamente, comecei a busca por Anastácia em todo o prédio, percorrendo corredores vazios e abrindo portas como um lunático. 

Mas já era tarde demais. 

Ela havia desaparecido sem deixar rastros. Cada recanto e cada esquina da cidade foram vasculhados. Usei todos os meus recursos, mobilizei todas as minhas conexões, mas não encontrei nenhuma pista. 

Adam Harris, o maldito responsável por tudo isso, também havia desaparecido. O vazio em meu peito crescia a cada dia que passava, enquanto eu me lançava em uma busca incessante por qualquer sinal dela. 

Mas nada...

E então, no terceiro dia, o golpe final. Recebi um vídeo terrível, um testemunho cruel do destino de Anastácia. Meu mundo desabou quando vi o amor da minha vida ser executada diante dos meus olhos. Um tiro no peito roubou sua vida, deixando-me em um estado de desolação absoluta.

Minha irmã, igualmente devastada, mergulhou em um estado de choque profundo. Ela não falava, não se movia. Ficou imóvel, deitada em uma cama de hospital, perdida em seu próprio tormento. 

Em um ato de desespero compartilhado, todos os Ristrettos se uniram em meio à dor, em uma tentativa desesperada de encontrar o corpo de Anastácia. Era um esforço coletivo para, ao menos, proporcionar-lhe um adeus digno. No entanto, fomos cruelmente confrontados pelo abismo vazio que se estendia diante de nós. Não havia corpo a ser encontrado, nenhum vestígio mortal para acalentar nossos corações dilacerados.

A vida perdeu todo o sentido desde a partida de Anastácia. 

Ela era tudo para mim, a luz que iluminava meus dias, a razão pela qual eu acreditava no amor. Agora, sinto-me preso em um mundo sem cor, imerso em uma tristeza que consome cada fibra do meu ser. A dor só aumenta com o tempo, transformando-se em uma ferida crua que nunca cicatriza. 

Tudo ao meu redor parece vazio, desprovido de sentido e propósito.

À noite, quando estou sozinho em meu quarto, a dor é ainda mais insuportável. É quando eu me permito chorar, deixando as lágrimas rolar livremente pelo meu rosto. Eu sinto falta de sua risada, de seu cheiro, de sua presença.