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Megan Willians

Chegamos na pacata cidade de Winchester, onde cresci. É um lugar cheio de história, que abriga desde a Távola Redonda até o túmulo da maior escritora inglesa da história. Localizada a 100 km ao norte de Londres, às margens do Rio Itchen, com uma população de pouco menos de 50 mil habitantes. Confesso que, estando aqui, sinto um déjà vu.

Na verdade, esse é o termo que descreve exatamente minha reação psicológica, afinal, já estive neste lugar antes. Já convivi com as mesmas pessoas que me olhavam torto, me julgavam pelos meus cabelos vermelhos esvoaçantes, que saem do padrão da cidade. Mas, desta vez, não estou sozinha, trouxe minha família comigo.

Caminhamos distraídos pela cidade, com Nathaniel e Steve incomodando as freiras do convento local. Parecem estar em uma competição para ver quem consegue chamar mais atenção das irmãs com suas brincadeiras engraçadas e piscadelas maliciosas. Rio disso, observando que já fazem mais de três quadras que as freiras os seguem, rindo e retribuindo suas investidas charmosas.

Enquanto caminhamos pelas ruas de Winchester, vou mostrando aos meus amigos os lugares que marcaram minha infância. Conto histórias emocionantes e engraçadas sobre as aventuras que tive e como essas memórias ainda estão vivas em minha mente.

Ao desembarcar do avião, Nathaniel, insistiu em fazer um tour pela minha cidade natal, mesmo com Jane, não gostando muito da ideia. 

Jane detesta longas caminhadas, mas Nathaniel é persuasivo e insistiu bastante. 

Donato, também optou por apoiar o primo e adiar um pouco mais o encontro com a minha mãe.

Após cerca de uma hora caminhando pela High Street, a principal rua do centro da cidade, finalmente chegamos a uma cafeteria e entramos para fazer uma breve pausa. Jane estava insistindo que precisava descansar, e Anastácia estava faminta. Ao observar o local com calma, percebi ser um estabelecimento novo e aconchegante. A decoração era em tons de amarelo e vermelho sangue, o ambiente era arejado e bem iluminado, perfeito para reunir amigos. O cardápio era repleto de guloseimas, como tortas, salgados, sanduíches e bebidas quentes.

Ao adentrarmos na cafeteria, fui envolvida pelos aromas deliciosos de café recém-torrado e bolos frescos. Os móveis eram aconchegantes, com poltronas estofadas e mesas de madeira, decoradas com pequenos arranjos de flores coloridas. As paredes eram revestidas com papel de parede vintage, com padrões florais, remetendo a um estilo clássico e acolhedor.

Escolhemos uma mesa próxima à janela, que oferecia uma vista encantadora para a rua movimentada da cidadezinha. O sol da tarde iluminava o ambiente, criando uma atmosfera acolhedora e convidativa. Sentamos e começamos a folhear o cardápio, que apresentava uma variedade tentadora de opções.

Nathaniel, sempre o entusiasta da culinária, sugeriu experimentarmos os sanduíches de salmão defumado, que vinham acompanhados de uma generosa porção de batatas fritas crocantes. Jane, por sua vez, pediu um cappuccino duplo e um pedaço de bolo de chocolate com cobertura de ganache. Anastácia, como sempre, foi direto para o balcão de doces e escolheu um pedaço de torta de morango com chantilly.

Enquanto esperávamos nossos pedidos chegarem, sentamos em confortáveis poltronas vermelhas junto a uma grande janela de vidro que dava vista para a avenida movimentada. A garçonete, uma senhora de idade, nos serviu café enquanto anotava nossos pedidos.

— Sua cidade natal é encantadora — Disse Steve educadamente, olhando ao redor com interesse.

— Ele está sendo gentil, isso aqui é um buraco — Respondeu Jane com um tom de deboche, lançando um olhar lateral para Steve. Ele revirou os olhos em resposta.

— Eu só quero uma cama! — Exclamou Donato, suspirando.

— E eu quero café! — Disse Anastácia, sorrindo para a garçonete.

Steve dirigiu sua pergunta a mim:

— Tem certeza de que sua mãe não se importa de receber tantas pessoas? Podemos ficar em um hotel.

— Vocês vão me enlouquecer! Se comportem! — Respondi, rindo.

Todos rimos juntos, enquanto a garçonete saía para entregar nossos pedidos à cozinha, um pouco atordoada pela confusão que meus amigos haviam feito ao tentar escolher um prato do cardápio.

O aroma do café recém-torrado pairava no ar, misturando-se com o som das risadas e a animada conversa entre nós. Nathaniel, estava especialmente provocador naquela tarde. Seus olhares intensos e sorrisos sugestivos estavam direcionados para Anastácia, que estava visivelmente irritada.

— Nath, você está calado demais — comentei, observando-o enquanto nos olhava a loira com as sobrancelhas arqueadas.

— Estou cansado, Meg. — respondeu Nathaniel com um suspiro, mas seus olhos brilhavam com uma chama travessa.

— Deve estar mesmo, do meu quarto pude ouvir os gemidos da garota de vermelho que você encontrou no bar — Jane, provocou, com um sorriso malicioso.

Nathaniel revirou os olhos e balançou a cabeça, claramente se divertindo com a reação de todos.

— Nem colocando fones de ouvido consegui abafar os berros da garota. Você não sabe o que é discrição, não? — Anastácia, se intrometeu na conversa, lançando um olhar irritado para Nathaniel, em um tom ciumento.

Eu estava sentada ao lado de Donato, meu noivo, observando a dinâmica intrigante entre Nathaniel e Anastácia. Nathaniel riu, seu olhar travesso fixo em Anastácia. Era evidente que ele estava desfrutando da provocação e não tinha a menor intenção de recuar. Suspeitei que essa sempre fora sua intenção.

— Ah! Aninha, você está com ciúmes? — Nathaniel provocou, inclinando-se para mais perto dela, seu tom de voz suave e carregado de sugestão. Anastácia engoliu em seco, seu rosto corando enquanto sua timidez ficava evidente.

Nathaniel soltou uma risada, dando uma piscadela provocativa para Anastácia, o que a deixou ainda mais irritada. Donato olhou para Anastácia com expressão de surpresa, claramente notando sua reação. Eu também a observei com curiosidade, tentando entender o que estava acontecendo.

Nathaniel continuou suas provocações, fazendo brincadeiras sugestivas para Anastácia.

— Se quiser dormir no meu quarto esta noite, te mostro o motivo dos gemidos, Anastácia. Tenho certeza de que vai entender — provocou Nathaniel, sorrindo de forma sensual.

Anastácia ficou vermelha de raiva pelas brincadeiras de Nathaniel, e sua resposta foi afiada.

— O dia que eu for para o quarto com você, chamem um psiquiatra, porque com certeza eu enlouqueci — retrucou Anastácia, visivelmente irritada.

Donato soltou uma gargalhada, surpreso com a resposta de Anastácia, e Nathaniel ficou momentaneamente desafiado, seu sorriso provocador desaparecendo por um momento enquanto ele processava a resposta de Anastácia. A tensão no ar aumentou, e todos ficaram curiosos para ver como Nathaniel reagiria a esse desafio inesperado.

— Não ouse tirar a inocência da minha "barbie". — Jane falou em tom de ameaça, referindo-se à virgindade de Anastácia, e dirigiu um olhar desafiador a Nathaniel.

— Que inocência? Como assim? — Nathaniel, curioso, perguntou.

Anastácia ficou pálida, sem saber o que fazer, nesse momento, Steve, percebendo a situação delicada, fez um ruído com a garganta para chamar a atenção de todos. Os olhares se voltaram para ele, e ele decidiu mudar de assunto, tentando amenizar a situação.

— Já escolheram a data para o casamento? — Pergunta Steve, tentando desviar o foco do constrangimento.

— Na verdade, o casamento da Cristina e do Augusto é no próximo mês. Então, estamos pensando em dezembro para o nosso casamento, já que até lá as reformas que planejamos para a nossa casa estarão concluídas. — Respondi, tentando dissipar o clima desconfortável.

— Dezembro é perfeito, é o mês mais lindo do ano. — Acrescentou Steve, sorrindo.

— Eu concordo, Meg. — Disse Anastácia timidamente, tentando participar da conversa.

Comemos rapidamente e Steve pagou a conta, deixando uma generosa gorjeta para a garçonete. Em seguida, pegamos dois táxis para irmos juntos à fazenda da minha mãe. Meu coração estava acelerado, ansiosa para ver minha mãe depois de tanto tempo.

Assim que chegamos ao portão de madeira da fazenda, meu coração começou a bater mais rápido. Eu o abri devagar, revelando o caminho que levava à casa onde cresci. A emoção tomou conta de mim quando avistei minha mãe correndo em minha direção. Seus olhos estavam marejados e seu sorriso era a coisa mais linda que eu já vi. Ela era a pessoa mais importante da minha vida, e o reencontro era tão esperado que as lágrimas vieram aos meus olhos.

— Megan, minha querida! — Exclamou minha mãe, me abraçando com força.

Minhas pernas fraquejaram, e eu me entreguei ao abraço apertado de minha mãe, sentindo sua presença reconfortante. As lágrimas rolavam pelo meu rosto, e eu não conseguia conter a emoção. O tempo que passamos separadas havia sido difícil, e finalmente estar de volta à fazenda, com minha mãe ali, era um momento que tocou profundamente meu coração.

— Mãe, também estava morrendo de saudades! — Digo, com a voz embargada pelas lágrimas, retribuindo o abraço com a mesma intensidade.

O olhar amoroso de minha mãe se encontrou com o meu, e nós duas ficamos ali, abraçadas, em silêncio, compartilhando o amor e a saudade que sentíamos uma pela outra. A presença dos meus amigos ao meu redor tornou aquele momento ainda mais especial. Eu sentia-me grata por ter pessoas tão especiais em minha vida, que me apoiavam em todos os momentos, inclusive nesse reencontro tão emocionante.

— E todas essas pessoas, quem são? — Mamãe fala abrindo um sorriso sincero e olhando com carinho para todos os meus amigos, que começam a se aproximar.

Eu começo a chorar, minha mãezinha está bem. Depois de vê-la sofrer tanto, tentar o suicídio, passar pela depressão, vê-la agora feliz faz meu coração acelerar. Finalmente, a sensação de perda foi embora. Não é um dejavu, na verdade, estou em casa e estou feliz.

— Senhora Willians, eu me chamo Donato Moretti, eu vim aqui pedir permissão para casar com sua filha. — Donato se apresenta de forma galante, e vejo mamãe o encarar de cima a baixo. Talvez eu tenha esperado que ele fizesse o pedido mais tarde, durante o jantar, mas acredito que ele não aguentou a ansiedade. Ele é alto, bonito, misterioso e charmoso, e mamãe parece impressionada.

— Então, este jovem bonito vai ser meu filho, Megan? — Mamãe pergunta, olhando para ele com um sorriso sincero e um brilho de curiosidade em seus olhos. Ela olha para todos os meus amigos, que estão se aproximando, e depois volta seu olhar para Donato.

— Sim, mamãe. — Respondo, minha voz embargada pela emoção. Meus olhos se enchem de lágrimas de felicidade enquanto vejo mamãe sorrir e abraçar Donato com carinho. É um momento mágico, em que todas as dores do passado desaparecem e vejo um futuro cheio de amor e felicidade à minha frente. Estou grata por ter minha mãe ao meu lado, feliz e saudável, e por encontrar alguém tão especial como Donato para compartilhar minha vida. É um momento que vou guardar para sempre em meu coração, como um símbolo de superação, esperança e amor.

— Pode me chamar de Gladis, meu filho. — Mamãe diz, ainda abraçando Donato com carinho. Os olhos dela estão marejados de emoção, assim como os meus. É um momento especial, ver minha mãe aceitando Donato de braços abertos.

Os outros amigos também se apresentam à minha mãe, cumprimentando-a com respeito. Anastácia é a próxima a se aproximar, com um sorriso gentil no rosto.

— É um prazer conhecê-la, senhora Willians. Sou Anastácia, amiga de Megan.

— O prazer é meu, Anastácia. Fico feliz em conhecer os amigos da minha filha. — Mamãe responde, com um olhar carinhoso para Anastácia.

Eu estava ansiosa para o reencontro com Nathaniel, Jane e Steve, meus amigos de infância, e finalmente chegamos à casa da minha mãe, que ficava em uma linda fazenda. Assim que chegamos, mamãe nos recebeu calorosamente, abraçando a cada um de nós com carinho e expressando sua gratidão por cuidarem de mim durante a minha ausência. Eu podia ver a emoção em seus olhos enquanto nos cumprimentava.

Depois das apresentações, mamãe nos guiou até a casa, mostrando-nos os detalhes da propriedade, que eu conhecia bem da minha infância. Ela colocou eu e as meninas no meu antigo quarto, que estava exatamente como me lembrava, com as paredes decoradas com fotos antigas e objetos que me traziam lembranças afetuosas. Os meninos ficaram no quarto de visitas, e todos estávamos animados para passar alguns dias juntos novamente, em um lugar tão especial.

Decidimos ajudar mamãe a preparar o jantar, afinal, a fazenda sempre foi um lugar onde a comida era feita com amor. Enquanto mamãe cortava os ingredientes frescos da horta, nós lavávamos os legumes e arrumávamos a mesa de jantar com toalhas de linho e arranjos de flores silvestres. A cozinha estava repleta de aromas deliciosos e risadas contagiantes enquanto trabalhávamos juntos, relembrando velhas histórias e compartilhando nossas aventuras mais recentes.

Depois do jantar, nos dividimos nas tarefas de limpeza. Eu e as meninas cuidamos da cozinha, lavando os pratos e guardando os ingredientes, enquanto os meninos cuidavam da lareira, garantindo que a sala de estar estivesse aconchegante com o crepitar das chamas.

— Eles parecem bons meninos. — Mamãe comenta, observando os meus amigos.

— São os melhores, mamãe. Você não tem ideia do quanto são especiais. — Respondo, orgulhosa dos meus amigos.

Sinto braços fortes e quentes me abraçando por trás, e reconheço o perfume familiar. É ele, Donato. Seu aroma está marcado em minha memória, e consigo visualizar seu sorriso com covinhas claramente.

— Ela está sendo muito gentil, Gladis. Sua filha é um presente divino para todos nós, principalmente para mim. — Donato diz com ternura, olhando para minha mãe.

Minha mãe sorri e acaricia a mão de Donato, emocionada. Eu não consigo conter as lágrimas de felicidade ao ver o quanto minha mãe e meu amado Donato se dão bem. É um momento emocionante, ver as pessoas que amo se conectando e compartilhando alegria. Meu coração transborda de gratidão e amor, e sinto que tudo está se encaixando perfeitamente em meu mundo. É um momento que vou guardar para sempre em minha memória, como uma lembrança preciosa de amor e felicidade.

Mamãe se junta a nós, abraçando com carinho Donato e eu, e novamente seus olhos estão marejados. Acredito que seu coração está aquecido de saudades.

— Ah, meus queridos! Como é bom estar com vocês. — Ela diz com voz emocionada, apertando-nos em um abraço afetuoso. — então, meus filhos, eu vou descansar. Na minha idade, não podemos ficar acordados após às dez horas. — Ela diz com um sorriso cansado, mas cheio de amor.

Vejo aquela senhorinha que me criou subindo as escadas cuidadosamente, apoiando-se no corrimão. Donato, meu noivo e companheiro de todas as aventuras, me abraça apertado, como se soubesse que esses momentos são preciosos. Eu aproveito para observar todos os meus amigos deitados em frente à lareira, jogando um jogo com uma garrafa. A chama da lareira ilumina seus rostos sorridentes, e o calor do fogo aquece nossos corações.

— Eles estão jogando um jogo de adolescentes que costumávamos jogar no ensino médio. Os participantes precisam decidir entre Verdade, respondendo a uma pergunta de forma sincera, ou Desafio, fazendo alguma atividade que for mandada. Parece que foi ideia do Nath. Ele ainda não desistiu de saber o que a Jane quis dizer com inocência. — Ele comenta, rindo.

— Vamos lá salvar nossa Barbie então. — Digo, animada para participar das brincadeiras.

— Eu também estou curioso. — Diz Donato, sorrindo empolgado.

— Não ouse, Donato Moretti. — Digo, fingindo indignação, mas secretamente ansiosa para ver o desenrolar do jogo.

Donato sorri de forma travessa, me dá um beijo na bochecha e então nos juntamos aos outros no chão, ao redor da lareira. Sentamos com os meninos, formando um círculo, e colocamos uma garrafa de tequila no centro. Era uma tradição antiga dos rapazes girar a garrafa e quem ela apontasse teria que escolher entre responder uma pergunta verdadeira ou cumprir um desafio. Dessa vez, era a vez de Donato girar a garrafa e ele escolheu Steve.

— Verdade ou desafio? — Perguntou Donato, com um sorriso travesso no rosto.

Steve, não hesitou e respondeu prontamente:

— Desafio! — disse ele, mostrando confiança.

Donato pareceu pensar por um momento, e então lançou o desafio:

— Ligue para uma lanchonete ou pizzaria e tente desabafar com o atendente, dizendo que está apaixonado por alguém.

Todos na roda ficaram surpresos com o desafio de Donato, incluindo eu. Jane foi a primeira a reagir.

— Caralho Donato, esperava algo assim de Nathaniel, não de você. — Disse Jane, provocando risadas entre nós.

Donato riu e respondeu à provocação de Nathaniel:

— Quer trocar por verdade?

Steve, porém, estava determinado a cumprir o desafio proposto por Donato.

— Não, eu vou ligar. — Disse Steve, endireitando sua postura e discando para uma lanchonete qualquer.

Todos nós observamos atentamente quando alguém atendeu do outro lado da linha, curiosos para ver como Steve lidaria com o desafio proposto por Donato.

— Veneza Pizzaria, me chamo Kyle, como posso te ajudar? — Disse o atendente.

Steve parecia nervoso, mas ele levou o desafio a sério e começou a falar com sinceridade.

— Olá, Kyle. Me chamo Steve. Neste momento, estou me sentindo terrível, como se fosse um monstro miserável. Estou apaixonado por alguém, mas não tenho coragem de confessar. Sinto-me perdido e confuso. — Desabafou Steve, revelando sua angústia na voz.

A expressão de surpresa e compaixão de Kyle era evidente mesmo à distância, e isso nos fez ficar em silêncio, prestando atenção na conversa.

— Compreendo, senhor. É normal ter medo de expressar sentimentos. Mas lembre-se de que é importante ser verdadeiro consigo mesmo e com os outros. Tenha coragem e siga seu coração — Disse Kyle, em um tom gentil e encorajador.

Steve parecia hesitar por um momento, mas em seguida começou a falar com sinceridade, sua voz carregada de emoção.

— Kyle, me escute. Eu estou perdidamente atraído por uma garota. Passo todos os segundos do dia pensando nela e, no restante, a encaro escondido feito um psicopata. É incrível e desesperador ao mesmo tempo. Sinto as famosas "borboletas" no estômago, mas também perco o controle sobre minhas atitudes e sentimentos. Estou mais próximo dela do que deveria, criando mil e um cenários em minha mente. O que eu devo fazer? — Desabafou Steve, revelando sua paixão e dilema.

Nós ficamos em silêncio, ouvindo a conversa de Steve com atenção. Donato e Nathaniel trocaram olhares preocupados, enquanto Jane colocou a mão no próprio coração, mostrando empatia. Eu senti um aperto no peito, imaginando o que Steve estava passando.

— Conte para ela, senhor Steve. Ela pode sentir o mesmo. — Sugeriu Kyle, o atendente, em um tom de encorajamento.

Com a ligação encerrada, Steve desligou o telefone com um suspiro profundo. Eu pude ver a angústia em seu rosto enquanto ele processava suas próprias palavras. A expressão preocupada de Donato, a surpresa de Nathaniel e a compreensão de Jane eram reflexos dos sentimentos que eu também compartilhava. Meu coração se partia ao ver meu amigo lutando com sua situação complicada.

Steve guardou o celular e olhou para a garrafa no centro da mesa. O silêncio pairava no ar, carregado de tensão e emoção. Nós todos observamos em silêncio, esperando para ver qual seria o próximo passo de Steve.

Ele respirou fundo e deu um giro na garrafa, que rodopiou rapidamente antes de parar, apontando para Nathaniel. Steve olhou para o amigo com um sorriso triste, como se tentasse disfarçar sua dor.

Nathaniel suspirou e deu de ombros, prontamente respondendo ao desafio proposto pela garrafa. Mas eu podia perceber que ele também estava preocupado com Steve, assim como todos nós.

— Verdade ou desafio? — Perguntou Steve, com um sorriso travesso no rosto, enquanto a garrafa parava em Nathaniel.

Nathaniel arregalou os olhos, surpreso com a pergunta de Steve.

— Verdade! — Respondeu Nathaniel, visivelmente curioso para saber o que Steve iria perguntar.

Steve não perdeu tempo e foi direto ao ponto.

— Verdade que você pechou o carro do Don e não eu, como vem mentindo para ele todos esses anos? — Perguntou Steve, com um sorriso maroto no rosto.

Eu não consegui conter a risada, achando tudo aquilo extremamente engraçado. Nathaniel coçou a cabeça, parecendo desconfortável com a pergunta.

— Verdade. — Admitiu Nathaniel, levantando as mãos em rendição, enquanto Donato o encarava com uma expressão indignada.

Donato soltou um resmungo, visivelmente frustrado.

— Eu vou te matar, Nathaniel! — Exclamou Donato, fingindo estar irritado, mas com um leve sorriso no canto dos lábios.

Nathaniel apenas riu e deu de ombros.

— Minha vez de girar a garrafa. — Disse Nathaniel, ignorando totalmente Donato, como se nada tivesse acontecido. Eu não conseguia parar de rir, achando a situação hilária.

A garrafa parou na frente de Anastácia, e ela olhou para Nathaniel com um sorriso travesso.

— Droga! — Exclamou Anastácia, percebendo ser a próxima a escolher entre verdade ou desafio.

— Ora, ora! Mais uma vez nós dois. — Provocou Nathaniel, com um sorriso malicioso no rosto, olhando diretamente para Anastácia.

Eu, Megan, apenas observava a cena, curiosa para ver como Anastácia reagiria ao desafio. A expressão dela era de timidez e constrangimento, mas havia também uma pitada de excitação em seu olhar.

— Eu não vou falar verdade, então manda o desafio. — Respondeu Anastácia, sua voz um pouco trêmula.

Nathaniel sorriu ainda mais e olhou para os outros ao redor, antes de se levantar e caminhar até o quarto, com um olhar de deboche.

— Você vai entrar comigo no quarto e permanecer por cinco minutos. — Disse ele, com um tom de voz provocativo, olhando diretamente para Anastácia.

Anastácia ficou corada, mas concordou em cumprir o desafio. Ela seguiu Nathaniel até o quarto, enquanto eu e os outros jogadores, observávamos ansiosos, imaginando o que poderia acontecer lá dentro. Antes de fechar a porta, Nathaniel soltou uma risadinha debochada e lançou um olhar provocador para todos nós.

— Liguem para um psiquiatra, estou levando a Barbie para o quarto. — Disse ele, com um sorriso sarcástico, antes de fechar a porta.

A porta do quarto se fechou atrás deles, deixando-nos do lado de fora, ansiosos para saber o que aconteceria.

Todos riram com o comentário de Nathaniel, enquanto esperávamos impacientes do lado de fora, imaginando o que estaria acontecendo lá dentro. O clima estava tenso e excitante em simultâneo, e eu estava curiosa para ver como Anastácia lidaria com o desafio e qual seria sua reação ao sair do quarto.


Lia: Chegamos ao momento final de "Prazer Sem Igual" e o início de "Doce Vingança". Mas antes de prosseguirmos, quero reforçar que a história do casal Megan e Donato ainda terá mais um capítulo emocionante, e que essa relação continuará a se desenvolver nos próximos livros, trazendo ainda mais intensidade. Portanto, fiquem atentos, curtam e comentem, pois o desfecho dessa história promete ser surpreendente. Agora, sem mais delongas, vamos mergulhar no capítulo final!

OS RISTRETTOSOnde histórias criam vida. Descubra agora