Cap 30

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Começamos a rir tão alto que não acreditava que aqueles dois ainda dormiam. Miguel e Edu terminaram de tomar café e foram embora. Arrumei a cozinha com a ajuda do meu primo e ele se sentou no sofá, fui e me sentei do lado dele me ajeitei, coloquei uma almofada no colo dele e deitei. Ele começou a passar a mão nos meu cabelos e tirou meus óculos.

- Ta com frio? - perguntou ele.

- Não. - disse sorrindo - Pensei que já estivesse acostumado com a minha pele gelada cara.

- Ah você é a única da família que é geladinha assim no calor e no frio fica quente, vai te entender. - falou ele desviando o olhar.

- Cara é porque eu "não sou da sua família" lembra - acabei rindo da cara que ele fez.

- Acho fofo você nunca ter se incomodado com isso.

- Eu me incomodei sim, mas eu não tinha ninguém naquela época, vocês estavam todos viajando ou ocupados com suas namoradas e o cara que era para estar do meu lado estava cansado de desperdiçar a vida dele do meu lado. - falei abraçando a outra almofada.

- Como foi? - perguntou ele me fitando.

- Você lembra que sua namorada te chamou para viajar, e logo todo mundo resolveu sair para fazer alguma coisa, era sexta-feira de manhã e a casa estava vazia o eco era inevitável. Ouvi meus pais conversando com alguém e dava para ouvir as outras duas vozes, eles estavam conversando pelo skype. Eu então desci as escadas e fiquei na porta secundaria do escritório, e comecei a ouvir "ela é minha filha de sangue, sei que você a criou Carlos Eduardo, mas ela tem o direito de saber a verdade nós temos o direito de fazer parte da vida dela" então minha mãe perguntou o porque daquilo aquela hora e tudo foi me invadindo como uma faca no peito, uma não várias, cada verdade que eu ouvia, era uma faca entrando. - disse já com os olhos cheios de lágrimas.

Ele ficou me olhando esperando que eu continuasse, respirei e me sentei ao seu lado encolhida segurando minhas pernas.

- Uma das coisas piores foi a minha mãe verdadeira falando, "ela nasceu de mim, eu deixei vocês criarem por conta das coisas que íamos encarar e vocês sempre tiveram condições melhores que a gente e sabia que vocês iam poder dar tudo para ela e sei que a criaram muito bem, mas eu quero poder chama-la de filha também". Sabe eu congelei e fiquei só ouvindo eles discutindo sobre mim como se eu fosse uma obra de arte que alguém pediu para guardar, era horrível. Só sei que eles desligaram e eu continuei paralisada, meu pai abriu a porta e ficou sem reação tentou falar comigo, mas eu só consegui correr de volta pro meu quarto e me tranquei lá, fiquei lá por um bom tempo, meu celular tocou e era o Gustavo, chorava muito e ele nem ligou apenas disse que não íamos nos ver durante o final de semana todo, eu chorei mais ainda, implorei muito pela companhia dele, mas ele me ignorou e desligou. - eu abaixei a cabeça.

- Sinto muito por não ter estado presente. - disse ele colocando a mão no meu pé. - Porque você não me ligou?

- Mas eu liguei e várias vezes, chamava e alguém atendia e desligava, as vezes só desligava. Então eu fiquei trancada até a segunda-feira no meu quarto, quando o David o nosso primo foi lá arrombar a porta do meu quarto e me encontrou desmaiada perto das janelas, eu acordei com um médico do meu lado e ele segurando minha mão, eu pedi para ele nunca contar para ninguém. - olhei para ele e sorri.

...

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