OS RISTRETTOS

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Anastácia Taylor

O homem que amo passou por coisas terríveis nas mãos de pessoas cruéis, enquanto eu vivia uma vida medíocre. Não desmereço as aulas de luta e tiro que fiz, nem o que aprendi com elas, mas temo que Nathaniel tenha passado por coisas demais para superar.

Desde que retornamos, ele tem se mantido distante e até recusou-se a entrar comigo até o altar, trocando de par no último minuto. Preciso descobrir o que está acontecendo, por quais motivos ele se afastou, e também devo revelar a ele sobre minhas próprias origens. Começo a procurá-lo na festa, vasculhando cada ambiente, mas não o encontro em lugar algum. 

Nath simplesmente desapareceu.

Enquanto observo os casais dançarem apaixonadamente, segurando uma taça de espumante, imagino como seria se eu e Nath estivéssemos ali, compartilhando aquele momento de amor e alegria. No entanto, sinto uma angústia crescente diante do comportamento estranho de Nathaniel, como se ele estivesse evitando a minha presença. 

Será que ele se arrependeu de me pedir em casamento? 

Uma onda de frustração toma conta de mim. Há apenas seis meses, nosso amor era inabalável, sem segredos ou reservas. Agora, tudo parece diferente, como se ele estivesse se escondendo de mim.

Meus pensamentos são abruptamente interrompidos quando sinto um impacto forte, fazendo com que minha bebida se derrame sobre minha roupa.

— Droga! — exclamo, irritada com a situação.

Dirijo meu olhar ao responsável pelo incidente e percebo que é Donato, o noivo, que aparenta estar excessivamente animado e claramente embriagado.

— Desculpa, Anastácia... — ele diz, retirando um lenço do bolso e tentando me ajudar a limpar a bebida derramada. — Estou um pouco tonto. — Sua fala soa arrastada e descompassada.

Sorrio de maneira amigável em resposta, enquanto ele ri junto comigo e me abraça.

— Tudo bem, você é o noivo, pode tudo hoje! — comento, afastando-me um pouco e dando um tapinha gentil em seu ombro.

— Há uma sala privativa aqui ao lado, onde eu me arrumei. Pode ir até lá para se limpar. — ele indica o caminho com um gesto.

 — Obrigada, Don. — agradeço, seguindo em direção à sala mencionada.

A sala privativa é ricamente decorada, com móveis de veludo que emanam uma sensação de conforto e sofisticação. Cortinas pesadas bloqueiam a luz externa, proporcionando um ambiente íntimo e acolhedor. A iluminação suave, proveniente de abajures estrategicamente posicionados, confere um brilho aconchegante ao espaço.

Ao acender as luzes, a sala é inundada por uma luminosidade suave, revelando todos os detalhes do ambiente. Observo os móveis elegantes, a lareira crepitante em um canto, emanando uma luz dourada e convidativa. As chamas dançam em sincronia, criando uma atmosfera calorosa e serena.

Enquanto me viro para desabotoar o vestido sujo, deixando-o cair no chão, sou surpreendida pela figura de Nathaniel sentado em uma poltrona, segurando um copo de uísque. O ambiente ao redor parece tenso, como se estivesse impregnado com as turbulências emocionais que o assolam. Seus olhos, carregados de conflito e tristeza, encontram os meus, revelando um misto de emoções complexas.

Meu corpo é tomado por um susto repentino, meus lábios se entreabrem em silêncio. Por um instante, o silêncio paira no ar, denso e opressivo, preenchido com inúmeras palavras não ditas. Ao fundo, as notas suaves da música da festa ecoam pelos corredores, criando uma trilha sonora melancólica para a nossa conversa interna.